Quem foi Roland Barthes?
Roland Barthes foi um influente teórico literário, semiólogo e crítico cultural francês, conhecido por suas análises sobre os signos, a linguagem e a relação entre texto e significado.
Quem foi Roland Barthes
Roland Barthes foi um teórico literário, filósofo, crítico e semiólogo francês. Seus trabalhos atravessaram disciplinas como estruturalismo, pós-estruturalismo e semiótica, exercendo um impacto profundo na teoria literária e na crítica cultural. Barthes desafiou noções tradicionais de autoria, linguagem e significado, explorando como textos e artefatos culturais geram significados na sociedade.
Biografia resumida de Roland Barthes
Roland Barthes nasceu em 12 de novembro de 1915, em Cherbourg, França. Seus primeiros anos foram marcados por dificuldades pessoais e financeiras, especialmente após a morte de seu pai na Primeira Guerra Mundial. Barthes destacou-se academicamente, frequentando o Lycée Louis-le-Grand e, mais tarde, a Sorbonne, onde estudou letras clássicas.
Problemas de saúde, incluindo episódios recorrentes de tuberculose, interromperam seus planos de carreira, obrigando-o a longos períodos em sanatórios.
Apesar desses contratempos, Barthes começou a publicar ensaios no final da década de 1940. Sua trajetória intelectual ganhou destaque nos anos 1950 com o lançamento de sua obra revolucionária “Mitologias” (1957). Barthes continuou a expandir seus referenciais teóricos com trabalhos notáveis, como “S/Z” (1970) e “O Prazer do Texto” (1973).
Um trágico acidente (atropelamento) levou à sua morte prematura em 26 de março de 1980, em Paris.
Roland Barthes: importante nome da semiologia, filosofia e crítica literária do século XX. |
A concepção de literatura para Roland Barthes
Para Barthes, a literatura não era apenas um repositório de significados fixos, mas um espaço ativo de interpretação e interação. Ele via os textos como sistemas abertos, ricos em polissemia (múltiplos significados). Essa ideia é evidente em sua obra “S/Z”, onde ele analisou o conto “Sarrasine”, de Balzac, demonstrando como narrativas literárias geram interpretações infinitas. Barthes considerava a literatura um espaço de libertação, onde a linguagem podia ser desconstruída e reconstruída, rompendo com convenções tradicionais.
O papel da linguagem
Para Barthes, a linguagem era tanto uma ferramenta quanto uma limitação. Ele argumentava que a linguagem molda e restringe o pensamento, mediando nossa compreensão da realidade. Baseando-se na linguística saussuriana, Barthes enfatizou a natureza arbitrária dos signos linguísticos e sua dependência de convenções sociais. Ele acreditava que o estudo da linguagem revela as estruturas subjacentes da cultura e da ideologia, como demonstrado em suas análises semióticas de textos e artefatos culturais.
O que é mito para Barthes
Na concepção de Barthes, mitos não são falsidades, mas sistemas de significado socialmente construídos. Ele explorou essa ideia em “Mitologias”, onde analisou fenômenos culturais como propagandas, luta livre e alimentação. Para Barthes, os mitos transformam realidades históricas e culturais em narrativas naturalizadas, mascarando suas bases ideológicas. Esse processo serve para perpetuar estruturas de poder dominantes ao apresentar valores culturais específicos como verdades universais e atemporais.
A Semiótica
A semiótica, o estudo dos signos e símbolos, foi central nas investigações intelectuais de Barthes. Ele expandiu o referencial estruturalista de Ferdinand de Saussure, aplicando-o a textos culturais. Barthes propôs que todas as formas de comunicação, da literatura às propagandas, operam dentro de sistemas de significação. Por meio de suas análises semióticas, ele demonstrou como esses sistemas produzem significados e reforçam ideologias. Seus conceitos de denotação e conotação permanecem influentes nos estudos culturais e na teoria da mídia.
Outras teorias e ideias filosóficas de Roland Barthes:
• Além de seu trabalho sobre literatura, linguagem e mito, Barthes explorou o conceito de textualidade, onde o foco desloca-se do autor para o leitor como o principal responsável pela criação de sentido. Em “A Morte do Autor”, ele argumentou que o significado de um texto não reside nas intenções do autor, mas nas interpretações do leitor.
• Barthes também examinou a noção de “prazer” na leitura, distinguindo entre “prazer” (“plaisir”) e “êxtase” (“jouissance”). Suas obras tardias refletem uma abordagem mais pessoal e introspectiva, como visto em “A Câmara Clara”, uma meditação sobre fotografia e memória.
Principais obras:
• “A Morte do Autor” (1967) desafia a crítica literária tradicional ao afirmar que a identidade e as intenções do autor são irrelevantes para o significado de um texto. Barthes sustenta que a interação do leitor com o texto é o que gera sentido, libertando-o de interpretações fixas.
• “Mitologias” (1957) é uma coletânea de ensaios que desconstrói fenômenos culturais do cotidiano, revelando os “mitos” ideológicos neles embutidos. Barthes disseca objetos, práticas e mídias para expor como perpetuam normas sociais dominantes.
• “Fragmentos de um Discurso Amoroso” (1977) oferece uma exploração semi-autobiográfica do amor e do desejo. A obra é estruturada como uma série de reflexões sobre a linguagem e a experiência do amor, capturando suas complexidades e contradições.
Exemplos de frases de Roland Barthes:
“A linguagem é uma pele: eu esfrego minha linguagem contra a do outro.”
“Ler é encontrar significados, e encontrar significados é nomeá-los.”
“O nascimento do leitor deve ser pago com a morte do autor.”
“O mito é um tipo de discurso escolhido pela história.”
“O que a fotografia reproduz ao infinito ocorreu apenas uma vez.”
SAIBA MAIS:
Para aprofundar no tema, recomendamos a leitura da tese de mestrado de Fúvia Fernandes Pereira, cujo título é Roland Barthes e o que se escreve antes de se começar a escrever (arquivo pdf).
Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)
Publicado em 14/12/2024
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