Unificação da Itália

A unificação italiana ocorreu em 1870. Antes deste processo, a Península itálica era formada por diversos reinos, ducados e estados pontifícios.

Vitor Emanuel II: primeiro rei da Itália
Vitor Emanuel II: primeiro rei da Itália

 

Península Itálica antes da Unificação: antecedentes


Na segunda metade do século XIX, a Península Itálica estava dividida em vários reinos, que eram Estados independentes. Alguns destes reinos eram, inclusive, governados de forma autoritária por famílias reais da Áustria e da França. A Igreja Católica também tinha grande poder político em algumas regiões.

 

Neste contexto, não havia unificação de leis, moeda, língua e sistema político. Portanto, ainda não havia um país com nome de Itália com poder centralizado.



As principais causas da unificação foram:


• A região norte da Península Itálica, principalmente o reino de Piemonte-Sardenha, era muito mais desenvolvida do que o centro e o sul. Interessava à nobreza e, principalmente, à burguesia industrial que ocorresse a unificação, pois assim aumentaria o mercado consumidor, além de facilitar o comércio com a unificação de padrões, impostos, moeda, etc. Portanto, o movimento de unificação teve início e foi liderado pelo reino de Piemonte-Sardenha.

 

• A propagação de ideias nacionalistas pela Europa, em parte inspiradas pela Revolução Francesa e pelas Guerras Napoleônicas, acendeu o desejo entre os italianos de formar uma nação unificada.

 

• A península italiana estava fragmentada e em grande parte sob o controle de potências estrangeiras como os austríacos no norte, os espanhóis e mais tarde os reis Bourbon no sul, e os Estados Papais no centro. O enfraquecimento do domínio desses governantes estrangeiros ao longo do século XIX criou uma oportunidade para a unificação.

 

• Figuras-chave como Giuseppe Mazzini, que fundou o movimento "Jovem Itália", idealizaram uma Itália unida e inspiraram as massas. O Conde Camillo di Cavour, primeiro-ministro do Reino da Sardenha, negociou e criou a estratégia para expandir o território de seu reino. Giuseppe Garibaldi, um revolucionário carismático, liderou campanhas militares que uniram o sul da Itália ao norte.



Processo e Guerras de Unificação


O processo de unificação italiana não foi pacífico. O Império Austro-Húngaro não queria ceder os reinos controlados pelas famílias reais austríacas.

 

Em 1859, com apoio de movimentos populares, liderados por Giuseppe Garibaldi, e de tropas francesas, os piemonteses entraram em guerra contra o Império Áustro-Húngaro. Vencedores, os piemonteses conquistaram o reino da Lombardia. Foi o primeiro passo em direção à unificação.

 

No ano seguinte, com apoio de movimentos populares, ocorreu a anexação ao Piemonte dos reinos papais de Parma, Modena, Romagna e Toscana.

 

Ainda em 1860, tropas piemontesas e os "camisas vermelhas", liderados por Garibaldi, incorporam o reino das Duas Sicílias (sul da Península Itálica).

 

Em 1861, os Estados Pontifícios (governados pela Igreja Católica) foram anexados à Alta Itália. Formou-se assim o Reino da Itália que teve como primeiro rei Vitor Emanuel II.

 

No ano de 1866, os italianos, com apoio da Prússia, anexaram o reino de Veneza, que até então era governado pelos austríacos.

 

Foto de Giuseppe Garibaldi

Giuseppe Garibaldi (1807-1882): guerrilheiro e general, teve grande importância no processo de unificação italiana.



A Questão Romana

 

Faltava apenas anexar Roma, que era a capital do Estado da Igreja Católica. Nesta época, Roma era muito bem protegida por militares da França. Porém, em 1870, a França entrou em guerra contra a Prússia, sendo que as tropas francesas instalada em Roma foram convocadas para a guerra. Sem a proteção militar francesa, os italianos conquistaram a cidade, transformando-a na capital da Itália, que teve sua unificação concluída.


A Igreja Católica só reconheceu o Estado Italiano em 1929, através do Tratado de Latrão. Esse acordo foi firmado entre Benito Mussolini (ditador italiano) e o Papa Pio XI. A Igreja Católica reconheceu o Estado da Itália em troca da criação do Estado do Vaticano e do recebimento de indenizações por perdas territoriais relativas à anexação de regiões católicas no processo de unificação.

 

Papa Pio XI e Mussolini assinando o Tratado de Latrão em 1929

Papa Pio XI e Mussolini assinando o Tratado de Latrão em 1929: finalização do processo de unificação da Itália.

 

 

 



Atualizado em 16/11/2023

Autor: Professor Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).