O Maoismo e suas características

Maoismo é uma ideologia comunista baseada nos princípios e práticas de Mao Tsé-Tung, enfatizando a revolução agrária e a luta contínua contra a burguesia.

Mao-tse-Tung: idealizador do maoismo na China.
Mao-tse-Tung: idealizador do maoismo na China.

 

Definição (o que foi)

 

O maoismo foi a doutrina política do líder revolucionário chinês e primeiro presidente da República Popular da China Mao-Tse-tung (1893-1976). O maoismo tinha como fundamentos principais o marxismo, porém com algumas adaptações e particularidades. Portanto, o maoismo foi uma doutrina de caráter socialista.

 

O maoismo foi desenvolvido e implementado na China durante o governo de Mao-Tse-tung (entre 1949 a 1976), logo após a fundação da República Popular da China.

 

Até a atualidade, alguns princípios da doutrina maoista estão em vigor na China, principalmente no campo político e social.



Principais características do maoismo:

 

Os camponeses são considerados de extrema importância para a existência e manutenção do comunismo. O campesinato também é uma força fundamental nos processos revolucionários e de transformação histórica.

 

Ideologia política conectada ao militarismo. O campesinato, para os maoistas, deve ser a base da força militar e preparado para uma lutar armada, principalmente através da guerrilha. Nesse sentido, as forças militares devem ser o escudo protetor em defesa do comunismo contra-ataques externos.

 

Existência da luta de classes mesmo quando o socialismo está em vigor num país. A experiência soviética foi usada como exemplo, pois mesmo após a adoção do socialismo, persistiu uma classe privilegiada formada pelos burocratas do governo. A organização da Grande Revolução Cultural na China, realizada por Mao, tinha como objetivo não deixar que ocorresse o mesmo com seu país.

 

Para os maoistas, o Partido Comunista deve estar ligado de forma intensa com as massas populares (camponeses e operários).

 

Defesa da concentração do poder político nas mãos do líder do país e do PCC (Partido Comunista Chinês).

 

O maoismo, assim como outros sistemas ditatoriais socialistas, era antidemocrático e usava a violência, repressão e censura para abafar qualquer tipo de manifestação contrária ao governo. Esse “trabalho sujo” era realizado, principalmente, pela Guarda Vermelha.

 

Uso de intensa doutrinação ideológica em escolas e locais de trabalho.

 

Culto a personalidade do líder Mao-tse-Tung.

 

Defesa da ideia de revolução contínua. No maoismo, o conceito de "continuar a revolução sob a ditadura do proletariado" é central. Isso envolve a ideia de luta de classes perpétua, mesmo após a criação de um estado socialista, para prevenir a ascensão de novas elites e avançar continuamente em direção ao comunismo.

 

O maoismo também enfatiza a importância da autossuficiência (autarquia) no processo de desenvolvimento. Mao argumentava que a China deveria depender de seus próprios esforços e recursos, em vez de contar com assistência ou influência externa, o que foi um desvio significativo dos modelos de desenvolvimento soviéticos.



Conclusão e consequências

O maoismo apresentou muitas injustiças e violências na China. Durante a Revolução Cultural, promovida por Mao-Tse-tung, muitos intelectuais socialistas ligados à URSS ou considerados pró ocidente foram expulsos do partido. Aqueles que apresentaram resistência foram presos e até assassinados.

 

Muito antes da crise apresentada pela União Soviética e os países socialistas do leste europeu, a China já demonstrava enormes problemas econômicos. O socialismo não resolveu os problemas chineses e, na segunda metade da década de 1970, o país era um retrato do fracasso econômico e social gerado pelo maoismo.

 

O maoismo perdeu força com a morte de Mao-tse-Tung e as reformas econômicas implementadas, a partir de 1976, por Deng Xiaoping (1904-1997). A China rumou, a partir de então, para o caminho do socialismo de mercado, deixando muitos ideais maoistas de lado.



Você sabia?

 

- O maoismo é também conhecido como o "Pensamento de Mao Tse Tung".

 

- Grande parte da ideologia maoista está descrita na obra O livro vermelho, de Mao-tse-Tung.

 

Capa do Livro Vermelho de Mao-tse-Tung

Capa do Livro Vermelho de Mao-tse-Tung: fonte da ideologia maoísta.

 

 

TEXTO COMPLEMENTAR: Mao-tse-Tung, o criador do maoismo

 

 

Mao-tse-Tung foi um importante líder comunista chinês do século XX. Nasceu na cidade chinesa de Shaoshan no ano de 1893.



Nascido numa família de fazendeiros, Mao dedicou-se aos estudos e tornou-se professor da Universidade de Pequim. 



Mao participou da fundação do Partido Comunista Chinês em 1921. Nesta mesma época, participou também da criação do Exército Popular de Libertação, o braço armado do PC Chinês.



Foi um dos líderes da Longa Marcha, evento que contou com a participação de quase 100 mil comunistas chineses que marcharam pelo território do país em protesto contra o governo chinês.



No ano de 1949, Mao proclama a República Popular da China, implantando o sistema comunista no país.



No ano de 1958, implanta o Grande Salto para Frente, plano de desenvolvimento que foi um fracasso. Após este episódio, Mao-tse-Tung foi afastado da liderança do Partido Comunista Chinês.



Em 1966, volta ao poder ao comandar o movimento de Revolução Cultural. A China passa a fazer parte da ONU (Organização das Nações Unidas) e as relações diplomáticas com os Estados Unidos são reatadas.

 

Em 1972 fez um encontro histórico com o presidente dos EUA, Richard Nixon.



Mao-tse-Tung faleceu na cidade de Pequim em 1976.

 

Foto do encontro entre Mao-tse-Tung e Nixon em 1972

Encontro entre Mao-tse-Tung e Richard Nixon em 1972.

 

 

Exemplos de frases:


- "A ação não deve ser uma reação, mas uma criação".


- "Um regime separado pode ser criado e mantido apenas pela força das armas".


- "Na China, a democracia requer não só o povo, mas também os militares".


- "Disciplina partidária exige, entre outras coisas, que a minoria submeta-se a maioria".

- "Comunismo não é amor, mas sim um martelo com o qual se dá golpes no inimigo".

 

 



Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).