Luís de Camões: vida e obra
Luís de Camões foi um poeta português do século XVI, amplamente considerado o maior poeta da língua portuguesa, conhecido por sua obra épica "Os Lusíadas", que celebra os feitos dos navegadores portugueses.
Quem foi
Luís Vaz de Camões foi um poeta e escritor português muitas vezes considerado uma das maiores figuras da literatura portuguesa e, de facto, um dos grandes poetas da tradição ocidental. Camões viveu durante a Era dos Descobrimentos de Portugal, e sua vida aventureira o levou a muitas partes do império português, da África à Ásia. Suas obras muitas vezes refletem essas experiências, e ele é talvez mais conhecido por seu poema épico "Os Lusíadas", que narra a viagem de Vasco da Gama à Índia.
A importância de Camões para a literatura portuguesa
A importância de Camões para a literatura portuguesa não pode ser exagerada. O seu poema épico, "Os Lusíadas", é um épico nacional de Portugal. Não é apenas uma narrativa histórica ou mitológica, mas também uma celebração da identidade portuguesa, conquistas e explorações globais durante a Era dos Descobrimentos. Além disso, Camões é um mestre da língua portuguesa, contribuindo significativamente para o seu desenvolvimento. Seu uso da língua portuguesa em seus sonetos e outras poesias é considerado um modelo de expressão poética. Consequentemente, ele é frequentemente associado à padronização e consolidação da língua portuguesa moderna. A sua obra e estilo influenciaram grandemente a literatura portuguesa subsequente.
Biografia resumida
Sabe-se que o maior poeta português, Luís Vaz de Camões, provavelmente, nasceu em Lisboa (Portugal), por volta de 1524 e pertenceu a uma família de origem galega, da pequena nobreza.
Esse escritor lusitano, dono de um estilo de vida boêmio, foi frequentador da corte portuguesa, viajou para o Oriente, esteve preso, passou por um naufrágio, foi processado e terminou em miséria. Seus últimos anos de vida foram na mais completa pobreza.
Na juventude, trabalhou como poeta na corte do rei português D. Manuel III. Em 1547, entrou para o exército português. Como soldado, foi enviado para o continente africano. Retornou para Portugal em 1522.
No ano de 1523, foi enviado para as Índias para atuar em expedições militares.
Camões faleceu em 10 de junho de 1580, aos 56 anos, na cidade de Lisboa (Portugal).
Principais características do estilo literário:
• Esse brilhante poeta do Classicismo português, possui obras que o colocam a altura dos grandes poetas do mundo.
• Seus textos são marcados por influências de escritores clássicos (gregos e romanos) e do Humanismo italiano.
• Seu poema épico, Os Lusíadas, divide-se em dez cantos repartidos em oitavas. Esta epopeia tem como tema os feitos dos portugueses: suas guerras e navegações.
• A bagagem literária deixada pelo escritor é de inestimável valor literário. Ele escreveu poesias líricas e épicas, peças teatrais e sonetos. A maioria de seus textos e poemas são verdadeiras obras de arte, marcadas por grande criatividade.
Luís de Camões: retrato pintado em Goa (Índia) em 1581. |
A linguagem camoniana e reconhecimento
Criador da linguagem clássica portuguesa, Camões teve seu reconhecimento e prestígio cada vez mais elevados a partir do século XVI. Seus livros vendem milhares de exemplares atualmente, e foram traduzidos para diversos idiomas (espanhol, inglês, francês, italiano, alemão entre outros). Seus versos continuam vivos em diversos filmes, músicas e roteiros.
Obras de Camões
1572 - Os Lusíadas
1595 - Rimas
Lírica
1595 - Amor é fogo que arde sem se ver
1595 - Eu cantarei o amor tão docemente
1595 - Verdes são os campos
1595 - Que me quereis, perpétuas saudades?
1595 - Sôbolos rios que vão
1595 - Transforma-se o amador na cousa amada
1595 - Sete anos de pastor Jacob servia
1595 - Alma minha gentil, que te partiste
1595 - Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
1595 - Quem diz que Amor é falso ou enganoso
Teatro (comédias)
1587 - El-Rei Seleuco.
1587 - Auto de Filodemo.
1587 - Anfitriões
Principais características da poesia épica de Camões
As características abaixo seguem como base a grande obra de Camões: Os Lusíadas, publicada em 1572.
• Enquadra-se no que chamamos de Literatura de Viagens.
• Valorização dos descobrimentos e conquistas marítimas de Portugal.
• Presença de sentimento heroico e ufanista (orgulho pelo país).
• Poesias influenciadas pela leitura de escritores da Antiguidade Clássica como, por exemplo, Homero e Virgílio.
• Glorificação das realizações heroicas, do ponto de vista de Camões e dos portugueses do período, dos navegadores do reino de Portugal.
• O tema central de “Os Lusíadas” é a viagem de Vasco da Gama às Índias (1497-1498). O navegador é exaltado, por Camões, como sendo o representante ideal do povo português. A expansão do catolicismo, no contexto dessas conquistas marítimas, também é valorizada por Camões.
• Presença de estilo literário grandiloquente (uso de expressões rebuscadas e palavras pomposas).
• Grande realismo das descrições.
• Presença de visão crítica, principalmente na parte final de “Os Lusíadas”.
• Uso de conhecimentos técnicas e informações geográficas e históricas.
Curiosidades:
- Alguns pesquisadores afirmam que Camões atuou como soldado na África. Ele se alistou, logo após sofrer uma desilusão amorosa. Foi nessa época, que durante uma batalha, perdeu um olho. O grande escritor português também chegou a ser preso, após ferir um servo do Paço.
- Portugal celebra o seu feriado nacional, o Dia de Portugal, na data da morte de Camões, 10 de junho, demonstrando o seu profundo impacto na identidade cultural portuguesa.
- O túmulo de Camões está localizado no Mosteiro do Jerônimos (Freguesia de Belém, Lisboa, Portugal).
Capa da obra Os Lusíadas, de Camões, edição de 1572 |
EXEMPLO DE UMA DE SEUS POEMAS MAIS CONHECIDOS:
Amor é fogo que arde sem se ver ...
de Luís Vaz de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver ...
de Luís Vaz de Camões
Luis Vaz de Camões
Luis Vaz de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Por Elaine Barbosa de Souza
Graduada em Letras (Português e Inglês) pela FMU (2002).
Bibliografia e vídeos indicados:
Fonte de referência do artigo:
- Minchillo, Carlos Cortez. "Biografia". In: Camões, Luís Vaz de. Sonetos. Ateliê Editorial, 2001.
Vídeo indicado no YouTube:
- A vida e a obra de Luís de Camões, o Poeta de Portugal - Canal Nerdologia