Reforma Protestante

O século XVI foi marcado por reformas religiosas na Europa que acabou com o monopólio da Igreja Católica e fundou novas igrejas cristãs.

Martinho Lutero: criador da religião Luterana
Martinho Lutero: criador da religião Luterana

 

Introdução (o que foi)

 

O processo de reformas religiosas iniciou no século XVI na Europa. Foi uma ruptura com o domínio da Igreja Católica no campo religioso. O movimento reformista fez surgir várias igrejas protestantes na Europa.

 

As causas principais da Reforma Protestante foram:



1. Abusos da Igreja Católica

 

A Igreja Católica vinha, desde o final da Idade Média, perdendo sua identidade. Gastos com luxos e bens materiais estavam tirando o objetivo católico dos trilhos. Muitos integrantes do clero estavam desrespeitando as regras religiosas, principalmente no que se diz respeito ao celibato. Padres que mal sabiam rezar uma missa e comandar os rituais deixavam os cristãos católicos insatisfeitos.

 

2. Necessidades da burguesia



A burguesia comercial, em plena expansão no século XVI, ficou cada vez mais inconformada, pois os clérigos católicos estavam condenando seu trabalho. O lucro e os juros, típicos de um capitalismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos religiosos.



3. Venda de Indulgências

 

Por outro lado, o papa arrecadava dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro em Roma, com a venda das indulgências (venda do perdão).



4. Interferências do papa na política

 

No campo político, os reis estavam descontentes com o papa, pois esse interferia muito nos comandos que eram próprios da realeza.



5. Pensamento renascentista e a valorização das Ciências e da razão

 

O novo pensamento renascentista também fazia oposição aos preceitos da Igreja. O homem renascentista começou a ler mais e formar opiniões cada vez mais críticas. Trabalhadores urbanos, com mais acesso a livros, começaram a discutir e a pensar sobre as coisas do mundo, baseando-se na ciência e na busca da verdade através de experiências e da razão.



6. Insatisfação dos camponeses

 

Outro fator importante foi a insatisfação de muitos camponeses, que não saíram da condição de servos, em pleno século XVI, e viam na Igreja uma instituição que apoiava a condição de miséria em que viviam. Os camponeses e pessoas pobres também estavam inconformados com o acúmulo de capital do clero, principalmente de terras

 

Pintura mostrando a venda de indulgências

Venda de indulgências pela Igreja Católica: uma das principais causas da Reforma Protestante.

 

 

 

Principais reformas, características e líderes:

 

 

1. A Reforma Luterana e o líder Lutero

 

O monge alemão Martinho Lutero foi um dos primeiros a contestar fortemente os dogmas da Igreja Católica. Ele afixou, na porta da Igreja de Wittenberg, as 95 teses que criticavam vários pontos da doutrina católica.

 

As 95 teses de Martinho Lutero condenavam a venda de indulgências e propunham a fundação do luteranismo (religião luterana). De acordo com Lutero, a salvação do homem ocorria pelos atos praticados em vida e pela fé. Embora tenha sido contrário ao comércio, teve grande apoio dos reis e príncipes da época. Em suas teses, condenou o culto a imagens, muito praticado pelos católico, e revogou o celibato. 

 

Martinho Lutero foi solicitado para desmentir suas teses na Dieta de Worms, convocada pelo imperador Carlos V. Em 16 de abril de 1521, Lutero não só defendeu suas teses, como mostrou a necessidade da reforma da Igreja Católica.

 

2. A Reforma Calvinista

Retrato de João Calvino

João Calvino: líder da reforma na França



Na Suíça, o teólogo cristão francês João Calvino começou a Reforma Luterana na década de 1530. De acordo com Calvino, a salvação era explicada através da Doutrina da Predestinação (salvos e condenados já estão escolhidos por Deus).

 

O trabalho justo e honesto é valorizado, sendo que o sucesso pessoal e profissional, advindos desse trabalho, é um dos indícios, de acordo com os calvinistas, de que a pessoa está predestinada à salvação. Essa crença calvinista atraiu muitos burgueses e banqueiros para o calvinismo. Muitos trabalhadores também viram nessa nova religião uma forma de ficar em paz com sua religiosidade.



