Reino de Cuxe

Saiba mais neste texto sobre a história do reino e suas principais características políticas, econômicas e culturais.

Ruínas de pirâmides de Meroe do Reino de Cuxe
Ruínas de pirâmides de Meroe do Reino de Cuxe

 

O que foi e período histórico

 

O Reino de Cuxe, também conhecido como Antiga Núbia, foi um reino africano da Antiguidade. Existiu, aproximadamente, entre 2.000 a.C. e 350 d.C. Teve início na região sudeste do continente africano, mais especificamente nos planaltos da Núbia (atual Sudão). A capital do reino ficava na cidade de Napata.

 

A palavra “Kush” era o nome que os egípcios davam para a região da Núbia.

 

Muitos historiadores consideram o Reino de Cuxe um dos mais importantes Estados da Antiguidade na África.



Principais características (econômicas, políticas e culturais) e fatos históricos:

 

• O poder político ficava concentrado nas mãos de um rei. Este era considerado uma espécie de representante de deus para o povo. Vale dizer que a mãe do rei também possuía grande prestígio social e importância política no Reino de Cuxe.

 

• A exemplo de seus vizinhos egípcios, possuíam uma religião politeísta (acreditavam na existência de vários deuses). Os deuses cuchitas eram antropozoomórficos (seres humanos e animais misturados).

 

• Também acreditavam na vida após a morte. Enterravam os mortos (reis e sacerdotes, principalmente) em tumbas em forma de pirâmides.

 

• Os cuchitas receberam forte influência política, principalmente através da dominação militar, dos egípcios. Mesmo assim, desenvolveram uma rica cultura própria.

 

• Por volta do fim do século XX a.C., com o enfraquecimento do Império Egípcio, o Reino de Cuxe conseguiu sua autonomia política.

 

• Em 747 a.C., o rei cuchita Pianjy conseguiu dominar o Alto Egito, estabelecendo a XXV Dinastia Egípcia.

 

• Em 715 a.C., o faraó cuchita Shabako conseguiu unificar o Egito, colocando sua dinastia no comando do reino. O domínio cuchita no Egito durou até o ano de 654 a.C., quando a região foi dominada pelos assírios.

 

• No final do século VI a.C., a capital do Reino de Cuxe foi transferida para Méroe (situada na região sul da Núbia).

 

• A economia do Reino de Cuxe era muito dinâmica e diversificada. Viviam da agricultura (às margens do rio Nilo) e do comércio. O comércio marítimo, praticado nas águas do Mar Vermelho, também teve grande destaque.

 

• O artesanato também era muito desenvolvido. Faziam objetos de ouro, marfim e ébano. Também dominavam as técnicas de fundição de ferro.

 

• Com relação à arquitetura, construíram palácios, pirâmides e templos. Ela teve grande influência dos egípcios.

 

• Grande parte das cidades do reino ficavam localizadas às margens do rio Nilo.

 

• Possuíam uma escrita baseada num alfabeto. Porém, esta ainda não foi devidamente decifrada.

 

• A partir do século II a.C. surgiram as candaces no Reino de Cuxe. Eram mulheres da nobreza que governavam o reino de forma independente, ou seja, sem a interferência de nobres do sexo masculino.

 

Estatuetas negras de três reis núbios

Estatuetas de três reis núbios do Reino de Cuxe.

 

 

A arte do reino de Cuxe

 

• A iconografia muitas vezes refletia a do antigo Egito, com a arte do reino de Cuxe retratando seus reis como faraós e adotando muitos dos mesmos deuses e símbolos. No entanto, os artistas cuxitas também incorporaram elementos distintivos que refletiam a sua própria identidade cultural.


• O Reino de Cuxe é conhecido por suas pirâmides, que foram construídas como tumbas para reis e rainhas. Essas pirâmides eram tipicamente mais íngremes e menores que as egípcias.


• Semelhante à estatuária egípcia, as estátuas cuxitas representavam frequentemente a realeza e divindades. No entanto, eles também exibiam características distintivas, como corpos e rostos mais cheios, bem como diferentes coroas e cocares que significavam trajes reais cuxitas.


• A escultura em relevo era comum, com cenas representando os reis de Cuxe em batalhas, rituais e interações com deuses. Esses relevos às vezes incluíam inscrições hieroglíficas.


• A cerâmica de Cuxe era variada, com algumas imitando estilos egípcios e outras seguindo as tradições locais. A cerâmica cuxita incluía vasos de fabricação fina e paredes finas, geralmente com acabamento preto polido.


• O ouro era abundante no reino e as joias cuxitas eram complexas e sofisticadas. Os artesãos confeccionavam colares, brincos e pulseiras elaborados, que muitas vezes tinham significado religioso e simbólico.


• Embora poucos exemplos tenham sobrevivido, pinturas murais em tumbas e templos retratavam temas religiosos de estilo egípcio e cenas da vida cotidiana.


• A arte cuxita utilizou materiais locais, como ouro, prata e pedras preciosas, junto com itens importados que refletem as extensas redes comerciais do reino.

 

Estatueta de bronze de uma pessoa

Estatueta de bronze: exemplo da arte do Reino de Cuxe

 

 

Fim do Reino de Cuxe

 

Por volta de meados do século III, o Reino de Cuxe passou por uma grave crise. A falta de recursos minerais e a concorrência comercial na região de Mar Vermelho enfraqueceram a economia do até então próspero reino africano. Em 350, o Reino de Cuxe foi dominado pelo Império de Axum, localizado na região norte da atual Etiópia.

 

Natacamani, rei do reino de Cuxe

Natacamani: rei do reino de Cuxe

 

 

 



Atualizado em 06/11/2023

Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).