Artistas Africanos Modernos e Contemporâneos

Artistas africanos modernos e contemporâneos exploram identidade, memória e questões sociais por meio de diversas linguagens, desafiando estereótipos e ampliando o reconhecimento da arte do continente no cenário global.

Bili Bidjocka: artista contemporâneo camaronês.
Bili Bidjocka: artista contemporâneo camaronês.

 

Introdução

Os artistas africanos dos séculos XX e XXI desempenharam um papel fundamental na renovação das artes visuais, combinando tradições culturais com novas formas de expressão. Pintores e escultores de diversas regiões do continente trouxeram à tona temas como identidade, colonialismo, espiritualidade e globalização.



Artistas africanos dos séculos XX e XXI e suas obras de arte mais importantes:




Ibrahim El-Salahi (Sudão, 1930-)

Considerado um dos mestres da arte africana contemporânea, Ibrahim El-Salahi combina caligrafia árabe, surrealismo e influências tradicionais sudanesas. Seu estilo abstrato e espiritual pode ser visto em obras como "The Last Sound" (1964) e "The Tree" (2000), que evocam conexões entre o humano e o divino.



Malangatana Ngwenya (Moçambique, 1936-2011)

Malangatana criou uma pintura expressiva e cheia de simbolismos, abordando temas como colonialismo e resistência. Sua arte, fortemente influenciada por mitologias e rituais moçambicanos, se manifesta em obras como "A Morte da Esperança" (1974), que retrata o sofrimento durante a guerra pela independência de Moçambique.



El Anatsui (Gana, 1944-)

Conhecido por suas esculturas inovadoras, El Anatsui trabalha com materiais recicláveis, como tampas de garrafas e metais descartados, criando grandes painéis flexíveis que desafiam as convenções da escultura tradicional. Sua obra "Gravity and Grace" (2010) exemplifica seu estilo, que une referências africanas à crítica do consumismo global.

 

Marlene Dumas (África do Sul, 1953-)

Nascida em 1953 na África do Sul, Marlene Dumas é uma pintora que reside nos Países Baixos. Conhecida por seus retratos expressivos, suas obras exploram temas de identidade, sexualidade e mortalidade. A pintura "The Painter" é uma de suas obras mais conhecidas, destacando seu estilo distintivo e abordagem emocionalmente carregada.



Chéri Samba (República Democrática do Congo, 1956-)

Um dos principais representantes da pintura popular congolesa, Chéri Samba utiliza cores vibrantes e elementos narrativos para abordar temas sociais e políticos. Sua obra "J’aime la couleur" (2003) celebra a identidade africana e discute a percepção da cor na arte e na sociedade.



William Kentridge (África do Sul, 1955-)

Embora seja mais conhecido por suas animações e instalações, William Kentridge também se destaca na pintura e escultura. Sua obra dialoga com a história do apartheid e suas consequências. "Felix in Exile" (1994), um curta-metragem animado em carvão, e suas esculturas da série "Procession" abordam deslocamentos e memórias da África do Sul.

 

Sokari Douglas Camp (Nigéria, 1958-)

Nascida em 1958 na Nigéria, Sokari Douglas Camp é uma escultora que utiliza principalmente o aço para criar obras que exploram a cultura e as tradições do povo Kalabari, do Delta do Níger. Suas esculturas frequentemente abordam temas de identidade, gênero e política. A obra "All the World is Now Richer" é uma série de esculturas que homenageiam as vítimas do comércio transatlântico de escravizados.

 

Julie Mehretu (Etiópia, 1970-)

Nascida em 1970 na Etiópia, Julie Mehretu é uma pintora que reside nos Estados Unidos. Conhecida por suas pinturas abstratas de grande escala, Mehretu incorpora elementos de arquitetura, cartografia e caligrafia árabe para criar composições complexas que abordam temas como migração, urbanização e mudanças climáticas. Sua obra "Black City" exemplifica seu estilo dinâmico e multifacetado.


