A Escrita Maia

A escrita maia, composta por glifos logossilábicos, era um sistema sofisticado utilizado para registrar eventos políticos, religiosos e astronômicos, sendo dominada por escribas e membros da elite.

Os escribas eram os detentores dos conhecimetnos sobre a escrita maia.
Os escribas eram os detentores dos conhecimetnos sobre a escrita maia.


Introdução


A escrita maia é um dos sistemas de escrita mais sofisticados e enigmáticos da Mesoamérica. Utilizada pela civilização maia entre os séculos III e XVI, essa forma de registro combina elementos fonéticos e logográficos, permitindo a transcrição de uma vasta gama de informações, desde eventos políticos e religiosos até registros astronômicos. Apesar da destruição de grande parte dos documentos maias durante a colonização espanhola, pesquisadores conseguiram decifrar uma parte significativa dessa escrita, lançando luz sobre a cultura e o pensamento desse povo.



Principais características da escrita maia:


- Sistema logo-silábico: a escrita maia combina logogramas, que representam palavras inteiras, com símbolos fonéticos que indicam sílabas. Esse sistema híbrido permitia uma comunicação detalhada e flexível, adaptando-se a diferentes contextos.


- Escrita hieroglífica: os maias desenvolveram uma escrita altamente pictórica, composta por glifos detalhados e artisticamente elaborados. Esses hieróglifos eram esculpidos em pedra, pintados em cerâmica e escritos em códices, refletindo o alto nível artístico da civilização.


- Estrutura modular:
os glifos maias eram organizados em blocos estruturados, geralmente dispostos em colunas duplas que deviam ser lidas da esquerda para a direita e de cima para baixo. Essa disposição seguia um padrão rigoroso, tornando a leitura sistemática.



Como era o alfabeto maia


Os maias não utilizavam um alfabeto como os sistemas ocidentais modernos, mas sim um conjunto de glifos que representavam palavras e sílabas. O sistema era parcialmente fonético, possuindo cerca de 800 glifos diferentes, dos quais aproximadamente 200 eram de uso comum. Esses símbolos podiam ser combinados de diferentes maneiras para formar palavras e frases, permitindo a transcrição de uma ampla variedade de conceitos. Além disso, o mesmo som podia ser representado por diferentes glifos, o que tornava o sistema complexo e altamente especializado.

 

Foto de um vaso de cerâmica decorado com a escrita maia
Vaso de cerâmica com presença da escrita maia.




Quais as funções da escrita na civilização maia?


- Registro histórico e político: inscrições em monumentos de pedra narravam a genealogia de governantes, conquistas militares e alianças políticas. Esses registros serviam para legitimar o poder dos líderes e preservar a memória dos eventos mais importantes.


- Religião e mitologia: a escrita era usada para registrar mitos e práticas religiosas, incluindo rituais, oferendas e crenças sobre os deuses. Muitos textos sagrados estavam presentes nos códices maias, detalhando calendários rituais e previsões astrológicas.


- Astronomia e calendário: os maias possuíam um conhecimento avançado sobre astronomia e registravam suas observações em textos escritos. A precisão de seu calendário dependia desses registros, que auxiliavam na determinação de períodos agrícolas e festividades religiosas.

 

Relevo maia com presença de um texto da escrita maia e figuras humanas

Relevo com presença da escrita maia.




Fontes históricas com a escrita maia:


- Monumentos e estelas: estruturas de pedra com inscrições hieroglíficas foram encontradas em diversas cidades maias, como Copán, Palenque e Tikal. Esses registros fornecem informações sobre governantes, eventos políticos e práticas religiosas.


- Códices maias: são manuscritos dobráveis feitos de papel de casca de figueira e cobertos por uma fina camada de gesso. Apenas quatro códices sobreviveram à destruição colonial: o Códice de Dresden, o Códice de Madri, o Códice de Paris e o Códice Grolier. Eles contêm informações astronômicas, calendários e práticas religiosas.


- Cerâmicas e murais: muitos vasos e pinturas murais apresentam inscrições que descrevem cerimônias, oferendas e a vida cotidiana dos maias. Essas fontes são fundamentais para entender a sociedade e as tradições dessa civilização.

 

Quem dominava a escrita na civilização maia?

 

Na civilização maia, a escrita era um conhecimento restrito a uma elite composta principalmente por escribas, sacerdotes e membros da nobreza. Os escribas eram altamente treinados e ocupavam uma posição de prestígio na sociedade, sendo responsáveis por registrar eventos políticos, religiosos e astronômicos em monumentos, códices e cerâmicas.


Os sacerdotes também desempenhavam um papel fundamental no uso da escrita, pois eram os guardiões do conhecimento astronômico e ritualístico. Eles utilizavam os registros escritos para prever eclipses, determinar as datas das cerimônias religiosas e administrar o calendário maia.


Além disso, os governantes tinham acesso à escrita e ordenavam frequentemente a produção de inscrições para legitimar seu poder e registrar suas conquistas. Como a escrita era um símbolo de status e poder, sua disseminação entre a população em geral era limitada, tornando-a uma ferramenta essencial da elite para o controle e a preservação da história e das tradições maias.

 

Você sabia?

 

Embora grande parte da escrita maia tenha sido perdida devido à destruição promovida pelos colonizadores espanhóis, os estudos modernos e os avanços na decifração dos glifos permitiram a reconstrução de uma parte significativa de sua história. Dessa forma, a escrita maia continua a revelar detalhes importantes sobre essa civilização fascinante.

 

Imagem do Códice de Paris com texto da escrita maia

O Códice de Paris, também conhecido como Códice Peresiano, é um manuscrito pré-colombiano que contém informações astronômicas, calendáricas e rituais. Ele é composto por glifos e imagens que descrevem previsões divinatórias e práticas cerimoniais, refletindo a importância da escrita maia para o conhecimento religioso e a organização do tempo. Preservado na Biblioteca Nacional da França, esse códice é uma fonte valiosa para o estudo da civilização maia e de seu complexo sistema de escrita.

 

 

 


 


Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)

Publicado em 25/02/2025