O Ciclo da Borracha
Fase de grande desenvolvimento na região Norte do Brasil gerada pela produção da borracha.

O que foi
No final do século XIX a recém-criada indústria de automóveis estava em plena expansão. As empresas e a classe média correram para adquirir o meio de transporte do momento. Com isso, a demanda pela borracha aumentou significativamente, pois este produto era matéria-prima para a fabricação de pneus.
O Ciclo da borracha e suas consequências
O Brasil passou a exportar toneladas de borracha, principalmente para as fábricas de automóveis norte-americanas. As principais regiões produtoras de borracha eram os estados do Pará e Amazonas, utilizando a extração do látex das seringueiras, que havia em abundância na região da floresta amazônica.
Esta rápida expansão da produção de borracha atraiu grande quantidade de trabalhadores para a região, principalmente, nordestinos que fugiam da seca nordestina e estavam em busca de emprego e melhores condições de vida.
Na primeira década do século XX, o Brasil tornou-se o maior produtor e exportador mundial de borracha. Em 1910, por exemplo, chegou a exportar, aproximadamente, 40 mil toneladas do produto.
Este crescimento econômico da região amazônica foi acompanhado de significativo desenvolvimento urbano. Muitas cidades surgiram e outras se desenvolveram como, por exemplo, Manaus. O comércio interno aumentou significativamente e a renda dos habitantes melhorou. Esta euforia contribuiu para a construção de casas, prédios públicos, estradas, teatros e escolas.
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Ferrovia Madeira-Mamoré: construída no contexto da expansão da economia da borracha. |
Declínio e crise da borracha: o fim do ciclo econômico
Na década de 1910, empresários holandeses e ingleses entraram no lucrativo mercado mundial de borracha. Passaram a produzir, em larga escala e custos baixos, o produto na Ásia (Ceilão, Indonésia e Malásia). A concorrência fez com que, no começo da década de 1920, a exportação da borracha brasileira caísse significativamente. Era o fim do ciclo da borracha no Brasil. Muitas cidades se esvaziaram, entrando em plena decadência.
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Teatro Amazonas (cidade de Manaus): construído entre 1884 e 1896, durante o auge do Ciclo da Borracha. |
Legado
O legado do Ciclo da Borracha na Amazônia é marcante, tanto em aspectos positivos quanto negativos. A riqueza gerada nesse período resultou na construção de importantes obras de infraestrutura, como o Teatro Amazonas em Manaus, símbolo do auge econômico da região. No entanto, o ciclo também deixou uma herança de desigualdades sociais e impactos ambientais relacionados ao extrativismo desenfreado. Problemas como o desmatamento, a exploração de trabalhadores e a concentração de riqueza em poucas mãos continuam a influenciar debates sobre desenvolvimento sustentável e justiça social na Amazônia.
RESUMO
Contexto histórico
- Desenvolveu-se entre o final do século XIX e início do XX.
- Impulsionado pela demanda global por borracha natural.
- Relacionado à Revolução Industrial e à expansão da indústria automobilística.
Região amazônica
- Principal área produtora foi a Amazônia brasileira.
- Cidades como Manaus e Belém cresceram economicamente.
- A exploração do látex ocorreu em seringais nativos.
Economia e sociedade
- Houve grande imigração de trabalhadores nordestinos para a Amazônia.
- Seringueiros viviam em regime de endividamento com os seringalistas.
- A riqueza gerada transformou Manaus em um centro urbano luxuoso.
Declínio do ciclo
- Início do declínio ocorreu nas primeiras décadas do século XX.
- Ingleses levaram sementes de seringueira para a Ásia, desenvolvendo plantações mais produtivas.
- A concorrência asiática reduziu a competitividade da borracha brasileira.
Legado
- Deixou infraestrutura em cidades amazônicas, como o Teatro Amazonas.
- Marcou a história econômica e social da região.
- Problemas ambientais e sociais relacionados ao extrativismo permanecem relevantes.
Revisado por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).
Bibliografia e vídeos indicados:
Fonte de referência do texto:
BOULOS JR., Alfredo. História do Brasil – Império e República. São Paulo: FTD, 1995.
Vídeo indicado no YouTube:
O CICLO DA BORRACHA | EDUARDO BUENO - Canal Buenas Ideias