Pirâmides Astecas

As pirâmides astecas, como a famosa Pirâmide do Sol em Teotihuacán, eram estruturas monumentais construídas para fins religiosos e cerimoniais, servindo como centros de culto e oferendas aos deuses.

O que são as pirâmides astecas?


As pirâmides astecas são monumentos impressionantes que atestam a engenhosidade, espiritualidade e poder da civilização asteca, que floresceu no centro do México entre os séculos XIV e XVI. Essas enormes estruturas, construídas como plataformas escalonadas com topos planos, eram usadas principalmente para cerimônias religiosas, como sacrifícios aos deuses.

Chamadas de teocalli (que significa "casas dos deuses"), as pirâmides eram erguidas no centro de grandes áreas urbanas e consideradas espaços sagrados. No topo das pirâmides, localizavam-se templos onde sacerdotes realizavam rituais para honrar divindades importantes, como Huitzilopochtli, o deus da guerra e do sol, e Tlaloc, o deus da chuva. Diferentemente das pirâmides egípcias, que serviam como túmulos, as pirâmides astecas eram utilizadas como altares e locais de adoração, conectando o mundo físico ao divino e desempenhando um papel central na vida religiosa e política da sociedade asteca.

Como os astecas construíam suas pirâmides?


A construção das pirâmides astecas era um processo complexo que refletia a sociedade altamente organizada e habilidosa dos astecas. Eles empregavam uma força de trabalho composta por artesãos, engenheiros e trabalhadores comuns. As pirâmides eram geralmente construídas em camadas, à medida que governantes sucessivos expandiam e renovavam estruturas já existentes, o que significa que algumas pirâmides possuem várias camadas de pirâmides antigas dentro de novas.


Os astecas usavam uma combinação de materiais locais, como pedra vulcânica (como o tezontle), calcário e tijolos de adobe. Os trabalhadores criavam um núcleo sólido de terra e entulho, que era então revestido com camadas de pedra talhada para formar a aparência característica das pirâmides em degraus. A forma escalonada, comum na arquitetura mesoamericana, era uma escolha prática que oferecia estabilidade em uma região propensa a terremotos, distribuindo o peso de maneira uniforme.


Além disso, a construção dessas pirâmides exigia conhecimento avançado de geometria e astronomia. Muitas eram alinhadas com eventos celestiais, como os solstícios, refletindo a crença dos astecas na conexão entre os deuses e os céus. Os templos no topo eram frequentemente alinhados com os pontos cardeais, e suas orientações podiam ser ajustadas para a divindade específica a que eram dedicados.

Características da arquitetura das pirâmides astecas:


• As pirâmides astecas eram monumentais tanto em tamanho quanto em design, normalmente erguidas sobre grandes plataformas acessíveis por amplas escadarias. No exterior, eram frequentemente adornadas com estuque e tinta coloridos, que representavam cenas religiosas, símbolos e divindades.

• Muitas pirâmides exibiam complexas esculturas em pedra de animais, serpentes e figuras humanas, com as serpentes tendo um significado especial, simbolizando forças terrenas e celestiais.


• No topo das pirâmides, havia um ou mais templos, pequenos, mas ricamente decorados. Esses templos, dedicados a deuses astecas específicos, muitas vezes apresentavam santuários duplos (um para cada divindade, caso mais de um deus fosse honrado na mesma estrutura). Os templos continham objetos sagrados, altares para sacrifícios e oferendas, e eram considerados as moradas dos próprios deuses.


• Internamente, as pirâmides eram geralmente maciças, sem grandes câmaras internas, ao contrário das pirâmides egípcias, que serviam como estruturas funerárias. No entanto, algumas pirâmides, como a Grande Pirâmide de Tenochtitlan, continham camadas de versões anteriores da pirâmide, criando uma estrutura interna de pirâmides menores dentro da maior. Essa prática de construir sobre pirâmides mais antigas preservava as camadas anteriores, criando um registro histórico dentro da estrutura.

