Economia dos Hebreus na Antiguidade
A economia dos hebreus na antiguidade era baseada na agropecuária, no pastoralismo e no comércio, com destaque para a produção de cereais, azeite, vinho e a criação de rebanhos, além das trocas realizadas em mercados locais e rotas comerciais.

Introdução
A economia do povo hebreu na Antiguidade (dos séculos do período monárquico e pós-monárquico, antes da dominação persa em 539 a.C.) foi moldada por fatores geográficos, sociais e religiosos, refletindo sua organização tribal e, posteriormente, monárquica. Ao longo do período bíblico, os hebreus passaram por diferentes fases econômicas, desde o nomadismo até a consolidação de uma sociedade agrária e comercial. A terra ocupava um papel central na estrutura econômica, assim como o comércio e a atividade pastoril.
Principais características da economia hebraica:
• Pastoralismo: durante os primeiros estágios da história hebraica, a economia era predominantemente pastoril. Ovelhas, cabras e bovinos eram criados para obtenção de leite, lã, carne e couro, sendo essenciais para a subsistência e para o comércio.
• Agricultura: com o assentamento na região de Canaã, a economia tornou-se essencialmente agrícola. O cultivo de cereais, como trigo e cevada, além de vinhas e oliveiras, tornou-se a base da subsistência e do comércio.
• Trabalho artesanal: os hebreus desenvolveram habilidades em diversos ofícios, como a tecelagem, a produção de cerâmica, a metalurgia e a carpintaria, atividades que complementavam a economia agrícola.
• Comércio: apesar de não serem conhecidos como um povo essencialmente mercantil, os hebreus participavam de trocas comerciais com povos vizinhos, como os fenícios e egípcios. Produtos agrícolas, tecidos e metais eram comercializados em mercados locais e com nações estrangeiras.
• Legislação econômica: a economia hebraica era regulada por princípios religiosos e sociais presentes na Torá. O ano sabático e o Jubileu, por exemplo, estabeleciam períodos de descanso para a terra e a redistribuição de propriedades, evitando a concentração excessiva de riquezas.
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Nos primeiros tempos da sociedade hebraica da Antiguidade, o pastoralismo foi fundamental, garantindo sustento, mobilidade e identidade cultural em uma sociedade nômade e agropecuária. |
Importância da terra e da agricultura na economia hebraica
A posse da terra era fundamental para os hebreus, pois representava não apenas um meio de sustento, mas também um elemento essencial na identidade e na relação do povo com Deus. O território prometido aos hebreus, conforme descrito nas escrituras, era visto como um dom divino, e sua ocupação e cultivo estavam diretamente ligados à observância dos mandamentos religiosos.
A agricultura era a base da economia hebraica após a fixação em Canaã. Os cereais, como trigo e cevada, eram os principais alimentos cultivados e serviam como base da alimentação. A videira e a oliveira também eram essenciais, fornecendo vinho e azeite, produtos valorizados tanto para consumo interno quanto para comércio. Além disso, a pecuária complementava a produção agrícola, garantindo carne, leite e couro.
O trabalho agrícola era realizado por famílias camponesas, que possuíam pequenas propriedades. Durante a monarquia, no entanto, surgiram grandes latifúndios pertencentes à nobreza, gerando desigualdade social. Mesmo assim, as leis mosaicas garantiam certos direitos aos camponeses, estabelecendo a redistribuição periódica das terras para evitar sua concentração.
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O cultivo de azeitonas foi uma importante atividade econômica na sociedade hebraica antiga. |
O papel do comércio e do mercado na época bíblica
O comércio desempenhou um papel relevante na economia hebraica, especialmente durante o período monárquico. Embora os hebreus não tenham sido um povo predominantemente mercantil, eles mantiveram relações comerciais com diversos povos do Oriente Próximo.
Os hebreus comercializavam produtos agrícolas, como trigo, azeite e vinho, além de manufaturas como tecidos e objetos metálicos. Em troca, importavam mercadorias de alto valor, como metais preciosos, cedro do Líbano e especiarias. Os fenícios foram importantes parceiros comerciais dos hebreus, fornecendo madeira e tecnologia naval em troca de produtos agrícolas e manufaturados.
Os mercados locais eram espaços de troca e venda de produtos, onde os agricultores e artesãos podiam comercializar seus bens. O Templo de Jerusalém também possuía um papel econômico relevante, funcionando como um centro de arrecadação e distribuição de tributos, além de ser um local de transações financeiras.
As normas religiosas influenciavam o comércio, estabelecendo princípios de justiça e equidade nas transações. A usura, por exemplo, era condenada entre os próprios hebreus, e o sistema de dízimos e tributos ajudava na manutenção da estrutura social e religiosa.
Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)
Publicado em 17/02/2025
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Bibliografia e vídeos indicados:
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. São Paulo: CPAD, 1969.
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