Maoris

Os maori são o povo indígena da Nova Zelândia, descendentes dos primeiros habitantes da região que chegaram por volta do século XIII, conhecidos por sua rica cultura, língua própria e tradições ancestrais como a haka e a arte da tatuagem facial.

 

Quem são


Os maori são o povo indígena da Nova Zelândia, conhecidos por sua cultura rica, tradições únicas e uma conexão duradoura com suas terras ancestrais. Eles representam cerca de 16% da população do país e são reconhecidos como "tangata whenua", ou “povo da terra”. Os maori são um povo polinésio, compartilhando laços linguísticos e culturais com outros grupos das ilhas do Oceano Pacífico.

Origem dos maori


Acredita-se que os maori tenham migrado para a Nova Zelândia em canoas a partir da Polinésia, especialmente da região hoje identificada como Polinésia Oriental, por volta de 1200 d.C. Sua chegada marcou a última grande migração humana para terras inabitadas. De acordo com as tradições orais maori, seus ancestrais vieram em sete canoas, ou "waka", que continuam sendo significativas em sua mitologia e identidade. Os maori adaptaram-se ao clima mais frio da Nova Zelândia, criando uma cultura distinta que mescla sua herança polinésia com o novo ambiente.

Características da Cultura maori:


1. Arte: a arte maori é altamente simbólica, apresentando entalhes intrincados, padrões tecidos e narrativas visuais. Esculturas em madeira, osso e jade, além das tatuagens tradicionais ("ta moko"), são formas expressivas de sua arte.

2. Língua: o idioma maori, "te reo maori", é uma língua oficial da Nova Zelândia e desempenha um papel central na identidade maori. Faz parte da família linguística austronésia e tem passado por um processo de revitalização nas últimas décadas.

3. Tradições: os costumes maori incluem o "haka", uma dança tradicional de guerra que demonstra força e união, e o "powhiri", uma cerimônia de boas-vindas aos visitantes. Muitos rituais estão ligados ao respeito pelos ancestrais e à natureza.

4. Organização social: a sociedade maori é tradicionalmente organizada em grupos tribais chamados "iwi", subtribos ("hapu") e famílias extensas ("whanau"). A liderança e as decisões geralmente giram em torno dos anciãos e chefes ("rangatira").

 

Escultura maori

Religião maori


A visão de mundo tradicional dos maori é profundamente espiritual, centrada na crença em deuses ("atua"), ancestrais e na interconexão de todos os seres vivos. Conceitos-chave incluem "mana" (autoridade e poder espiritual) e "tapu" (sacralidade). Muitos mitos maori explicam a criação do mundo e os fenômenos naturais, com figuras como Maui e Rangi (Pai Céu) e Papa (Mãe Terra) ocupando papéis centrais. Com o tempo, muitos maori adotaram o cristianismo, mas elementos da espiritualidade tradicional continuam sendo parte essencial de suas práticas culturais.

Como vivem


A vida moderna dos maori combina práticas tradicionais e contemporâneas. Os maori participam ativamente dos âmbitos político, econômico e cultural da Nova Zelândia, frequentemente defendendo a preservação de seus direitos e cultura. Socialmente, os maori mantêm fortes laços comunitários por meio dos "marae", locais de encontro comunitário que funcionam como centros para cerimônias e reuniões.


Em termos de trabalho e atividades econômicas, os maori atuam em diversas indústrias, incluindo agricultura, pesca, silvicultura e turismo. Empresas de propriedade maori geralmente focam em práticas sustentáveis e no patrimônio cultural, como guiar o ecoturismo e oferecer experiências culturais. Apesar de suas contribuições significativas, as comunidades maori ainda enfrentam desafios, incluindo desigualdades em saúde, educação e renda em comparação com as populações não maori.

 

Te Puni foi um respeitado líder maori do século XIX, chefe do iwi Te Āti Awa, conhecido por facilitar a convivência pacífica entre maoris e colonizadores europeus na Nova Zelândia.

Tatuagens maori e seus significados


As tatuagens maori, conhecidas como "ta moko", são mais do que arte decorativa; são expressões profundas de identidade, status e herança. Cada tatuagem é única, simbolizando a linhagem, conquistas e papel social do indivíduo. Para os homens, o "ta moko" tradicionalmente adornava o rosto, as coxas e as nádegas, enquanto as mulheres recebiam tatuagens no queixo e nos lábios. Os padrões frequentemente apresentam espirais, curvas e designs geométricos, refletindo histórias ancestrais e conexões com a terra. Hoje, o "ta moko" continua sendo uma prática cultural poderosa, simbolizando o orgulho na identidade maori e a continuidade com seus ancestrais.

A mitologia maori

 

A mitologia do povo maori é uma tradição rica e espiritual profundamente conectada ao ambiente natural, às estruturas sociais e à sua cosmologia. Ela tem suas raízes na tradição oral, com mitos que explicam a criação do mundo, as origens da vida e os valores morais que regem a sociedade.

Um dos mitos fundamentais é a história de Rangi e Papa, o Pai Céu e a Mãe Terra, cujo abraço eterno mergulhava o mundo na escuridão. Seus filhos, desejando luz e espaço, conspiraram para separá-los. Tane, o deus das florestas, conseguiu ao empurrar os pais para longe um do outro, criando os céus e a terra. Esse mito explica a divisão do mundo natural e o amor duradouro de Rangi e Papa, cujas lágrimas e suspiros são vistos como a chuva e a névoa.

Outro conto significativo é o de Māui, um semideus conhecido por sua astúcia e bravura. Em uma história famosa, Māui desacelera o sol ao capturá-lo com cordas e espancá-lo, garantindo mais horas de luz para a humanidade. Este mito reflete a importância do equilíbrio entre os humanos e a natureza e celebra a engenhosidade como meio de superar desafios.

A lenda de Hine-nui-te-pō, a deusa da morte, oferece percepções sobre as crenças maori em relação à mortalidade. Hine, nascida como filha de Tane, tornou-se a deusa do submundo após descobrir que seu pai também era seu criador. Dominada pela vergonha, ela desceu ao mundo espiritual, onde agora guia as almas dos mortos. Sua história ilustra temas como identidade, transição e a natureza cíclica da vida e da morte.

Resiliência e preservação cultural

O povo maori da Nova Zelândia exemplifica uma notável resiliência e dedicação à preservação cultural, mesmo diante de desafios históricos. Apesar dos impactos da colonização, incluindo o confisco de terras e a supressão de sua língua e tradições, os maori têm trabalhado incansavelmente para reivindicar e revitalizar sua identidade cultural. Esforços como a revitalização da língua maori (te reo maori) por meio de programas educacionais e a criação dos Kohanga Reo (ninhos de língua) têm sido fundamentais. Além disso, o renascimento de práticas tradicionais como o kapa haka (artes performáticas) e a celebração do Matariki (Ano Novo maori) destaca o compromisso deles com a preservação de sua herança. Por meio dessas iniciativas e de sua defesa pela autodeterminação, os maori continuam a prosperar, equilibrando a preservação de seu legado ancestral com uma participação ativa na sociedade contemporânea.

 

Bandeira Maori: também conhecida como Tino Rangatiratanga, foi criada em 1990 para simbolizar a soberania Maori, a unidade e a conexão com a terra, o mar e o céu.

 

 

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Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)

Publicado em 15/12/2024