Santo Agostinho
Santo Agostinho foi um filósofo e teólogo cristão do início do cristianismo.

Quem foi
Aurélio Agostinho, o Santo Agostinho de Hipona foi um importante bispo cristão e teólogo. Nasceu na região norte da África em 354 e morreu em 430. Era filho de mãe que seguia o cristianismo, porém seu pai era pagão. Logo, em sua formação, teve importante influência do maniqueísmo (sistema religioso que une elementos cristãos e pagãos).
Biografia resumida
Santo Agostinho ensinou retórica nas cidades italianas de Roma e Milão. Nesta última cidade teve contato com o neoplatonismo cristão.
Viveu num monastério por um tempo. Em 395, passou a ser bispo, atuando em Hipona (cidade do norte do continente africano). Escreveu diversos sermões importantes. Em “A Cidade de Deus”, Santo Agostinho combate às heresias e a paganismo. Na obra “Confissões” fez uma descrição de sua vida antes da conversão ao cristianismo.
Santo Agostinho analisava a vida considerando a psicologia e o conhecimento da natureza. Porém, o conhecimento e as ideias eram de origem divina.
Para o bispo, nada era mais importante do que a fé em Jesus e em Deus. A Bíblia, por exemplo, deveria ser analisada, levando-se em conta os conhecimentos naturais de cada época. Defendia também a predestinação, conceito teológico que afirma que a vida de todas as pessoas é traçada anteriormente por Deus.
As obras de Santo Agostinho influenciaram muito o pensamento teológico da Igreja Católica na Idade Média. Escreveu, principalmente, sobre Ética, Metafísica, Política, Exegese Bíblica e Retórica.
Morreu em 28 de agosto (dia suposto) de 420, durante um ataque dos vândalos (povo bárbaro germânico) ao norte da África.
Santo Agostinho é considerado o santo protetor dos teólogos, impressores e cervejeiros. Seu dia é 28 de agosto, dia de sua suposta morte.
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Agostinho de Hipona (Santo Agostinho): um dos principais filósofos cristãos da Antiguidade. |
Principais ideias e pensamentos da filosofia de Santo Agostinho:
1. Pecado Original e Graça: Agostinho acreditava que todos os seres humanos nascem com pecado original por causa da desobediência de Adão e Eva a Deus no Jardim do Éden. Ele argumentou que os humanos são fundamentalmente falhos e incapazes de alcançar a retidão por conta própria. Portanto, a graça de Deus é necessária para a salvação. Essa noção se tornou um princípio central de muitas denominações cristãs.
2. Predestinação: ligado a seus pontos de vista sobre a graça, Agostinho propôs a doutrina da predestinação. Ele sustentou que Deus, sendo onisciente, sabe quem vai e quem não vai alcançar a salvação mesmo antes de seu nascimento. Isso não nega o livre arbítrio, mas a presciência de Deus abrange as escolhas que os indivíduos farão livremente.
3. Fé e Razão: Agostinho argumentou que fé e razão não são contraditórias, mas complementares. Segundo ele, a fé é necessária para entender as verdades divinas, mas a razão também pode ajudar na compreensão e interpretação da revelação de Deus. Sua famosa frase "fé buscando entendimento" resume essa visão.
4. Cidade de Deus: em sua obra "A Cidade de Deus", Agostinho diferencia entre a Cidade de Deus (representando aqueles que se dedicam às verdades eternas de Deus) e a Cidade do Homem (representando aqueles dedicados a assuntos mundanos e temporais). Ele argumentou que a verdadeira paz e justiça são encontradas na Cidade de Deus, não em cidades ou impérios terrestres.
5. Confissões: em sua obra autobiográfica "Confissões", Agostinho desenvolveu a ideia da consciência introspectiva. Ele retratou a jornada da mente para dentro como um caminho para Deus, e viu a experiência pessoal e a memória como críticas para a compreensão de si mesmo e de seu relacionamento com Deus.
6. Livre-arbítrio e Mal: Agostinho defendeu a noção de livre-arbítrio e a usou para explicar a presença do mal no mundo. Ele argumentou que Deus deu aos humanos o livre arbítrio, e o mal surge do mau uso dessa liberdade, não da criação de Deus.
7. Teoria da Guerra Justa: Agostinho contribuiu para o que mais tarde se desenvolveu como a "Teoria da Guerra Justa". Ele argumentou que a guerra poderia ser justificada se fosse travada como último recurso, conduzida por uma autoridade legítima e destinada a estabelecer a paz.
Algumas obras de Santo Agostinho:
- Da Doutrina Cristã (397-426)
- Confissões (397-398)
- A Cidade de Deus (413-426)
- Da Trindade (400-416)
- Retratações
- De Magistro
- Conhecendo a si mesmo
Frases e Pensamentos de Santo Agostinho:
- "Se dois amigos pedirem para você julgar uma disputa, não aceite, pois você irá perder um amigo. Porém, se dois estranhos pedirem a mesma coisa, aceite, pois você irá ganhar um amigo".
- "Milagres não são contrários à natureza, mas apenas contrários ao que entendemos sobre a natureza".
- "Certamente estamos na mesma categoria das bestas; toda ação da vida animal diz respeito a buscar o prazer e evitar a dor".
- "Se você acredita no que lhe agrada nos evangelhos e rejeita o que não gosta, não é nos evangelhos que você crê, mas em você".
- "Ter fé é acreditar nas coisas que você não vê; a recompensa por essa fé é ver aquilo em que você acredita".
- "A pessoa que tem caridade no coração tem sempre qualquer coisa para dar".
- "A confissão das más ações é o passo inicial para a prática de boas ações".
- "A verdadeira medida do amor é não ter medida".
- "Orgulho não é grandeza, mas inchaço. E o que está inchado parece grande, mas não é sadio".
Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
Temas relacionados
Bibliografia e vídeos indicados:
- STRATHERN, Paul. Santo Agostinho em 90 minutos. São Paulo: Zahar, 2018.
Fonte de referência do texto:
- BELO, Renato dos Santos. 360° Filosofia – História e Dilemas. São Paulo: Editora FTD, 2015.
Vídeo indicado no YouTube:
- Santo Agostinho (resumo) | FILOSOFIA - Canal Conceito Ilustrado