História da Páscoa
A Páscoa é uma das datas mais importantes do calendário cristão. Ela também é comemorada pelos judeus.
As origens do termo
A Páscoa é uma das datas comemorativas mais importantes entre as culturas ocidentais. A origem desta comemoração remonta muitos séculos atrás. O termo “Páscoa” tem uma origem religiosa que vem do latim Pascae. Na Grécia Antiga, este termo também é encontrado como Paska. Porém, sua origem mais remota é entre os hebreus, onde aparece o termo Pesach, cujo significado é passagem.
A Páscoa entre as civilizações antigas
Historiadores encontraram informações que levam a concluir que uma festa de passagem era comemorada entre povos europeus há milhares de anos. Principalmente na região do Mediterrâneo, algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera, durante o mês de março. Geralmente, esta festa era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Entre os povos da Antiguidade, o fim do inverno e o começo da primavera eram de extrema importância, pois estava ligado a maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que castigava a Europa, dificultando a produção de alimentos.
A Páscoa Judaica
Entre os judeus, esta data assume um significado muito importante, pois marca o êxodo deste povo do Egito, por volta de 1.250 a.C., onde foram aprisionados pelos faraós durante vários anos. Esta história encontra-se no Velho Testamento da Bíblia, no livro Êxodo. A Páscoa Judaica também está relacionada com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, onde, liderados por Moisés, fugiram do Egito.
Nesta data, os judeus fazem e comem o matzá (pão sem fermento) para lembrar a rápida fuga do Egito, quando não sobrou tempo para fermentar o pão.
Mesa preparada para a Páscoa Judaica, a Pessach. |
A História do coelhinho da Páscoa e os ovos
A figura do coelho está simbolicamente relacionada a esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.
Mas o que a reprodução tem a ver com os significados religiosos da Páscoa? Tanto no significado judeu quanto no cristão, esta data relaciona-se com a esperança de uma vida nova. Já os ovos de Páscoa (de chocolate, enfeites, joias), também estão neste contexto da fertilidade e da vida.
A figura do coelho da Páscoa foi trazida para a América pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e início do XVIII.
A Páscoa entre os cristãos ocidentais
Entre os primeiros cristãos, esta data celebrava a ressurreição de Jesus Cristo (quando, após a morte, sua alma voltou a se unir ao seu corpo). O festejo era realizado no domingo seguinte a lua cheia posterior ao equinócio da Primavera (21 de março). Ainda hoje, os cristãos celebram a Páscoa valorizando e enfatizando a importância da ressurreição de Jesus Cristo.
Entre os cristãos, a semana anterior à Páscoa é considerada como Semana Santa. Esta semana tem início no Domingo de Ramos que marca a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém.
Ressurreição de Cristo, obra do pintor italiano renascentista Rafael Sanzio (1499 - 1502): o verdadeiro significado da Páscoa entre os cristãos. |
A Páscoa entre os cristãos ortodoxos
A Páscoa na tradição cristã ortodoxa, conhecida como Páscoa, é celebrada com uma variedade de rituais ricos e profundamente simbólicos, refletindo a importância da Ressurreição de Jesus Cristo na teologia ortodoxa. Aqui estão alguns aspectos-chave de como os cristãos ortodoxos celebram a Páscoa:
• Semana Santa: a semana que antecede a Páscoa, conhecida como Semana Santa, é marcada por serviços diários. Inclui observâncias específicas, como a Quarta-feira Santa (unção com óleo), Quinta-feira Santa (comemoração da Última Ceia) e a Sexta-feira Santa (luto pela crucificação de Cristo).
• Sexta-feira Santa: os cristãos ortodoxos observam a Sexta-feira Santa com solenidade, muitas vezes com a veneração do epitáfio, um ícone que representa o sepultamento de Cristo.
• Serviço da Meia-Noite: o serviço da Páscoa começa tarde na noite de Sábado Santo e continua nas primeiras horas do domingo de manhã. Este serviço, conhecido como Vigília Pascal, é o ponto alto do ano litúrgico ortodoxo.
• A Saudação Pascal: "Cristo ressuscitou!" – "Verdadeiramente Ele ressuscitou!" é uma saudação tradicional trocada entre os cristãos ortodoxos durante a temporada da Páscoa, refletindo a celebração jubilosa da ressurreição de Cristo.
• A Homilia Pascal: a homilia de São João Crisóstomo é tradicionalmente lida durante o serviço. Ela convida todos a celebrarem a festa, independentemente de sua preparação.
• Procissão Pascal: em muitas igrejas ortodoxas, a congregação participa de uma procissão ao redor da igreja, simbolizando a jornada das mulheres que levavam mirra ao Túmulo de Jesus e o anúncio jubiloso da Ressurreição.
• Quebra do Jejum: após o serviço da meia-noite, realiza-se um banquete. Os cristãos ortodoxos quebram seu jejum quaresmal com uma refeição que muitas vezes inclui alimentos que foram proibidos durante a Quaresma, como carne, laticínios e ovos.
• Divina Liturgia Pascal: a liturgia do Domingo de Páscoa é alegre e festiva, com hinos e leituras especiais proclamando a Ressurreição.
• Semana Brilhante: a semana seguinte à Páscoa, conhecida como Semana Brilhante, é considerada como um dia contínuo em celebração da ressurreição de Cristo. O tom é festivo e o jejum é completamente proibido.
* Vale observar que essas celebrações podem variar na prática e nos costumes entre diferentes culturas e comunidades ortodoxas, mas todas giram em torno do tema central da celebração da ressurreição de Jesus Cristo.
Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
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Bibliografia Indicada
BORTOLINI, José. Quaresma, Páscoa e Pentecostes - 62 perguntas e respostas sobre o Ciclo da Páscoa. São Paulo: Paulus, 2015.
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