3. Reforma Anglicana


Ao contrário de outras reformas empreendidas por eclesiásticos e teólogos, a reforma anglicana foi estabelecida sob os auspícios da monarquia inglesa no século XVI e teve início como mais um episódio no longo debate com a Igreja Católica sobre sua autoridade em relação ao povo inglês. Na realidade, trata-se mais de um cisma do que uma verdadeira reforma, configurando-se, portanto, mais como uma disputa política do que religiosa (embora as diferenças políticas tenham permitido, posteriormente, uma crescente discórdia teológica).

 

A Igreja Anglicana reconheceu seu soberano como chefe, manteve o papa com o título de bispo de Roma, e teve seus dogmas e ritos muito pouco modificados em relação aos do catolicismo. Trata-se de uma igreja independente de Roma, sem comunidades monásticas, mas fiel à sua doutrina.


Henrique VIII Tudor da Inglaterra, solicitara, em 1527, a Clemente VIII a dissolução de seu casamento com Catarina de Aragão, alegando que ela não podia lhe dar um herdeiro. Como seu pedido fosse negado pelo papa, o soberano dirigiu-se ao arcebispo da Cantuária, obtendo o que desejava. Em 1534, ele promulgou, com apoio do parlamento, o Ato de Supremacia, que o declarava Chefe Supremo da Igreja e do Clero da Inglaterra na Terra e rompeu as relações diplomáticas com a Igreja Católica Apostólica Romana.

Retrato de Ana Bolena, segunda esposa de Henrique VIII da Inglaterra

Ana Bolena: segunda esposa de Henrique VIII e um dos motivos do rompimento do rei inglês com a Igreja Católica.



Uma vez anulado o casamento com Catarina de Aragão, Henrique VIII casou-se com Ana Bolena, que posteriormente ela foi acusada de adultério e executada (com ela ele teve uma única filha, Elizabeth Tudor). Ele se casou então com Jane Seymour, que finalmente lhe deu um herdeiro, Eduardo Tudor, futuro Eduardo VI. Após a morte de Jane Seymour, Henrique VIII casou-se ainda com a luterana Ana de Cleves (cunhada de Frederico, da Saxônia), com a conservadora Catarina Howard e, finalmente, com Catarina Parr, casamentos estes que foram resultados de várias articulações políticas.


Entre 1534 e 1539, o parlamento decretou que os impostos religiosos não fossem mais pagos ao papa, e sim ao rei, e que a Igreja Anglicana podia deliberar sobre as próprias questões internas sem recorrer à Roma, o que fez com que Henrique VIII fosse excomungado; os mosteiros foram saqueados e destruídos, e seus bens confiscados e vendidos, permitindo que o Estado retomasse cerca de um terço do reino; cada paróquia passou a ter uma Bíblia em inglês; e as ideias de Lutero foram fortemente condenadas.

 

Foto da Catedral Anglicana da Cantuária

Catedral Anglicana da Cantuária: um dos principais templos anglicanos do Reino Unido.

 

Rei Henrique VIII da Inglaterra

Rei Henrique VIII da Inglaterra: deu início a reforma anglicana na Inglaterra.

 

Intolerância religiosa

 

Em muitos países europeus, as minorias religiosas foram perseguidas e diversas guerras ocorreram, frutos do radicalismo. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), por exemplo, colocou católicos e protestantes em conflito por motivos puramente religiosos. Na França, o rei mandou assassinar milhares de calvinistas (huguenotes) na chamada Noite de São Bartolomeu, ocorrida em 23 de agosto de 1572.

 

Noite de São Bartolomeu

Noite de São Bartolomeu (1572): huguenotes massacrados por católicos na França.

 

 

Curiosidade histórica:

 

É comemorado, no 31 de outubro, o Dia da Reforma Protestante. A data é uma referência ao 31 de outubro de 1517, dia em que Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg (Alemanha).

 

 

 

QUIZ

 

Qual o nome do influente teólogo suíço, que estabeleceu a predestinação e a soberania de Deus na Reforma Protestante?

 






 

 

 



Atualizado em 13/11/2023

Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).