Matemática no Egito Antigo
A Matemática no Egito Antigo foi uma ciência prática e fundamental, aplicada na administração, na construção de monumentos e na organização da agricultura.

Introdução
A Matemática desempenhou um papel essencial no desenvolvimento das primeiras civilizações, sendo fundamental para a organização social, econômica e religiosa dessas sociedades. No Egito Antigo, essa ciência não apenas facilitou a administração do Estado, mas também contribuiu para a construção de monumentos, o controle do calendário agrícola e a coleta de tributos. Esse conhecimento matemático, embora rudimentar em alguns aspectos, revela a engenhosidade dos antigos egípcios em resolver problemas práticos do cotidiano.
Origem da Matemática no Egito Antigo
A origem da Matemática no Egito Antigo remonta ao período pré-dinástico, quando os egípcios começaram a desenvolver sistemas de contagem para atender às necessidades de uma sociedade em expansão. Esse processo intensificou-se por volta de 3000 a.C., com a consolidação das primeiras dinastias e a centralização do poder político. A administração do Estado exigia métodos de medição e contagem precisos para organizar a distribuição de alimentos, controlar os impostos e planejar as grandes obras públicas.
Os registros matemáticos mais antigos conhecidos incluem o Papiro de Rhind e o Papiro de Moscou, que datam do período entre 1800 a.C. e 1650 a.C. Esses documentos revelam que a Matemática egípcia era baseada em operações aritméticas simples, como adição, subtração, multiplicação e divisão, além de conhecimentos básicos de geometria. Embora menos abstrata do que a Matemática desenvolvida posteriormente pelos gregos, a Matemática egípcia era extremamente prática e orientada para a resolução de problemas cotidianos.
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O Papiro de Rhind, também conhecido como Papiro de Ahmes, é um dos mais importantes documentos matemáticos da Antiguidade, datado por volta de 1650 a.C., durante o Egito Médio. Descoberto em Tebas e atualmente preservado no Museu Britânico, esse papiro foi escrito pelo escriba Ahmes, que afirmou ter copiado um texto ainda mais antigo. O documento contém uma coleção de problemas matemáticos e soluções práticas, abordando operações como adição, subtração, multiplicação e divisão, além de cálculos de áreas, frações e equações simples. Seu conteúdo revela como os egípcios aplicavam a Matemática para resolver questões cotidianas, como a divisão de alimentos, medições de terrenos e construção de estruturas, demonstrando o elevado nível de desenvolvimento matemático dessa civilização. |
Exemplos de como a Matemática era usada no Egito Antigo:
A Matemática no Egito Antigo tinha aplicações práticas e abrangia diversas áreas da vida cotidiana, como a administração pública, a construção de monumentos e a organização do calendário agrícola. Entre os principais usos da Matemática, destacam-se:
• Administração e tributação: a cobrança de tributos era uma das principais funções do Estado egípcio, e a Matemática foi fundamental para calcular a quantidade de grãos, animais e outros bens que os agricultores deveriam entregar como imposto. Os escribas utilizavam tabelas e registros para garantir a precisão das cobranças e evitar fraudes.
• Construção de monumentos: a construção das pirâmides e de outros monumentos exigia conhecimentos avançados de geometria e medição. Os arquitetos egípcios calculavam ângulos e proporções para garantir a estabilidade e a simetria das edificações. O uso de cordas marcadas para medir e traçar ângulos retos foi uma prática comum, demonstrando o domínio dos egípcios sobre os princípios geométricos básicos.
• Cálculo de áreas e volumes: os egípcios demonstravam grande habilidade no cálculo de áreas de terrenos e volumes de estruturas. O Papiro de Rhind contém exemplos de fórmulas para calcular a área de figuras geométricas, como triângulos e trapézios, além de volumes de cilindros e pirâmides. Esses cálculos eram fundamentais para a construção civil e a agricultura.
• Divisão de terras: após as cheias do Nilo, as marcações das terras frequentemente desapareciam, tornando necessário redefini-las. Os agrimensores utilizavam conhecimentos matemáticos para medir e dividir novamente os lotes de terra, assegurando que os proprietários recuperassem suas porções corretamente.
• Agricultura e organização do calendário: o Nilo desempenhava um papel central na vida dos egípcios, e a Matemática foi essencial para prever o ciclo de cheias do rio e organizar o calendário agrícola. O ano egípcio era dividido em três estações (Inundação, Plantio e Colheita) e a precisão matemática era crucial para determinar o melhor momento para cada atividade agrícola.
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O calendário do Egito Antigo estava ligado à agricultura, sendo essencial para organizar as atividades agrícolas e prever o ciclo de cheias do rio Nilo. A Matemática desempenhou um papel fundamental nesse processo, permitindo aos egípcios calcular o tempo e criar um calendário baseado no movimento das estrelas e no ciclo anual do Nilo. Dividido em 12 meses de 30 dias, o calendário possuía três estações (Inundação, Plantio e Colheita) que determinavam o ritmo da produção agrícola. O cálculo preciso dos períodos de cheia era crucial para definir o momento adequado para semear e colher, garantindo a sobrevivência econômica do reino e a distribuição justa dos recursos. Assim, o domínio matemático dos ciclos naturais ajudou a transformar o Egito em uma das civilizações agrícolas mais bem-sucedidas da Antiguidade. |
Legado da Matemática Egípcia
Os conhecimentos matemáticos dos egípcios serviram de base para a evolução da aritmética e da geometria na Antiguidade, especialmente entre os gregos, que se inspiraram em suas técnicas práticas e conceitos básicos. O uso de sistemas de medição, cálculos de área e volume, bem como métodos de divisão de terras e construção, revela uma contribuição essencial para a arquitetura e a engenharia. Além disso, os papiros matemáticos preservados demonstram a importância do pensamento lógico e da aplicação prática do conhecimento, garantindo que os princípios desenvolvidos no Egito Antigo continuassem a ser estudados e aprimorados ao longo da história.
Saiba mais:
Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)
Publicado em 15/02/2025
Temas relacionados
Bibliografia e vídeos indicados:
CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. Editora Moderna, São Paulo, 1994.
MELLA, Federico A. Arborio. O Egito dos faraós. Tradução de Atílio Cancian. Hemus – Livraria Editora, São Paulo, 1981.
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