Teatro do Absurdo
O teatro do absurdo é um movimento teatral do século XX que explora a falta de sentido da existência humana através de narrativas ilógicas, diálogos repetitivos e situações surrealistas.

O que é (definição)
O teatro do absurdo é um movimento artístico-cultural, espécie de gênero teatral, que surgiu no começo da década de 1950, na França. O nome, dado em 1961 pelo crítico teatral húngaro Martin Esslin, é uma referência aos temas absurdos (fora da realidade) tratados nas peças deste gênero.
Principais características do teatro do absurdo:
• Retratação de temas relacionados a aspectos e fatos inesperados do cotidiano.
• Apresentação, nas peças teatrais, de personagens com comportamentos estranhos e bizarros. Muitas vezes o comportamento destes ocorre sem nenhuma motivação ou intensão.
• Enredos teatrais absurdos, muitos deles sem possibilidades de existirem na vida real.
• Muitos textos teatrais apresentam temáticas fúteis ou que não possuem sentido.
• Muitas vezes não há cenário ou linha do tempo específicos em peças absurdas. O cenário pode estar em qualquer lugar, a qualquer hora ou em lugar nenhum, ilustrando a noção de que a condição humana é universal e atemporal.
• Os textos geralmente carecem de uma progressão clara e são tipicamente cíclicos ou incrivelmente desarticulados.
• Apesar dos temas pesados, o teatro absurdo costuma usar humor negro e farsa. Esse humor pode servir como uma ferramenta para enfatizar a irracionalidade e o absurdo da vida.
Principais autores (dramaturgos) do teatro do absurdo e suas principais obras:
- Samuel Beckett: o principal representante do teatro do absurdo. Escritor e dramaturgo irlandês é autor da famosa peça teatral Esperando Godot (1953).
- Eugène Ionesco: escritor e dramaturgo romeno, autor de Vítima do dever (1953), O improviso da alma (1956) e Cena a quatro (1959).
- Arthur Adamov: dramaturgo francês, autor das peças A invasão (1950) e A Paródia (1947).
- Fernando Arrabal: escritor, dramaturgo e cineasta espanhol. Autor das peças Guernica (1959), A bicicleta do condenado (1959) e O grande cerimonial (1963).
Exemplos de peças do teatro do absurdo:
1. Esperando Godot (Samuel Beckett, 1953): esta peça é uma das mais icônicas do teatro do absurdo. Ela gira em torno de dois personagens principais, Vladimir e Estragon, que esperam interminavelmente e em vão por alguém chamado Godot. A peça é estruturada em dois atos, ambos retratando a natureza monótona e cíclica dessa espera. Por meio de ações mínimas, diálogos repetitivos e temas existenciais, Beckett explora a condição humana, a passagem do tempo e a busca por sentido em um universo aparentemente indiferente.
2. A Cantora Careca (Eugène Ionesco, 1950): nesta peça satírica, Ionesco desconstrói as noções tradicionais de linguagem e comunicação. A trama gira em torno de dois casais, os Smiths e os Martins, que se envolvem em conversas sem sentido e cada vez mais absurdas. O diálogo se transforma em uma mistura caótica de clichês e frases sem significado, culminando em uma ruptura na ordem linguística. Por meio dessa narrativa não convencional, a peça critica as normas sociais e a futilidade da comunicação humana, encapsulando o absurdo da vida moderna.
3. Rinoceronte (Eugène Ionesco, 1959): esta peça alegórica examina temas como conformidade, identidade e resistência. Ela segue a transformação dos habitantes de uma pequena cidade em rinocerontes, simbolizando a ascensão de ideologias totalitárias e a mentalidade de massa. O protagonista, Bérenger, resiste a essa transformação, apesar de seu isolamento e dúvidas pessoais. A premissa absurda da peça destaca a fragilidade da individualidade e as pressões para se conformar em um mundo dominado por forças irracionais. Trata-se de um poderoso comentário sobre a luta humana contra a desumanização e a coerção ideológica.
Você sabia?
É comemorado em 27 de março o Dia Mundial do Teatro.
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Cena da peça Esperando Godot de Samuel Beckett: exemplo do Teatro do Absurdo. |
Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
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