Funcionalismo na Filosofia da Mente

O Funcionalismo é uma teoria que considera os estados mentais em termos de sua utilidade e papel no comportamento adaptativo.

Funcionalismo: conexões entre a filosofia e psicologia.
Funcionalismo: conexões entre a filosofia e psicologia.

 

O que é o Funcionalismo?

 

O funcionalismo na filosofia, particularmente dentro da filosofia da mente, é uma teoria significativa e influente que busca explicar a natureza dos estados mentais. Essa teoria propõe que os estados mentais são definidos não pela sua constituição interna ou pelo material do qual são feitos, mas pela função que desempenham dentro de um sistema, especificamente, o papel que desempenham no sistema cognitivo de um organismo.


O funcionalismo argumenta que o que faz algo ser um estado mental, como um pensamento, desejo ou dor, não é sua composição interna, mas sim sua função ou o papel que desempenha dentro do sistema cognitivo do qual faz parte. Essa perspectiva está enraizada na ideia de que a identidade de um estado mental é determinada por suas relações causais com entradas sensoriais, outros estados mentais e saídas comportamentais. Essa abordagem permite a possibilidade de que o mesmo estado mental possa ser realizado de maneiras diferentes em diferentes organismos, um conceito conhecido como realizabilidade múltipla.



Principais características e ideias filosóficas:


Uma das características centrais do funcionalismo é sua ênfase nos papéis causais dos estados mentais, focando em como esses estados interagem com outros estados, entradas sensoriais e saídas comportamentais. Essa perspectiva é uma partida das visões tradicionais que identificam estados mentais com seu substrato físico ou biológico, como os estados cerebrais.


O funcionalismo também introduz o conceito de realizabilidade múltipla, sugerindo que um único estado mental pode ser instanciado em diferentes sistemas físicos, desde que cumpram o mesmo papel funcional. Essa ideia apoia a noção de que mentes poderiam potencialmente existir em sistemas não biológicos, como computadores ou robôs, desde que esses sistemas exibam a organização funcional apropriada.


Outra ideia chave no funcionalismo é sua oposição tanto ao behaviorismo quanto ao dualismo cartesiano. Ao contrário do behaviorismo, que reduz os estados mentais a comportamentos observáveis, o funcionalismo reconhece a importância dos estados internos e seus papéis causais. E ao contrário do dualismo cartesiano, que postula uma separação estrita entre mente e corpo, o funcionalismo oferece uma visão mais integrada que acomoda a realização física dos estados mentais.



Exemplos de Filósofos do Funcionalismo:


Hilary Putnam (1926-2016): frequentemente creditado com o desenvolvimento do funcionalismo, Putnam introduziu o conceito no contexto da inteligência artificial e teorias computacionais da mente. Seu trabalho seminal, "Minds and Machines" (1960), lançou as bases para entender os estados mentais em termos de seus papéis funcionais. Putnam desenvolveu ainda mais suas ideias em "The Nature of Mental States" (1967), onde articulou a teoria da realizabilidade múltipla.


Jerry Fodor (1935-2017): um defensor proeminente do funcionalismo, Fodor argumentou pela modularidade da mente em seus trabalhos, sugerindo que os processos mentais são compostos de módulos distintos, definidos funcionalmente. Seu livro influente, "The Modularity of Mind" (1983), explora essa ideia em profundidade, contribuindo significativamente para a ciência cognitiva e a filosofia da mente.


David Lewis (1941-2001): contribuiu para o desenvolvimento do funcionalismo ao propor uma maneira sistemática de definir estados mentais funcionalmente. Em seu artigo "Mad Pain and Martian Pain" (1980), Lewis discute como os estados mentais podem ser definidos funcionalmente em diferentes seres, enfatizando a flexibilidade e inclusividade da teoria.


Daniel Dennett (1942-): é conhecido por seu trabalho sobre a filosofia da mente e consciência a partir de uma perspectiva funcionalista. Em "The Intentional Stance" (1987), ele argumenta que entender os estados mentais envolve adotar uma "postura intencional", prevendo comportamentos com base na suposição de que as entidades têm crenças e desejos determinados por seus papéis funcionais.

 

Foto em preto e branco do filósofo Hilary Putnam.

Hilary Putnam: um dos principais pensadores do funcionalismo na filosofia da mente.



Qual o legado filosófico do Funcionalismo?

 

O funcionalismo teve uma profunda influência na filosofia da mente, ciência cognitiva e inteligência artificial, oferecendo uma estrutura que acomoda a complexidade e diversidade dos fenômenos mentais. Por meio das contribuições desses e outros filósofos, o funcionalismo continua sendo uma teoria central e debatida na compreensão da natureza da mente e da consciência.

 

Foto colorida do filósofo Jerry Fodor

Jerry Fodor: filósofo norte-americano de grande relevância no funcionalismo ligado à filosofia da mente.

 

 



Publicado em 20/03/2024


Por Equipe Sua Pesquisa