Arquitetura da China Antiga
A arquitetura chinesa antiga apresenta fortes relações com a religião, sociedade e história.
Introdução
A arquitetura da Antiga China se destaca como um testemunho da engenhosidade e estética de uma civilização que influenciou o mundo por milênios. Com uma história que abrange várias dinastias e incorpora uma variedade de estilos regionais, a arquitetura chinesa é distinguida por sua abordagem única à forma, espaço e simbolismo. Os edifícios da Antiga China não eram meras estruturas, mas estavam imbuídos de significado cultural e filosófico, refletindo a complexa interação entre a humanidade e o cosmos, conforme percebido pela mente chinesa.
Características da Arquitetura Antiga Chinesa:
• A arquitetura antiga chinesa possui várias características distintas que a diferenciam de outras tradições arquitetônicas. Uma das mais importantes é a ênfase no eixo horizontal e na simetria, que cria uma sensação de equilíbrio e harmonia.
• Telhados com beirais salientes, cantos virados para cima e suportes de madeira intrincados (dougong) também são marcas registradas desse estilo. Esses telhados não eram apenas esteticamente agradáveis, mas também funcionais, pois ofereciam proteção contra o clima severo. O uso de estruturas de madeira na construção permitia edifícios que eram flexíveis e resistentes, capazes de suportar terremotos e outros desastres naturais.
• O conceito de Feng Shui, significando "vento e água", desempenhou um papel crucial na colocação e orientação dos edifícios, com o objetivo de alcançar harmonia com o ambiente natural. As cores eram usadas simbolicamente, com o vermelho representando boa sorte e o amarelo frequentemente reservado para o imperador. Pátios e jardins eram partes integrantes do design, servindo como espaços tranquilos para reflexão e comunhão com a natureza.
Tipos de edifícios na Antiga China, suas características e funções:
A arquitetura antiga chinesa abrangia uma variedade de tipos de edifícios, cada um servindo funções específicas e refletindo a natureza hierárquica da sociedade.
Palácios imperiais, como a Cidade Proibida em Pequim, eram complexos extensos que abrigavam o imperador e sua corte, exibindo o esplendor e o poder da dinastia governante. Esses palácios eram frequentemente cercados por muralhas maciças e apresentavam uma série de portões e pátios que levavam aos santuários internos.
Edifícios religiosos, incluindo templos budistas, mosteiros taoístas e santuários confucionistas, foram projetados para inspirar admiração e facilitar a prática espiritual. Pagodes, com suas torres de vários andares, tornaram-se estruturas icônicas que frequentemente abrigavam relíquias e escrituras sagradas. O design em camadas simbolizava a ascensão à iluminação.
Edifícios residenciais comuns eram tipicamente modestos em comparação com estruturas imperiais e religiosas. O siheyuan, ou casa com pátio, era uma moradia urbana comum que proporcionava um espaço privado voltado para dentro para famílias extensas. Em áreas rurais, as moradias eram construídas com materiais locais e projetadas para suportar o clima específico da região.
Grande Muralha da China: uma das construções mais conhecidas da China Antiga. |
Exemplos de Edifícios da Antiga China:
A Grande Muralha da China: estendendo-se por milhares de quilômetros pelo norte da China, é talvez a façanha arquitetônica mais icônica da Antiga China. Originalmente construída para proteger contra invasões, é um testemunho das capacidades de engenharia dos chineses.
A Cidade Proibida: com seus grandes salões e espaços cerimoniais, permanece um símbolo do poder imperial e da sofisticação arquitetônica. Seu layout, baseado em princípios confucionistas, pretendia refletir a ordem cósmica.
O Templo do Céu em Pequim: onde os imperadores realizavam rituais por boas colheitas, é outro exemplo da significância espiritual e cosmológica da arquitetura. Seu design circular representa o Céu, contrastando com a terra quadrada, e suas dimensões e layout estão cheios de simbolismo numerológico.
Portão da Grandeza Divina: integra o complexo arquitetônico da Cidade Proibida |
Publicado em 26/02/2024
Por Jefferson Evandro M. Ramos (graduado em História pela USP)
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Bibliografia Indicada
Fonte de referência do artigo:
- ZEVI, B. Saber ver a arquitetura. Tradução de Lúcia Perrone. São Paulo: Editora Editora Unesp, 2009