Adolfo Caminha
Adolfo Caminha foi um escritor brasileiro, conhecido por sua contribuição ao naturalismo e por sua obra "Bom-Crioulo", um dos primeiros romances da literatura brasileira a abordar a homossexualidade.
Quem foi
Adolfo Ferreira dos Santos Caminha (nome completo) foi um jornalista, escritor e poeta cearense do final do século XIX.
Adolfo Caminha nasceu na cidade de Aracati (Ceará) em 29 de maio de 1867. Faleceu jovem, com apenas 29 anos, em 1 de janeiro de 1897, na cidade do Rio de Janeiro. A causa de sua morte foi tuberculose.
Além de ser escritor, também trabalhou como funcionário público (do Tesouro Federal), guarda da Marinha e jornalista (no Jornal do Comércio e Gazeta de Notícias). Foi também o fundador, em 1891, da “Revista Moderna”.
Principais movimentos literários que fez parte:
- Realismo
Principais características de seu estilo literário:
• Escreveu poesias, romances, contos, críticas literárias e textos jornalísticos.
• Obra marcada, principalmente, pelo caráter trágico e denso.
• Presença, em algumas obras, de forte crítica social, principalmente ao provincianismo (costumes e modos de vida dos habitantes de cidades pequenas do interior). Caminha tem referência positiva o progresso dos grandes centros urbanos.
• Abordou temas muito polêmicos para a época, como, por exemplo, a questão da homossexualidade na Marinha.
Principais obras de Adolfo Caminha:
- Voos Incertos (1886)
- Bom-Crioulo (1895) - romance
- A Normalista (1893) – romance
- Lágrima de um crente (1893) - conto
- No país dos ianques (1894) – crônica sobre a viagem que fez aos EUA.
- Tentação (1896) – romance
- Cartas literárias (1895) – crítica
- Ângelo (romance inacabado)
- O Emigrado (romance inacabado)
Capa do livro Bom Crioulo: uma das principais obras de Adolfo Caminha. |
Resumo da obra "Bom Crioulo"
"Bom Crioulo" é uma obra de grande importância da literatura brasileira, que aborda questões complexas como raça, sexualidade e poder. Escrita por Adolfo Caminha e publicada em 1895, a história se passa em um navio da Marinha brasileira durante o século XIX. O protagonista é Amaro, um marinheiro negro conhecido como "Bom Crioulo", que se envolve romanticamente com Aleixo, um marinheiro branco. O romance proibido entre os dois é marcado por tensões raciais e sociais, culminando em tragédia.
A obra é notável por sua abordagem franca e provocativa da homossexualidade e da dinâmica de poder entre indivíduos de diferentes raças e classes sociais. A relação entre Amaro e Aleixo é apresentada de forma intensa e visceral, revelando as complexidades da identidade e do desejo em um contexto socialmente repressivo. Caminha também retrata de maneira contundente o racismo e a brutalidade da vida a bordo dos navios da Marinha brasileira na época.
"Bom Crioulo" é uma obra que desafia as convenções literárias e sociais de sua época, oferecendo uma reflexão profunda sobre as interseções entre raça, sexualidade e poder. Através da história de Amaro e Aleixo, Adolfo Caminha confronta o leitor com questões urgentes e universais, tornando esta obra um marco na literatura brasileira e uma peça fundamental para a compreensão das dinâmicas sociais e culturais do país.
Você sabia?
A visão política de Adolfo Caminha era moderna e estava em sintonia com a movimento republicano (contrário à monarquia) e com o abolicionismo (que defendia o fim da escravidão no Brasil e a libertação dos escravos).
Artigo publicado em: 03/01/2020
Por Elaine Barbosa de Souza
Graduada em Letras (Português e Inglês) pela FMU (2002).
Bibliografia Indicada
- BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2015.
- ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura Brasileira: Tempos, Leitores e Leituras. São Paulo: Moderna, 2005.
Vídeo indicado no YouTube:
PERFIL | Adolfo Caminha por Sânzio de Azevedo - TV Assembleia - Ceará