Governo Jânio Quadros
Jânio ficou apenas sete meses na presidência e fez um dos governos mais polêmicos e instáveis da história do Brasil.
Campanha eleitoral e eleição
Jânio da Silva Quadros foi eleito presidente do Brasil, através do voto direito, nas eleições presidenciais de 1960. Jânio, que já havia sido vereador, prefeito e governador do estado de São Paulo, fez uma campanha eleitoral baseada na identificação com as massas. Passou a ideia de um cidadão simples (homem do povo) que tinha como objetivo moralizar o país. Como símbolo da campanha usou uma vassoura, pois dizia que ia varrer tudo que havia de errado no Brasil (principalmente a corrupção).
Jânio afirmava também, durante a campanha, que não tinha vínculo com os políticos tradicionais e com as forças poderosas do país. Faria, se fosse eleito, um governo voltado para os interesses populares. Apostou mais na imagem do que no conteúdo, já que não explicava a maneira pela qual iria resolver os principais problemas nacionais.
A campanha foi bem-sucedida e Jânio venceu as eleições de 1960 com cerca de seis milhões de votos.
Aspectos gerais do governo
Jânio governou apenas sete meses, pois renunciou em 25 de agosto de 1961. Durante este breve período, tomou medidas polêmicas de pouca importância, sofreu duras críticas e não conseguiu estabelecer uma relação harmônica com o Congresso Nacional.
Principais características da economia no governo Jânio
Sem um projeto eficiente para resolver os principais problemas econômicos do país, Jânio viu sua popularidade cair em função do aumento da crise econômica, caracterizada pelo crescimento da dívida externa e da inflação (heranças do governo JK).
As medidas econômicas tomadas por seu governo surtiram pouco efeito.
Principais aspectos da política interna
Jânio buscou afastar-se das tradicionais forças políticas do país. Acredita que assim teria mais liberdade para governar, pois não teria compromissos com partidos políticos. Desta forma, as negociações com o Congresso Nacional ficaram difíceis e, muitas vezes, conflituosas.
Principais medidas polêmicas tomadas por Jânio:
• Proibição das brigas de galo.
• Proibição do uso de biquínis nas praias.
• Proibição do lança-perfume.
Jânio Quadros em reunião com governadores em 1961. |
Política externa
Na área externa, Jânio procurou romper com a dependência dos Estados Unidos. Aproximou-se dos movimentos nacionalistas e de esquerda.
- Buscou reaproximar diplomaticamente o Brasil da União Soviética (país socialista).
- Enviou o vice-presidente, João Goulart, em missão oficial para a China (país que seguia o socialismo).
- Criticou a política dos Estados Unidos com relação a Cuba.
- Condecorou, com a ordem do Cruzeiro do Sul, Che Guevara (uma das principais figuras revolucionárias comunistas do período).
Esta política externa desagradou muito os setores conservadores da sociedade brasileira, os políticos de direita e também as Forças Armadas do Brasil.
Jânio Quadros condecorando o líder revolucionário socialista Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul: além de polêmica, a atitude desagradou os setores conservadores da sociedade brasileira e os integrantes das Forças Armadas. |
Renúncia
Com baixa popularidade, enfrentando uma crise econômica, sem apoio de grande parte do legislativo e com o descontentamento dos militares, o governo Jânio Quadros entrou em colapso sete meses após seu início. Em 25 de agosto de 1961, Jânio enviou uma carta ao Congresso Nacional comunicando sua renúncia. Deu poucas explicações dos motivos, falando apenas que havia “forças terríveis” contra ele.
Você sabia?
- Na eleição de 1960, a campanha de Jânio para presidente usou a seguinte música (jingle de campanha):" Varre, varre vassourinha. Varre, varre a bandalheira. Que o povo já está cansado de sofrer dessa maneira. Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado".
- Após a renúncia, Jânio não abandonou a política. Em 1985 ele ganhou as eleições para a prefeitura da cidade de São Paulo. Desta vez cumpriu seu mandato até o fim (de 1986 a 1989).
- Jânio Quadros foi eleito presidente da República com apoio da coligação formada pelos seguintes partidos políticos: PTN-PDC-UDN-PR-PL.
Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
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Bibliografia Indicada
Fontes de referência do texto:
- VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História do Brasil. São Paulo, Scipione, 1998.
- FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
Vídeo indicado no YouTube:
- A Renúncia de Jânio Quadros - Canal TV Senado