Duns Escoto

João Duns Escoto foi um teólogo e filósofo escocês da Alta Idade Média, que pertenceu a Escola Filosófica Escolástica.

 

Quem foi Duns Escoto?

 

John Duns Escoto foi um beato, teólogo e filósofo medieval escocês, associado à tradição da Filosofia Escolástica. É considerado um dos filósofos-teólogos mais significativos e influentes da Alta Idade Média, pois deixou um legado profundo nos campos da filosofia e teologia. Seu pensamento intrincado e matizado, que lhe rendeu o apelido de "Doutor Sutil", continua sendo objeto de estudo e admiração séculos após sua morte.

 

As contribuições filosóficas de Escoto são vastas e variadas, abordando teologia natural, metafísica, epistemologia e ética. Seu trabalho é caracterizado por uma abordagem analítica rigorosa e uma inclinação para abordar questões teológicas e filosóficas complexas com precisão e profundidade.

Biografia de Duns Escoto


John Duns Escoto nasceu na aldeia escocesa de Duns, perto da fronteira com a Inglaterra, por volta de 1265/66.

Pouco se sabe sobre sua vida inicial, mas é claro que ele foi profundamente influenciado pela tradição católica franciscana, ingressando na Ordem dos Frades Menores. 

Escoto foi ordenado sacerdote em 17 de março de 1291, o que sugere que ele nasceu antes de 17 de março de 1266.

Sua jornada acadêmica o levou a Oxford e depois a Paris, onde se tornou uma figura proeminente nos debates teológicos e filosóficos.


Em junho de 1303, Escoto se viu expulso da França devido ao seu apoio ao Papa Bonifácio VIII durante uma disputa com o rei francês. No entanto, ele retornou a Paris no final de 1303 após a morte de Bonifácio. 

Escoto tornou-se Doutor em Teologia em 1305 e serviu como mestre regente franciscano em Paris em 1306.

 

Seus últimos anos foram passados em Colônia (Alemanha), onde começou suas funções como leitor em outubro de 1307 e morreu em 1308.

 

Duns Escoto: um dos principais pensadores cristãos da Alta idade Média.

Principais ideias filosóficas de Duns Escoto:



• Univocidade do ser: uma das ideias mais influentes de Escoto é a univocidade do ser, que postula que o conceito de ser se aplica igualmente a Deus e às criaturas. Isso foi uma partida do pensamento predominante de que o ser é analógico, variando em significado quando aplicado a diferentes entidades. Escoto argumentou que, para um discurso significativo sobre Deus e criaturas, é necessário um entendimento comum do ser.


• Voluntarismo e a vontade: deu forte ênfase à vontade, tanto divina quanto humana, sobre o intelecto. Ele propôs que a vontade é o poder primário da alma, capaz de escolha livre. Esse voluntarismo sugere que decisões morais e divinas não são baseadas apenas na razão ou no intelecto, mas são atos da vontade.


• Provas da existência de Deus: Escoto desenvolveu argumentos complexos e originais para a existência de Deus, enfatizando Deus como a causa eficiente última, causa final e ser mais eminente. Suas provas buscavam estabelecer uma base racional para a crença na existência de Deus, partindo tanto do raciocínio filosófico quanto dos princípios teológicos.


• Teoria do conhecimento: Escoto argumentou contra o ceticismo e a necessidade de iluminação divina para o conhecimento humano, postulando que os humanos são capazes de atingir a verdade através do poder natural do intelecto. Ele distinguiu entre cognição intuitiva e abstrativa, contribuindo significativamente para a epistemologia medieval.


• Ética e Psicologia Moral: na ética, Escoto é conhecido por sua defesa de um voluntarismo moderado e o conceito da afeição da vontade pela justiça. Ele acreditava que as ações morais não são apenas a busca pela felicidade, mas são guiadas por uma inclinação inerente à justiça, que possibilita a verdadeira liberdade.

 

Principais obras:

 

Opus Oxoniense (Obra de Oxford): esta obra é uma coleção de comentários e lições que Escoto deu enquanto lecionava em Oxford. Trata-se de uma exposição detalhada de vários temas teológicos e filosóficos, incluindo a natureza de Deus, a criação e a ética.


Quaestiones de Metaphysica (Questões de Metafísica): neste trabalho, Escoto explora questões fundamentais da metafísica, como a existência e natureza de Deus, a relação entre substância e acidentes, e o problema dos universais.


De Primo Principio (Do Primeiro Princípio): este é um tratado metafísico no qual Escoto argumenta sobre a existência e natureza do primeiro princípio, ou Deus, e como todas as coisas derivam desse princípio supremo.

Qual foi o legado filosófico de Duns Escoto?

 

 

- Sua posição sobre a univocidade do ser foi influente e gerou muito debate e desenvolvimento filosófico adicional.

- Escoto é conhecido por seu desenvolvimento da distinção formal, uma maneira de categorizar distinções que não são puramente lógicas nem reais. Esse conceito foi influente nas discussões sobre a natureza dos universais e os atributos de Deus.

- É reconhecido por sua defesa do voluntarismo moderado em sua concepção do livre arbítrio. Essa visão postula que a vontade tem primazia sobre o intelecto, o que foi uma partida do intelectualismo de pensadores como Tomás de Aquino.

- Fez distinções importantes entre cognição intuitiva e abstrativa, que estruturaram grande parte da discussão subsequente sobre cognição.

- O trabalho de Escoto em metafísica e teologia natural, incluindo seus argumentos complexos para a existência de Deus, tem sido considerado uma proeza filosófica.

- As ideias de Escoto tiveram um impacto considerável tanto no pensamento católico quanto no secular. Sua concepção inovadora dos universais, individuação e seus argumentos para a existência de Deus inspiraram um amplo seguimento e brilhantes contra-argumentos.

 

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Publicado em 23/02/2024

Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)