Noam Chomsky

Noam Chomsky é um linguista, filósofo e ativista político norte-americano reconhecido por suas contribuições revolucionárias à linguística moderna e por sua crítica contundente às estruturas de poder político e econômico.

Noam Chomsky: importante intelectual dos séculos XX e XXI.
Noam Chomsky: importante intelectual dos séculos XX e XXI.



Quem é Noam Chomsky?


Noam Chomsky é amplamente reconhecido como um dos intelectuais mais influentes do século XX e início do século XXI. Sua trajetória acadêmica abrange diversas áreas do conhecimento, com destaque para a linguística, filosofia, ciência cognitiva, teoria política e crítica social. Conhecido por seu trabalho pioneiro na teoria da gramática gerativa, Chomsky revolucionou os estudos linguísticos ao propor que a capacidade de linguagem é inata aos seres humanos. No entanto, sua relevância vai além da linguística: ele também é uma voz crítica proeminente contra políticas imperialistas, práticas neoliberais e os meios de comunicação de massa. Sua abordagem combina rigor acadêmico com um forte engajamento político e humanista, o que o torna uma figura central no debate intelectual contemporâneo.



Biografia


Avram Noam Chomsky nasceu em 7 de dezembro de 1928, na cidade da Filadélfia, no estado da Pensilvânia, Estados Unidos. Filho de imigrantes judeus vindos da Ucrânia, cresceu em um ambiente familiar profundamente voltado para a educação e para os estudos linguísticos. Seu pai, William Chomsky, foi um notável estudioso da gramática hebraica, tendo exercido forte influência intelectual sobre o jovem Noam. Desde cedo, Chomsky demonstrou grande interesse por questões políticas e sociais, sendo influenciado pelas ideias do anarquismo e do socialismo libertário.


Chomsky ingressou na Universidade da Pensilvânia, onde estudou linguística, filosofia e matemática. Durante seu doutorado, desenvolveu a base daquilo que mais tarde se tornaria a teoria da gramática generativa, um marco na linguística moderna. Em 1955, passou a lecionar no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde permaneceu por grande parte de sua carreira acadêmica, ocupando cargos de destaque e sendo responsável por fundar um dos mais importantes departamentos de linguística do mundo. Embora tenha se aposentado formalmente do MIT, Chomsky seguiu ativo na produção intelectual e acadêmica.


No âmbito pessoal, Chomsky foi casado por mais de sessenta anos com Carol Doris Schatz, com quem teve três filhos. Sua vida familiar é descrita como reservada, e ele sempre procurou manter certa distância da exposição pública, focando-se nas atividades acadêmicas e nas campanhas políticas. Mesmo após a morte de sua esposa, em 2008, Chomsky continuou suas atividades com vigor, sendo atualmente professor emérito do MIT e professor laureado na Universidade do Arizona.

 

Foto de Noam Chomsky

Noam Chomsky: um dos principais nomes da Filosofia e Sociologia Contemporânea.





Principais ideias e teorias nas áreas da Filosofia, Linguística e Sociologia:



Gramática Universal

A teoria da Gramática Universal é talvez a contribuição mais notória de Chomsky ao campo da linguística. Segundo essa teoria, todos os seres humanos compartilham uma estrutura mental inata que possibilita o aprendizado de qualquer língua. Essa capacidade seria biologicamente determinada e explicaria como crianças conseguem adquirir a linguagem de forma rápida e eficiente, mesmo a partir de estímulos linguísticos limitados. Para Chomsky, essa gramática inata representa um elemento fundamental da natureza humana.


Pobreza do Estímulo

Complementar à ideia da Gramática Universal, o argumento da pobreza do estímulo afirma que o input linguístico recebido por uma criança é insuficiente para explicar a complexidade da linguagem que ela desenvolve. Chomsky usa esse argumento para reforçar a noção de que existe um aparato mental pré-configurado para o aprendizado da linguagem. Essa teoria foi fundamental para o avanço da ciência cognitiva, pois evidencia a importância de mecanismos mentais internos.


