Guerra dos Mascates

A Guerra dos Mascates foi uma rebelião nativista ocorrida em Pernambuco no começo do século 18.

O mascate com seus escravos (Henry Chamberlain)
O mascate com seus escravos (Henry Chamberlain)

 

O que foi

 

A Guerra dos Mascates foi uma rebelião civil de caráter nativista, ocorrida em Pernambuco entre os anos de 1710 e 1711, que envolveu as cidades de Olinda e Recife.



Contexto histórico

 

Com a expulsão dos holandeses do Nordeste, a economia açucareira sofreu uma grave crise. Mesmo assim, a aristocracia rural (senhores de engenho) de Olinda continuava controlando o poder político na capitania de Pernambuco.

 

Por outro lado, Recife se descolava deste cenário de crise graças à intensa atividade econômica dos mascates (como eram chamados os comerciantes portugueses na região). Outra fonte de renda destes mascates eram os empréstimos, a juros altos, que faziam aos olindenses.



As principais causas da Guerra dos Mascates foram:

 

• Disputa entre Olinda e Recife pelo controle do poder político em Pernambuco.

 

• Crise econômica na cidade de Olinda, enquanto os comerciantes (mascates) e intermediários de produtos agrícolas de Recife, conseguiram acumular grande riqueza.

 

• Favorecimento da coroa portuguesa aos comerciantes de Recife.

 

• Forte sentimento antilusitano, principalmente entre a aristocracia rural de Olinda.

 

• Muitos senhores de engenho de Olinda estavam endividados com os comerciantes de Recife, e a rivalidade crescente entre as duas cidades agravou essa questão financeira.

 

• Conquista da emancipação de Recife, através de Carta Régia de 1709, que passou a ser vila independente, conquistando autonomia política com relação à Olinda. A aristocracia rural de Olinda temia que Recife, além de ser o centro econômico, passasse a ser também o centro político de Pernambuco.

 

Retrato pintado de Manuel Álvares da Costa

Manuel Álvares da Costa: bispo que foi governador de Pernambuco após a Guerra dos Mascates.

 

 

Objetivos do movimento:

 

• Os olindenses queriam manter o controle político na região, sobretudo com relação à próspera cidade de Recife.

 

• Os olindenses queriam que a coroa portuguesa mantivesse Recife na condição de povoado.

 

• Os olindenses não queriam que a coroa portuguesa continuasse privilegiando os mascates (comerciantes de Recife). Logo, defendiam a igualdade de tratamento.



Como foi e como terminou o conflito

 

Em 1710, havia um clima de hostilidades e tensão entre as duas cidades pernambucanas. Neste ano, os olindenses invadiram Recife dando início a Guerra dos Mascates. Num primeiro momento da guerra, os olindenses levaram vantagem, porém, em 1711 os recifenses (mascates) se organizaram e invadiram Olinda, destruindo vilas e engenhos na cidade. A guerra terminou em 1711 após a coroa portuguesa nomear, para governador de Pernambuco, Félix José Machado.

 

Consequências principais:

 

• O governador de Pernambuco ordenou a prisão dos principais líderes do movimento.

 

• A autonomia de Recife permaneceu após o conflito e a cidade cresceu e prosperou ainda mais.

 

• A guerra aprofundou as divisões sociais entre a aristocracia rural (senhores de engenho) e a burguesia em ascensão (comerciantes).

 

• Em 1712, Recife tornou-se a sede administrativa de Pernambuco.

 

Oficiais da cavalaria de Pernambuco no século XVIII

Oficiais da cavalaria de Pernambuco (século XVIII) que atuaram na Guerra dos Mascates.



 

Questões sobre o texto:

 

1. Sobre a Guerra dos Mascates, é correto afirmar que:

   a. Foi um conflito entre Recife e Olinda motivado por disputas comerciais internacionais.
   b. Representou uma revolta liderada pelos mascates contra o domínio português no Nordeste.
   c. Foi uma rebelião civil ocorrida entre 1710 e 1711, envolvendo as cidades de Olinda e Recife.
   d. Marcou a união entre senhores de engenho e comerciantes contra a coroa portuguesa.
   e. Teve como principal causa a emancipação de Olinda e sua transformação em vila independente.


2. No contexto histórico da Guerra dos Mascates, a economia açucareira no Nordeste estava:

   a. Em expansão, devido ao controle político dos mascates.
   b. Em crise, afetando principalmente a aristocracia rural de Olinda.
   c. Estável, favorecendo a colaboração entre Recife e Olinda.
   d. Em declínio, beneficiando os senhores de engenho de Olinda.
   e. Afastada dos interesses econômicos da coroa portuguesa.


3. Uma das principais causas da Guerra dos Mascates foi:

   a. O apoio dos senhores de engenho de Olinda aos comerciantes de Recife.
   b. O sentimento antilusitano e a crise econômica na cidade de Recife.
   c. A dependência de Olinda em relação aos empréstimos realizados pelos mascates de Recife.
   d. A transformação de Recife em vila independente, gerando rivalidade com Olinda.
   e. A decisão de Olinda de apoiar a coroa portuguesa contra os comerciantes recifenses.


4. Os olindenses, durante a Guerra dos Mascates, buscavam:

   a. Estabelecer a igualdade de tratamento com os mascates perante a coroa portuguesa.
   b. Favorecer os comerciantes recifenses para melhorar a economia regional.
   c. Consolidar a independência política de Recife como vila autônoma.
   d. Transferir o centro econômico de Pernambuco para a cidade de Recife.
   e. Garantir privilégios exclusivos para a aristocracia rural de Olinda.


5. Entre as principais consequências da Guerra dos Mascates, destaca-se:

   a. A redução das divisões sociais entre a aristocracia rural e a burguesia.
   b. A prisão dos líderes olindenses e o fim da autonomia política de Recife.
   c. O crescimento econômico de Recife, que se tornou sede administrativa de Pernambuco.
   d. A destruição da cidade de Recife, que perdeu sua importância econômica.
   e. A reconciliação entre Olinda e Recife, fortalecendo a economia açucareira.









Gabarito:

1. c
2. b
3. d
4. a
5. c

 




Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).