Estratificação Social

Estratificação social é a divisão hierárquica da sociedade em camadas ou grupos com diferentes níveis de acesso a recursos, prestígio e poder.

 

O que é estratificação social

A estratificação social é um conceito central na Sociologia, referindo-se à divisão hierárquica da sociedade em diferentes camadas ou estratos, com base em critérios como riqueza, poder, prestígio e acesso a oportunidades. Essa estrutura hierárquica determina o status dos indivíduos dentro de um determinado grupo social e influencia diretamente sua qualidade de vida e possibilidades de ascensão social.

 

Principais características:

 

• Ela é universal, estando presente em todas as sociedades, embora sua forma e intensidade variem. 

 

• A estratificação social também é persistente, ou seja, mantém-se ao longo do tempo, podendo sofrer mudanças graduais.

• Outra característica é que ela é sustentada, geralmente, por crenças e ideologias que legitimam a hierarquia social, como doutrinas religiosas, princípios morais e valores econômicos.

 

• A estratificação influencia diretamente o acesso dos indivíduos a bens e serviços essenciais, como educação, saúde e moradia.

Os principais tipos de estratificação social são:



1. Sistema de castas: baseia-se na hereditariedade e na rigidez das posições sociais, impossibilitando a mobilidade entre os estratos. O sistema de castas foi historicamente predominante na Índia, onde a divisão social era determinada pelo nascimento e regulada por normas religiosas e culturais. Os indivíduos pertenciam a castas específicas e não podiam mudar sua posição social ao longo da vida.


2. Sistema estamental: característico das sociedades feudais, divide a população em estamentos com diferentes níveis de privilégios. Essa estrutura era comum na Europa medieval, onde a sociedade era composta pelo clero, nobreza e camponeses. Embora apresentasse alguma mobilidade social, esta era limitada e dependia frequentemente de concessões do poder central, como títulos de nobreza concedidos pelo rei.


3. Sistema de classes sociais: predomina nas sociedades modernas e capitalistas, baseando-se na posse de bens e no acesso a recursos econômicos. A principal característica desse sistema é a possibilidade de mobilidade social, uma vez que a posição de um indivíduo é determinada por fatores como educação, profissão e renda. Um exemplo clássico é a sociedade industrial do século XIX, em que a ascensão econômica possibilitou a emergência da burguesia como um grupo de influência crescente.

 

Estratificação social na Índia segue o sistema de castas: Brâmanes: classe sacerdotal e intelectual, responsável pelos rituais religiosos e pelo ensino. Xátrias: guerreiros e governantes, encarregados da defesa e da administração do reino. Vaixás: comerciantes, agricultores e artesãos, responsáveis pela economia e produção. Sudras: trabalhadores e servos, encarregados de funções manuais e de serviço. Dalits (intocáveis): grupo marginalizado fora do sistema de castas, historicamente submetido à exclusão e discriminação.

 

 

Estratificação social e mobilidade social

 

A relação entre estratificação social e mobilidade social é crucial para a compreensão da dinâmica social. Mobilidade social refere-se à possibilidade de um indivíduo ou grupo mudar de posição dentro da hierarquia social. Existem diferentes formas de mobilidade social:


• Mobilidade vertical: ocorre quando há mudança de status social, podendo ser ascendente (quando um indivíduo melhora sua posição na hierarquia, como um trabalhador que se torna empresário) ou descendente (quando há uma perda de status, como um empresário que entra em falência e se torna assalariado).

• Mobilidade horizontal: refere-se à mudança dentro do mesmo nível social, sem alteração significativa de status. Um exemplo seria um médico que troca de hospital, mantendo o mesmo cargo e remuneração.

• Mobilidade estrutural: relaciona-se a mudanças no próprio sistema econômico e social que influenciam a posição dos indivíduos, como a industrialização, que deslocou populações rurais para centros urbanos, alterando suas ocupações e condições de vida.

A mobilidade social depende de fatores como o acesso à educação, políticas públicas e condições econômicas gerais. Sociedades mais abertas, como as democracias ocidentais contemporâneas, tendem a permitir maior mobilidade social em comparação a sociedades rigidamente estratificadas, como as baseadas em castas ou estamentos.

Estratificação Social de acordo com Max Weber

 

Max Weber concebia a estratificação social como um fenômeno multidimensional, distinto da visão marxista baseada exclusivamente na divisão entre burguesia e proletariado. Para Weber, a sociedade é estratificada a partir de três critérios principais: classe, status e partido. A classe refere-se à posição dos indivíduos no mercado econômico, determinada pelo acesso a bens e oportunidades; o status diz respeito ao prestígio social e ao reconhecimento que um grupo recebe na sociedade, independentemente da condição econômica; e o partido envolve a participação em grupos organizados que exercem poder político. Dessa forma, Weber argumentava que a posição social dos indivíduos resulta da interseção desses três elementos, possibilitando uma maior complexidade nas relações de dominação e na mobilidade social.

Estratificação social no Brasil

 

A estratificação social no Brasil é marcada por profundas desigualdades históricas, resultantes de fatores como a colonização, a escravidão e a concentração de renda. A sociedade brasileira apresenta uma divisão social estruturada principalmente em critérios econômicos, educacionais e raciais, o que influencia a mobilidade social e o acesso a oportunidades. A persistência da pobreza, a precarização do trabalho e a dificuldade de acesso a serviços públicos de qualidade, como saúde e educação, reforçam a segregação entre classes.

Vale ressaltar também que a influência de fatores como status social e redes de relacionamento muitas vezes se sobrepõe ao mérito individual na ascensão social.

Apesar de avanços em políticas públicas, como a ampliação do ensino superior e programas de transferência de renda, a estratificação social ainda se mantém como um dos principais desafios para a redução da desigualdade no país.

 

 

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Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP).

Publicado em 11/03/2025