Modelo Propagandístico da Mídia


No campo da análise política e sociológica, Chomsky, em parceria com Edward S. Herman, desenvolveu o modelo propagandístico da mídia. Segundo esse modelo, os meios de comunicação em sociedades capitalistas atuam como instrumentos de propaganda das elites econômicas e políticas. O conteúdo divulgado pelos grandes veículos de imprensa seria, assim, filtrado por interesses comerciais e ideológicos, moldando a opinião pública de forma a sustentar o status quo.


Intelectuais como Agentes Morais

Chomsky defende que os intelectuais possuem uma responsabilidade moral diante da sociedade. Para ele, quem detém conhecimento e acesso à informação tem o dever ético de expor injustiças, denunciar abusos de poder e promover a verdade. Essa visão está ligada à sua atuação política, marcada por uma crítica contundente ao imperialismo norte-americano, à guerra do Vietnã, à ocupação da Palestina e a outras formas de dominação global.


Anarquismo Libertário

Do ponto de vista político, Chomsky se identifica com o anarquismo libertário, uma corrente que valoriza a autogestão, a democracia direta e a oposição a toda forma de autoridade injustificada. Ele não defende a abolição imediata do Estado, mas propõe a construção de uma sociedade mais justa e igualitária baseada na cooperação voluntária e na descentralização do poder. Essa perspectiva o coloca em oposição ao capitalismo contemporâneo, que ele considera opressivo e concentrador de riquezas.


Crítica ao Neoliberalismo

Chomsky é um dos críticos mais veementes do neoliberalismo. Para ele, esse modelo econômico promove o desmonte do Estado de bem-estar social, privilegia os interesses do capital financeiro e agrava as desigualdades sociais. Em seus escritos, ele argumenta que o neoliberalismo mina a democracia ao transferir poder das instituições públicas para corporações privadas, reduzindo o papel do cidadão e ampliando a influência de elites econômicas sobre os processos políticos.

 

Exemplos de obras importantes de Noam Chomsky:



"Syntactic Structures" (1957)

Obra seminal na linguística moderna, "Syntactic Structures" introduziu a teoria da gramática generativa transformacional. Nesse livro, Chomsky argumenta que a linguagem deve ser estudada como um sistema formal de regras, estruturado internamente e não apenas como resposta a estímulos externos. A obra é considerada um divisor de águas no campo da linguística, transformando a disciplina e inaugurando uma nova era de estudos sobre a mente humana.


"As Ilusões da Mídia" (original: "Manufacturing Consent", 1988)

Escrito em coautoria com Edward S. Herman, esse livro apresenta o modelo propagandístico da mídia e examina como a imprensa nos Estados Unidos age de forma a legitimar as ações do governo e das corporações. A obra analisa casos concretos e demonstra como a cobertura da mídia é seletiva e parcial, muitas vezes encobrindo violações de direitos humanos cometidas por aliados estratégicos dos EUA.


"O Lucro ou as Pessoas?" (original: "Profit Over People", 1999)

Nesse livro, Chomsky apresenta uma crítica sistemática ao neoliberalismo, argumentando que o modelo favorece interesses corporativos em detrimento do bem-estar coletivo. Ele denuncia o enfraquecimento dos direitos trabalhistas, a privatização de serviços públicos e a erosão da soberania popular. A obra é marcada por uma análise rigorosa e embasada de tendências econômicas globais.


"Quem Manda no Mundo?" (original: "Who Rules the World?", 2016)

Neste livro, Chomsky analisa a política externa dos Estados Unidos, questionando a retórica democrática que frequentemente acompanha ações militares e intervenções diplomáticas. Ele aponta a contradição entre os discursos oficiais e os interesses geopolíticos por trás das decisões, destacando a hipocrisia das potências ocidentais. A obra é uma denúncia articulada dos mecanismos de dominação internacional contemporânea.

 

 



Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)

Publicado em 02/04/2025