Paio Soares de Taveirós
Ele foi um dos principais nomes do Trovadorismo em Portugal.
Quem foi
Paio Soares de Taveirós foi um dos primeiros trovadores da língua galaico-portuguesa, que viveu na primeira metade do século XIII. Descendente da pequena nobreza galega, é autor da célebre Cantiga da garvaia, considerada por muito tempo a primeira obra poética em língua vernácula da Península Ibérica. Ele é considerado um dos principais nomes do Trovadorismo.
Biografia resumida
A vida de Paio Soares de Taveirós é envolta em mistério e controvérsia. Não se sabe ao certo onde nasceu, nem quando morreu. Alguns estudiosos situam a sua origem na antiga província portuguesa do Minho, outros na província espanhola de Pontevedra, que compõe a atual região autônoma da Galiza. Também não se conhece a sua atividade profissional, nem o seu envolvimento político ou social. Sabe-se apenas que era irmão de outro trovador, Pero Velho de Taveirós, e que ambos participaram de algumas tenções (debates poéticos) com outros trovadores, como Martim Soares.
Principais características do seu estilo literário:
• O estilo literário de Paio Soares de Taveirós é marcado pela ironia, pela ambiguidade e pelo jogo de palavras.
• As suas cantigas exploram temas como o amor cortês, a sátira social e a crítica moral.
• A sua linguagem é simples e direta, mas também rica em figuras de estilo e em alusões culturais.
• A sua métrica é variada, mas predomina o uso de versos decassílabos e de rimas consonantes.
Obras
As obras de Paio Soares de Taveirós são poucas, mas significativas. Segundo os cancioneiros medievais, ele deixou seis cantigas de amor, três cantigas de amigo, duas tenções e uma cantiga satírica. A mais famosa delas é a Cantiga da garvaia, que foi durante muito tempo considerada a primeira obra poética em língua galaico-portuguesa. Nela, o trovador se dirige a uma dama da corte, filha de Dom Pai Moniz, e lhe pede um presente (uma garvaia, ou manto) em troca do seu amor. A cantiga é cheia de duplos sentidos e de ironia, pois o trovador sabe que a dama não lhe dará nada e que ele não tem nada a oferecer-lhe. Alguns críticos identificam a dama como Maria Pais Ribeiro, a célebre Ribeirinha, amante do rei português D. Sancho I. Outros, porém, contestam essa hipótese, baseados na origem galega do trovador e na existência de vários personagens chamados Pai Moniz na época.
Sua importância para o Trovadorismo
A importância de Paio Soares de Taveirós para o trovadorismo é inegável. Ele foi um dos pioneiros na utilização da língua vernácula para expressar sentimentos e ideias, rompendo com a tradição latina que dominava a literatura medieval. Ele também foi um dos criadores das formas poéticas que caracterizam o trovadorismo galaico-português, como as cantigas de amor, as cantigas de amigo e as tenções. Além disso, ele influenciou outros trovadores posteriores, tanto portugueses como galegos e castelhanos.
Paio Soares de Taveirós foi um trovador original e inovador, que deixou uma marca indelével na história da literatura galaico-portuguesa.
Exemplo de uma poesia galego-portuguesa, do início do Trovadorismo, de Paio Soares de Taveirós:
Cantiga da garvaia (Paio Soares Taveirós)
“No mundo nom me sei parelha,
mentre me for como me vai;
ca ja moiro por vós, e ai!,
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia?
Mao dia me levantei,
que vos entom nom vi feia!
E, mia senhor, des aquelha,
me foi a mi mui mal di' ai!
E vós, filha de Dom Pai
Moniz, en bem vos semelha
d' haver eu por vós gabundarvaia?
Pois eu, mia senhor, d' alfaia
nunca de vós houve nem hei
valia d'ua correia!”
Veja também:
• Literatura Medieval
• Novelas de Cavalaria
• Escolas Literárias Portuguesas
Publicado em 03/05/2023
Bibliografia e vídeos indicados:
- MONGELLI, Lênia Marcia de Medeiros. Trovadorismo (1198-1418): preliminares. In: Literatura Portuguesa em Perspectiva: Trovadorismo, Humanismo. Direção de Massaud Moisés. São Paulo: Atlas, 1992.
- OLIVEIRA, António Resende de. 1994. Depois do Espetáculo Trovadoresco: a estrutura dos cancioneiros peninsulares e as recolhas dos séculos XIII e XIV. Lisboa: Colibri.