Fagundes Varela: vida, obra e estilo literário
Fagundes Varela foi um poeta da Segunda Geração do Romantismo brasileiro.
Quem foi
Luiz Nicolau Fagundes Varela, conhecido apenas como Fagundes Varela, foi um poeta brasileiro da segunda metade do século XIX. É considerado um dos principais escritores da Segunda Geração do Romantismo brasileiro.
Cursou Direito no Largo São Francisco e também na Faculdade de Direito do Recife, porém não se formou na área jurídica, pois costumava dizer que não servia para "ser doutor". Seu interesse, desde jovem, era a poesia e a Literatura.
Fagundes era filho de Emília de Andrade e do magistrado Emiliano Fagundes Varela, ambos fluminenses e de famílias tradicionais da região. O bisavô de Fagundes Varela era o Barão de Rio Claro.
Varela nasceu em 17 de agosto de 1841, na cidade de São João Marcos (Rio de Janeiro). Faleceu em Niterói (Rio de Janeiro), em 18 de fevereiro de 1875. Viveu pouco e morreu ainda jovem, no auge de seus 33 anos. Fagundes é patrono na Academia Brasileira de Letras e considerado um destaque no mundo poético brasileiro.
Biografia resumida
Fagundes varela nasceu em São João Marcos (RJ) em 17 de agosto de 1841.
Entre os anos de 1761 a 1768, viveu em Paris entre seus 20 e 27 anos.
No ano de 1761, casou-se com Alice Guilhermina Luande, de família circense. Teve um filho com Alice, que faleceu aos três meses de vida. A morte de seu filho foi a inspiração necessária para o ‘Cântico do Calvário”. E, mesmo tendo sido escrito quando o autor tinha apenas 20 anos, o poema é considerado de máxima expressão e um clássico da Literatura Brasileira.
Retornou ao Brasil, em 1768, e casou-se com sua prima, Maria Belisária de Brito Lambert, com quem teve 3 filhos, duas garotas e um garoto, que também faleceu de maneira prematura.
Em 18 de fevereiro de 1875, após uma vida boêmia, faleceu aos 33 anos em Niterói, após ter vivido às custas do pai.
Fagundes Varela: um dos grandes nomes da poesia brasileira do século XIX. |
Principais características de seu estilo literário:
• Fez parte da 2.ª Geração do Romantismo.
• Presença, em suas poesias, da lírica bucólica.
• Valorização dos elementos da natureza.
• Fagundes Varela, em muitas poesias, expressa sentimentos típicos da 2.ª Geração Romântica: tristeza, solidão, saudades, melancolia, sensação e atração pela morte.
• Assim como outros escritores românticos brasileiros, Varela manifesta um forte sentimento nacionalista em sua obra, valorizando a cultura e a natureza brasileiras.
• Abordou os temas da escravidão e das condições de vida dos escravizados brasileiros, principalmente no poema Mauro, o escravo, publicado no livro Vozes da América: poesias de 1864.
Principais obras de Fagundes Varela:
- Noturnas (1861)
- Cântico do Calvário (1863)
- O Estandarte Auriverde (1863)
- Vozes da América (1864)
- Cantos e Fantasias (1865)
- Cantos Meridionais (1869)
- Cantos do Ermo e da Cidade (1869)
- Anchieta ou Evangelho na Selva (1875)
- Cantos Religiosos (organizado em 1878, pelo amigo Otaviano Hudson).
- Diário de Lázaro (organizado em 1880).
Curiosidade:
- Fagundes Varela ocupa a cadeira de número 11 na ABL (Academia Brasileira de Letras).
Exemplo de uma poesia de Fagundes Varela:
TRISTEZA
Minh'alma é como o deserto
De dúbia areia coberto,
Batido pelo tufão;
como a rocha isolada
Pelas espumas banhada,
— Dos mares na solidão. —
Nem uma luz de esperança,
Nem um sopro de bonança
Na fronte sinto passar!
Os invernos me despiram,
E as ilusões que fugiram
Nunca mais hão de voltar!
Roem-me atrozes ideias,
A febre me queima as veias,
A vertigem me tortura!...
Oh! por Deus! quero dormir,
Deixem-me os braços abrir
Ao sono da sepultura!
Despem-se as matas frondosas,
Caem as flores mimosas
Da morte na palidez:
Tudo, tudo vai passando,
Mas eu pergunto chorando
— Quando virá minha vez?
Vem, oh virgem descorada,
Com a fronte pálida ornada
De cipreste funerário,
Vem! oh quero nos meus braços
Cerrar-te em meigos abraços
Sobre o leito mortuário!
Vem oh morte! a turba imunda,
Em sua miséria profunda,
Te odeia, te calunia,
— Pobre noiva tão formosa
Que nos espera amorosa
No termo da romaria.
Quero morrer, que este mundo
Com seu sarcasmo profundo
Manchou-me de lodo e fel;
Porque meu seio gastou-se,
Meu talento evaporou-se
Dos martírios ao tropel!
Quero morrer: não é crime
O fardo que me comprime
Dos ombros lançar ao chão,
Do pó desprender-me rindo
E as asas brancas abrindo
Lançar-me pela amplidão!
Oh! quantas loiras crianças
Coroadas de esperanças
Descem da campa à friez!...
Os vivos vão repousando
Mas eu pergunto chorando:
— Quando virá minha vez? —
Minh'alma é triste, pendida,
Como a palmeira batida
Pela fúria do tufão;
É como a praia que alveja;
Como a planta que viceja
Nos muros de uma prisão!
Autor: Fagundes Varela / São Paulo — 1861.
Artigo publicado em 12/09/2018
Por Elaine Barbosa de Souza
Graduada em Letras (Português e Inglês) pela FMU (2002).
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