História do Japão Antigo
Os três principais períodos histórico do Japão Antigo foram Jomon, Yayoi, Kofun, Asuka, Nara e Heian..
Introdução
O Japão Antigo pode ser dividido em cinco principais períodos: Jomon (10.000-300 a.C.), Yayoi (300 a.C.-300 d.C.), Kofun (300-538), Asuka (538-710), Nara (710-794) e Heian (794-1185).
1. Período Jomon
Esse período leva o nome de um tipo de cerâmica encontrada em todo o arquipélago japonês; seu descobridor, o zoólogo Edward Morse, chamou a cerâmica de jomon (“desenhos do cordão”) para descrever os padrões pressionados no barro. Ela apareceu pela primeira vez no norte, em Kyushu. Sua fabricação foi bem desenvolvida, e os trabalhos produzidos possuem diversidade, exuberância e um alto grau de complexidade.
A população do período Jomon vivia principalmente da caça, da pesca e da coleta de nozes e raízes comestíveis. Os grandes assentamentos encontrados nesse período mostram o cultivo de certos tipos de culturas, como o inhame e o taro, provavelmente originários do continente.
A tecelagem de fibras ainda era desconhecida, embora algumas cestas tenham sido encontradas pelos arqueólogos. As roupas, por sua vez, eram feitas em grande parte de cascas de árvore. A ornamentação do corpo incluía pulseiras feitas de conchas, brincos de pedra ou argila, e colares e enfeites de cabelo, pedra, osso e chifre.
Não havia nenhum rito elaborado de enterramento e os mortos eram sepultados em um pequeno buraco escavado perto da residência. Às vezes eram enterrados com os joelhos levantados ou com uma pedra presa ao peito, um procedimento de significado provavelmente religioso.
2. Período Yayoi
A cultura Yayoi surgiu em Kyushu, espalhando-se gradualmente para o leste e subjugando a cultura Jomon, até chegar aos distritos do norte de Honshu. Seu nome deriva de uma região em Tóquio onde, em 1884, desenterrou-se uma cerâmica diferente da do período anterior. Esta era queimada em temperaturas mais elevadas e, além disso, não possuía muita decoração, pois tinha uso prático. Estava sempre acompanhada por objetos de metal e era associada ao cultivo irrigado de arroz. Culturalmente, esse período representa um avanço notável em relação ao anterior.
Nessa época também tem início a difusão de machados, facas, foices e enxadas, pontas de flechas e espadas. Os objetos de bronze são variados, incluindo alabardas, espadas, lanças, taku (objetos devocionais) e espelhos. As alabardas, espadas e lanças parecem ter sido valorizadas como objetos preciosos e não por sua utilidade prática.
O cultivo de arroz é uma das principais características desse momento. Vestígios de arrozais foram encontrados perto de locais de assentamentos em vários distritos, junto com canais de irrigação equipados com barragens e drenos, mostrando que as técnicas de fabricação e manutenção de arrozais estavam bastante avançadas. De um modo geral, os assentamentos desse período foram construídos em terras aluviais baixas para facilitar a irrigação dos campos, mas posteriormente foram construídos em terrenos altos, talvez por uma questão de defesa estratégica.
Com o desenvolvimento do conhecimento de têxteis, o tecido passou a ser confeccionado em teares primitivos, usando fibras vegetais.
Os mortos eram enterrados em grandes urnas de barro ou caixões de pedra, e seus túmulos eram geralmente marcados por montes de terra ou círculos de pedras. Posteriormente, passaram a ser identificados por um dólmen.
Jarra japonesa de cerâmica do período Yayoi. |
3. Período Kofun
Trata-se da era mais antiga da história registrada no Japão, quando ele passa a ser unificado sob um único reino. O símbolo do crescente poder dos novos líderes do Japão foram os túmulos kofun, construídos em larga escala, daí o nome do período.
Há um grande desenvolvimento cultural, com forte influência da península coreana. Da China, o budismo e o sistema de escrita foram introduzidos perto do final do período. Aqui o clã Yamato sobe ao poder no sudoeste, estabelecendo a Casa Imperial e controlando as rotas comerciais em toda a região.
Capacete e armadura japoneses do período Kofun. |
4. Período Asuka
O Período Asuka é frequentemente considerado o amanhecer do Japão histórico, marcando mudanças culturais e políticas significativas. Esta era viu a introdução do Budismo vindo da Coreia, o que influenciou profundamente a cultura, a arte e a política japonesas. O período também é notável pelo estabelecimento de um governo centralizado sob influência de modelos chineses.
Neste período ocorreram as Reformas Taika (645). Estas reformas visavam centralizar e fortalecer o poder do imperador, fortemente influenciadas pelos sistemas burocráticos e confucionistas chineses.
Nos campos da Arte e Arquitetura, o período viu a construção do Templo Hōryū-ji, um dos mais antigos edifícios de madeira do mundo, e a criação de arte budista, marcando uma partida dos estilos puramente indígenas anteriores.
5. Período Nara
Período caracterizado pelo estabelecimento da primeira capital permanente em Nara (então chamada Heijō-kyō). Esta era testemunhou a consolidação adicional do estado centralizado e o florescimento da cultura.
Esse período viu o crescimento contínuo do Budismo ao lado do Shintō, a religião indígena do Japão, com o estado promovendo ativamente o Budismo.
Na áera da cultura, podemos destacar a criação do Kojiki e Nihon Shoki, as primeiras histórias escritas do Japão e o Manyoshu, uma coletânea de poesia japonesa.
6. Período Heian
Marcando o fim da era clássica da história japonesa, o Período Heian é nomeado após a nova capital, Heian-kyō (atual Kyoto). Esta era é particularmente notada por suas realizações culturais.
A mudança para Heian-kyō simbolizou uma mudança da influência chinesa para uma cultura japonesa mais indígena.
O poder do imperador começou a declinar, com a ascensão de famílias nobres poderosas como o clã Fujiwara, que frequentemente se casavam com a família imperial para ganhar influência.
A era é renomada por suas realizações artísticas, literárias e arquitetônicas, incluindo o Conto de Genji por Murasaki Shikibu, considerado um dos primeiros romances do mundo, e o desenvolvimento de um script japonês único (kana).
Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
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Bibliografia e vídeos indicados:
Fontes de referência do texto:
ARRUDA. José Jobson de Andrade. História Antiga e Medieval. São Paulo: Editora Ática, 1988.
GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013.
Vídeo indicado no YouTube:
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