Michel de Montaigne

Michel de Montaigne foi um escritor e filósofo francês humanista do Renascimento.

Montaigne: grande filósofo e escritor francês do século XVI.
Montaigne: grande filósofo e escritor francês do século XVI.

 

Quem foi

 

Michel de Montaigne foi um escritor e filósofo francês do século XVI. Sua obra foi marcada pelo ceticismo e humanismo no contexto do Renascimento Cultural. Foi influenciado por pensadores e escritores da antiguidade clássica como, por exemplo, Plutarco, Sêneca, Cícero e Lucain.

 

Montaigne atuou também como jurista, advogado e conselheiro no parlamento da região em que vivia.

 

É considerado o precursor das ciências humanas e históricas na França.

 

Biografia resumida:

 

Michel de Montaigne nasceu na cidade de Saint-Michel-de-Montaigne (França) em 28 de fevereiro de 1533.

 

 Em 1554, Montaigne entrou para a Universidade de Toulouse a fim de estudar Direito.

 

Entre os anos de 1561 e 1563, Montaigne foi cortesão na corte do rei francês Carlos IX.

 

No ano de 1565, Montaigne casou-se com Françoise de la Cassaigne.

 

Em 1571, foi morar no campo para poder se dedicar aos estudos e na escrita de suas obras.

 

Entre 1580 e 1581, escreveu um diário de viagem relatando suas passagens por vários países europeus (Itália, Áustria, Alemanha, França e Suíça). Relatou, principalmente, as diferenças existentes entre as populações dos países.

 

Faleceu em 13 de setembro de 1592, aos 59 anos, na mesma cidade em que nasceu.

 

Temas, ideias e principais características de seu estilo literário:

 

Os principais temas abordados por Montaigne em suas obras foram: religião (principalmente cristianismo), política, filosofia, história natural, ética, literatura, natureza humana e legislação.

 

Sua obra é marcada, principalmente, pelo ceticismo e humanismo.

 

Presença do estoicismo, principalmente em sua fase inicial.

 

O ideal de liberdade é um dos fundamentos de suas obras.

 

Colocou-se totalmente contrário às injustiças (políticas e sociais), à violência, à crueldade e à corrupção.

 

Abordou profundamente a questão da consciência humana.

 

Suas obras são marcadas pela presença de muitas citações clássicas.

 

Fez críticas ao sistema educacional da França, da época em que viveu, que era baseada na memorização. Sua proposta era um ensino baseado na ação e nas experiências.

 

Estilo de escrita marcado pela naturalidade e simplicidade. Porém, sua escrita é expressiva. Utilizou muitas comparações e imagens da vida cotidiana. As citações latinas também são muito presentes em suas obras.

 

Para Montaigne, a Filosofia era de fundamental importância para a pessoa se entender e viver de forma feliz.

 

Retrato pintado do filósofo Michel de Montaigne

Michel de Montaigne: filósofo humanista francês do Renascimento (pintura de 1570, autor desconhecido)

 

 

Quem foi influenciado pelas obras e ideias de Montaigne:

 

- Marie de Gournay – escritora francesa do século XVI.

 

- John Florio – linguista e tradutor inglês do século XVI e XVII.

 

- La Mothe Le Vayer – filósofo e historiador francês do século XVII.

 

- René Descartes – matemático, físico e filósofo francês do século XVII.

 

- Voltaire – filósofo francês iluminista do século XVIII.

 

- Blaise Pascal – matemático, físico, teólogo e filósofo francês do século XVII.

 

- Arthur Schopenhauer – filósofo alemão do século XVIII.

 

- Nietzsche – filósofo alemão do século XIX.

 

- Merleau-Ponty – filósofo francês do século XX.

 

- Emil Cioran – filósofo e escritor romeno do século XX.



Principais obras de Michel de Montaigne:


- Ensaios (1588)

 

- Jornal de Viagem 1580 - 1581 (publicado somente em 1774).

 

Exemplos de frases de Montaigne:

 

- “A Filosofia é a ciência que nos ensina a viver”.

 

- “O silêncio e a modéstia são qualidades muito convenientes para a conversa”.

 

- “O verdadeiro espelho de nosso discurso é o curso de nossas vidas”.

 

- “Todos vão para outro lugar e em direção ao futuro, ninguém chega a si mesmo”.

 

- “A verdadeira liberdade é ser capaz de fazer qualquer coisa sobre si mesmo”.


- "À beira de um precipício só há uma maneira de andar para frente: é dar um passo atrás".

 

Escritório de Michel de Montaigne

Escritório de Michel de Montaigne

 

 

Legado de Montaigne para a filosofia

 

Sua obra de destaque "Ensaios", uma coleção de uma ampla gama de reflexões curtas, introduziu uma nova forma de discurso filosófico que era introspectivo, pessoal e reflexivo. Os ensaios de Montaigne divergiram dos tratados didáticos e muitas vezes dogmáticos de seus contemporâneos ao incorporar uma abordagem exploratória e questionadora à escrita. Essa inovação não apenas enriqueceu a tradição filosófica, mas também ofereceu um meio mais acessível para se engajar com ideias complexas. Seu método de investigação, caracterizado pelo ceticismo e uma dependência do julgamento pessoal, antecipou o pensamento crítico que se tornaria central para a filosofia moderna.


O legado de Montaigne se estende além do estabelecimento do ensaio como uma ferramenta filosófica; seus pensamentos sobre assuntos como ceticismo, a natureza do eu e o valor da experiência pessoal tiveram um impacto duradouro em gerações subsequentes de pensadores. Sua atitude cética em relação ao conhecimento e à verdade, apresentada em seu famoso lema "Que sais-je?" ("O que eu sei?"), desafiou as certezas de sua época e preparou o terreno para o desenvolvimento do pensamento empírico e crítico. Além disso, as reflexões de Montaigne sobre o eu e a fluidez da identidade foram profundamente à frente de seu tempo, influenciando filósofos e escritores posteriores em sua compreensão da condição humana.

 

Por meio de seu trabalho, Montaigne não apenas contribuiu para a evolução do pensamento filosófico, mas também para a tradição humanística mais ampla, tornando-o uma figura fundamental na transição do Renascimento para a era moderna.



Você sabia?

 

- O pai de Montaigne, Pierre Eyquem de Montaigne (1554-1556) foi um político e participou da Guerra da Liga Cambrai.

 

- Montaigne acreditava que o casamento era importante para ter filhos, porém dizia que a paixão era um grande problema para o ser humano, pois ela tirava a liberdade.

 

 




Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).