 

Pirâmide do Sol de Teotihuacan

Principais funções das pirâmides na civilização asteca


As pirâmides desempenhavam um papel central na sociedade asteca, servindo a múltiplas funções importantes, tais como:


• Cerimônias religiosas: a função principal das pirâmides astecas era religiosa. As pirâmides serviam como templos onde sacerdotes astecas realizavam rituais, incluindo oferendas de alimentos, flores e sangue. Sacrifícios humanos, uma parte significativa da religião asteca, eram realizados no topo dessas pirâmides, com a crença de que esses atos nutriam os deuses e garantiam o equilíbrio cósmico. As vítimas eram frequentemente prisioneiros de guerra, e seus corações eram oferecidos a deidades como Huitzilopochtli para garantir o nascer do sol e a prosperidade do povo asteca.


• Simbolismo político: também simbolizavam o poder e a legitimidade dos governantes que as construíam. Um novo governante poderia construir ou expandir uma pirâmide para demonstrar sua autoridade, ligando seu reinado ao favor divino. As pirâmides eram, portanto, símbolos poderosos tanto de devoção religiosa quanto de força política.


• Alinhamentos astronômicos: muitas pirâmides astecas eram alinhadas com eventos astronômicos, como solstícios e equinócios, mostrando a importância do cosmos na vida religiosa asteca. Os templos no topo das pirâmides funcionavam como pontos de observação, ligando os movimentos do Sol, da Lua e das estrelas aos ciclos agrícolas e religiosos.


• Centros comunitários: as pirâmides eram frequentemente o ponto focal dos centros urbanos, cercadas por praças onde ocorriam festivais, mercados e reuniões políticas. O espaço ao redor das pirâmides era um lugar onde a comunidade se reunia para fins cívicos e religiosos, reforçando o papel dessas estruturas como centros da vida cotidiana.

Exemplos de importantes pirâmides astecas:


Templo Mayor (Tenochtitlan, atual Cidade do México)

O Templo Mayor foi a estrutura religiosa mais importante na capital asteca de Tenochtitlan. Era uma pirâmide dupla, com dois templos no topo: um dedicado a Huitzilopochtli, o deus da guerra, e o outro a Tlaloc, o deus da chuva. A pirâmide foi expandida várias vezes durante sua história, refletindo o crescimento da cidade e o poder crescente do império asteca. Com cerca de 60 metros de altura, o Templo Mayor foi o local de grandes cerimônias, incluindo sacrifícios humanos, destinados a honrar os deuses e garantir, segundo as crenças astecas,  a prosperidade da cidade.



Pirâmide do Sol (Teotihuacan)

Embora construída por uma civilização anterior aos astecas, a Pirâmide do Sol na antiga cidade de Teotihuacan tinha grande significado para os astecas, que acreditavam que a cidade era um lugar sagrado onde os deuses haviam criado o sol e a lua. Os astecas consideravam Teotihuacan um local de peregrinação. A pirâmide, com 65 metros de altura, é uma das maiores da Mesoamérica. Foi construída sobre uma caverna, possivelmente simbolizando o útero da terra, ligando-a aos mitos de criação.



Pirâmide da Lua (Teotihuacan)

Também localizada em Teotihuacan, a Pirâmide da Lua era a segunda em tamanho, perdendo apenas para a Pirâmide do Sol. Era dedicada à Grande Deusa de Teotihuacan, associada à fertilidade e à terra. A pirâmide, com 43 metros de altura, fazia parte de um complexo que incluía praças cerimoniais e plataformas. Assim como a Pirâmide do Sol, era significativa para os astecas devido à importância religiosa da cidade. A estrutura estava alinhada com a montanha sagrada Cerro Gordo e era usada tanto para observações astronômicas quanto para cerimônias religiosas.



Pirâmide de Tenayuca (Tenayuca, ao norte da Cidade do México)

A Pirâmide de Tenayuca era uma pirâmide asteca menor, mas altamente significativa, localizada no que hoje é o norte da Cidade do México. Ela é conhecida por sua associação com o culto a Huitzilopochtli e por seu design único, que apresentava um muro circundante decorado com cabeças de serpentes em pedra, o que lhe rendeu o apelido de "Muro das Serpentes". A pirâmide foi construída em etapas, assim como o Templo Mayor, e reflete o desenvolvimento dos estilos arquitetônicos astecas ao longo do tempo. Tenayuca desempenhou um papel importante na fase inicial da expansão asteca.

 

Piramide de Tenayuca

 

 

 

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Por Jefferson Evandro M. Ramos (graduado em História pela USP)

Artigo publicado em 22/09/2024