Ganesha

Ganesha é uma divindade hindu conhecida como o removedor de obstáculos e a divindade dos começos.

 

Quem é Ganesha?

Ganesha, também conhecido como Ganapati, Vinayaka e Pillaiyar, é uma das divindades mais conhecidas e adoradas do panteão do hinduísmo. Ele é o deus hindu dos começos com cabeça de elefante, tradicionalmente adorado antes de qualquer grande empreendimento. Ganesha é o patrono dos intelectuais, banqueiros, escribas e autores. Seu nome significa tanto “Senhor do Povo” (gana significa o povo comum) quanto “Senhor dos Ganas” (Ganesha é o chefe dos ganas, as hostes de Xiva).


Origem e Mitologia de Ganesha


Ganesha é filho de Xiva e Parvati e é irmão de Karthikeya (ou Subrahmanya), o deus da guerra. Ele foi criado por sua mãe usando terra que ela moldou no formato de um menino. Enquanto Xiva estava ausente em suas andanças meditativas, Parvati colocou seu novo filho como guarda enquanto ela tomava banho. Quando Xiva retornou e encontrou Ganesha guardando a entrada, ocorreu um confronto, resultando em Xiva decepando a cabeça de Ganesha. Este infeliz incidente levou a uma série de eventos que culminaram com Ganesha recebendo uma cabeça de elefante e sendo restaurado à vida.



Aparência e simbolismo


A forma de Ganesha carrega um simbolismo profundo. Sua cabeça de elefante representa sabedoria, inteligência e memória. As orelhas grandes simbolizam a importância da escuta ativa e da receptividade, enquanto a tromba significa adaptabilidade e capacidade de superar obstáculos. A presa quebrada de Ganesha simboliza o sacrifício e a importância de abandonar o ego. Seu veículo (vahana) é o grande rato bandicoot indiano, que simboliza a capacidade de Ganesha de superar qualquer coisa para conseguir o que deseja.

Ganesha (1746): se preparando para lançar seu lótus.

Significado e importância de Ganesha na cultura e religiosidade hindu


Ganesha é um removedor de obstáculos e é tradicionalmente adorado antes de qualquer grande empreendimento. Ele é o representante dos intelectuais, banqueiros e escritores. Sua presença é considerada auspiciosa, e os ídolos de Ganesha são adorados em lares e templos hindus em todo o mundo. Ganesha carrega um simbolismo profundo e tem um significado imenso na cultura hindu. Sua cabeça de elefante representa sabedoria, inteligência e memória.



Festivais e celebrações para Ganesha


O festival mais significativo dedicado a Ganesha é o "Ganesh Chaturthi", um festival de 10 dias que marca o nascimento de Ganesha. Começa no quarto dia (chaturthi) do mês de Bhadrapada (agosto-setembro). No início do festival, os ídolos de Ganesha são colocados em plataformas elevadas nas casas ou em tendas exteriores elaboradamente decoradas. A adoração começa com o pranapratishtha, ritual para invocar a vida nos ídolos, seguido pelo shhodashopachara, ou as formas de prestar tributo. No final do festival, os ídolos são transportados para os rios locais em enormes procissões acompanhadas de batidas de tambores, cantos devocionais e danças.

 

Estátua de Ganesha (século XIII)

Ganesha em outras religiões e o sincretismo

 

No Budismo, Ganesha é conhecido como Vināyaka, Vighnāntaka ou Gaṇapati e é venerado em várias tradições do Budismo Mahayana. Ele é considerado um protetor do mal, um removedor de obstáculos (físicos e mentais), um benfeitor geral, uma divindade da riqueza e uma divindade da alegria e do prazer. No Budismo Tibetano, ele também é conhecido como o "Senhor Vermelho das Hostes". No Budismo Japonês, ele é conhecido como Kangiten ou Shōten. O Vināyaka budista é comumente entendido como uma emanação do bodhisattva Avalokiteshvara ou do Buda Vairocana. No Jainismo, Ganesha é adorado por alguns jainistas, para quem parece ter assumido certas funções de Kubera. Ele é considerado a divindade da boa sorte, dos novos empreendimentos e da sabedoria.


A reverência de Ganesha no Budismo e no Jainismo reflete o sincretismo religioso na Índia, que é a mistura de sistemas de crenças religiosas num novo sistema, ou a incorporação de outras crenças numa tradição religiosa existente. Isto pode ocorrer por muitas razões, quando as tradições religiosas existem próximas umas das outras, ou quando uma cultura é conquistada e os conquistadores trazem consigo as suas crenças religiosas. A diversidade de religiões na Índia resulta em sincretismo, em que as práticas e crenças religiosas muitas vezes influenciam e moldam umas às outras, de modo que surgem novos sistemas de crenças e práticas. Isto é evidente na adoração de Ganesha, uma divindade hindu, por budistas e jainistas, refletindo a coexistência e mutualidade de diferentes tradições religiosas dentro da mesma sociedade.

 

Ganesha com quatro braços (representação mais comum). Imagem do começo do século XIX.

 

 

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Publicado em 07/05/2024

Por Jefferson Evandro M. Ramos (graduado em História pela USP)