Mitologia Fenícia

A mitologia fenícia é marcada por um panteão de deuses ligados à natureza, à fertilidade e ao comércio, destacando-se pela influência em culturas vizinhas, como a grega e a mesopotâmica, e por refletir a conexão marítima e comercial de seu povo.

Anate: irmã de Baal na mitologia fenícia.
Anate: irmã de Baal na mitologia fenícia.

 

Introdução


A mitologia fenícia representa as crenças religiosas e culturais de uma das civilizações marítimas mais influentes do mundo antigo. Surgindo na região correspondente ao atual Líbano, os fenícios eram conhecidos por suas redes de comércio, navegação avançada e pela disseminação do alfabeto. Sua mitologia reflete uma mistura de crenças indígenas e influências externas de culturas vizinhas, como os egípcios, mesopotâmicos e gregos.



Características gerais da mitologia fenícia:


• Religião Politeísta: a mitologia fenícia apresentava um panteão de deuses, cada um responsável por diferentes aspectos da vida, da natureza e do cosmos.


• Conexão com a natureza: as divindades frequentemente estavam associadas a elementos da natureza, como o mar, a fertilidade e as tempestades, refletindo os aspectos marítimos e agrícolas da sociedade fenícia.


• Sincretismo: devido ao seu extenso comércio, os fenícios absorveram e integraram elementos de outras mitologias, tornando seu panteão diversificado e adaptável.


• Foco na fertilidade e prosperidade: muitos rituais e divindades enfatizavam a fertilidade, a agricultura e a riqueza, alinhando-se com sua dependência do comércio e dos recursos naturais.


• Sacrifícios rituais: evidências arqueológicas sugerem que os fenícios realizavam rituais, incluindo sacrifícios, para honrar seus deuses e buscar o favor divino.



Principais deuses da mitologia fenícia:


• El: o deus supremo e pai dos deuses, El era uma figura criadora que governava os céus. Simbolizava autoridade, sabedoria e longevidade.


• Baal:
um deus da tempestade e da fertilidade, Baal era uma das divindades mais proeminentes, associado à chuva, à agricultura e à vitória em batalhas. Seu culto se espalhou pelo Mediterrâneo.


• Astarte (Ashtart): deusa da fertilidade, do amor e da guerra, Astarte era amplamente venerada e frequentemente equiparada a outras deusas, como Ishtar e Afrodite.


• Melcarte:
considerado frequentemente o deus patrono de Tiro, Melcarte estava associado ao mar, ao comércio e ao pós vida, refletindo a cultura marítima dos fenícios.


• Eshmun
: um deus da cura e da saúde, Eshmun era reverenciado nas cidades fenícias e mais tarde foi sincretizado com o deus grego Asclépio.

• Dagom: deus venerado pelos fenícios e outros povos semitas do Oriente Médio, associado à fertilidade, à agricultura e aos grãos. Representado frequentemente com traços híbridos (geralmente homem e peixe), ele era visto como uma figura de grande importância para a subsistência das comunidades agrícolas.


• Anate: deusa fenícia, conhecida como uma divindade guerreira e protetora, associada à fertilidade e frequentemente descrita como irmã do deus Baal.

 

 

Estátua do deus fenício Melcarte

Melcarte: deus patrono da cidade fenícia de Tiro.




Outras criaturas ou seres mitológicos:



- Tannin: um dragão ou serpente marinha, Tannin aparecia na mitologia fenícia e simbolizava o caos e as forças indomadas do mar. Essa criatura é semelhante ao Leviatã de mitologias próximas.



- Hipocampo: representado como um cavalo com a cauda de um peixe, frequentemente associado ao mar e à navegação, uma habilidade crucial para os fenícios. Essa criatura é compartilhada entre as mitologias fenícia e grega.

 

- Rephaim: espíritos ancestrais semidivinos ou sombras dos mortos, acreditava-se que os Rephaim residiam no submundo e, às vezes, eram invocados em rituais.

 

Pintura representando o monstro mitológico fenício chamado Tannin. Ele possui rosto humano num corpo de serpente com várias cabeças.

Tannin: exemplo de criatura mitológica fenícia.

 



Exemplos de mitos fenícios:


- O Conflito Entre Baal e Mot: este mito narra a luta cíclica entre Baal, o deus da fertilidade e da chuva, e Mot, o deus da morte e da seca. Nesta história, a morte de Baal pelas mãos de Mot leva a um período de esterilidade na Terra. A eventual ressurreição de Baal, auxiliada por sua irmã Anat, restaura a fertilidade e o equilíbrio, simbolizando o ciclo das estações.


- O Mito da Criação de El e Asherah
: na cosmologia fenícia, El e Asherah, a deusa-mãe, são descritos como criadores dos primeiros deuses e responsáveis pela organização do universo. Este mito enfatiza o papel central de El e Asherah como progenitores da vida e do equilíbrio, destacando sua adoração como divindades fundamentais no panteão.  

 

 



Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela FFLCH-USP)

Publicado em 01/12/2024