Yinka Shonibare (Londres, 1962-)

Yinka Shonibare, nascido em 1962 no Reino Unido de ascendência nigeriana, é um artista que explora questões de colonialismo, identidade e globalização. Utilizando tecidos africanos de cera holandesa, ele cria esculturas, instalações e fotografias que questionam narrativas históricas e culturais. Uma de suas obras emblemáticas é "Nelson's Ship in a Bottle", uma escultura que esteve em exibição na Trafalgar Square, em Londres, simbolizando a interconexão entre culturas e histórias.



Wangechi Mutu (Quênia, 1972-)

Wangechi Mutu é uma artista multimídia que trabalha com colagem, escultura e vídeo, explorando temas como feminilidade, identidade e colonialismo. Suas esculturas, como "The Seated I-IV" (2019), desafiam padrões eurocêntricos de beleza e poder.

 

Amoako Boafo (República, 1958-)

Nascido em 1984 em Gana, Amoako Boafo ganhou destaque internacional por seus retratos vibrantes que celebram a identidade negra. Utilizando principalmente a técnica de pintura com os dedos, suas obras exploram a representação do corpo negro e desafiam estereótipos. A série "Black Diaspora" destaca seu estilo distinto e sua abordagem intimista.

 

Foto do artista Amoako Boafo em frente algumas de suas pinturas

Amoako Boafo é um artista ganês conhecido por seus retratos expressivos e vibrantes, nos quais explora identidade negra, autoestima e a diáspora africana por meio de uma técnica distintiva de pintura com os dedos.

 

 

Bili Bidjocka(Camarões, 1962-)

Nascido em 1962 em Duala, Camarões, é um artista contemporâneo reconhecido por suas instalações e esculturas que exploram temas como identidade, memória e a efemeridade da escrita. Entre suas obras mais notáveis estão "L'écriture infinie", uma série de livros manuscritos que refletem sobre a extinção da escrita manual na era digital, e "Take a Cab and Go for a Ride", uma instalação interativa apresentada na Dak'Art 2000, composta por 16 bandeiras espalhadas por Dakar, convidando o público a explorar a cidade.

 

Otobong Nkanga (Nigéria, 1974-)

Artista nigeriana cujas obras exploram temas como colonialismo, exploração de recursos naturais e memória cultural. Seu estilo transita entre diversas mídias, incluindo instalações, performances, tapeçarias e esculturas, frequentemente abordando a relação entre paisagens, materiais e histórias de extração mineral. Entre suas obras mais conhecidas, destacam-se "In Pursuit of Bling", que examina a exploração de minérios e seu impacto socioeconômico, e "The Weight of Scars", que reflete sobre as marcas deixadas pelo colonialismo na geografia e na identidade dos povos. Seu trabalho é marcado por uma estética detalhada e simbólica, na qual elementos naturais e industriais se combinam para questionar estruturas de poder e sustentabilidade.



Ben Enwonwu (Nigéria, 1917-1994)

Pioneiro da arte moderna africana, Ben Enwonwu combinou a tradição escultórica nigeriana com influências do modernismo europeu. Ele é conhecido por suas esculturas e pinturas que exaltam a cultura iorubá. Sua obra mais famosa é "Tutu" (1974), um retrato icônico da princesa Adetutu Ademiluyi, frequentemente chamado de "Mona Lisa Africana". Sua escultura "Anyawu" (1954), que representa uma divindade solar, é uma das mais importantes do modernismo africano.

 

Foto do artista africano Ben Enwonwu

Ben Enwonwu foi um dos pioneiros da arte moderna africana, combinando influências tradicionais nigerianas com estilos ocidentais para criar obras icônicas que celebram a identidade e a cultura africana.

 

 

 

 

Fontes:

 

https://www.dailyartmagazine.com/6-contemporary-african-artists/


https://en.wikipedia.org/wiki/Visual_arts_of_Sudan

 



Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)

Publicado em 01/02/2025