O que foi o Criticismo na Filosofia?

O criticismo é uma corrente filosófica, desenvolvida por Immanuel Kant, que busca analisar os limites e as capacidades do conhecimento humano, conciliando empirismo e racionalismo.

Busto de Kant: o principal representante do criticismo filosófico.
Busto de Kant: o principal representante do criticismo filosófico.

 

Conceito


O Criticismo é uma corrente filosófica que busca estabelecer os limites e as possibilidades do conhecimento humano, com base em uma análise criteriosa das condições que tornam o saber possível. Sua principal preocupação reside na investigação da relação entre sujeito e objeto no processo de conhecimento, evitando tanto o dogmatismo quanto o ceticismo. O Criticismo é caracterizado por seu foco em criticar as bases do conhecimento, promovendo um exame rigoroso sobre os fundamentos da razão e da experiência.

 

Origem e contexto histórico

 

A origem do Criticismo remonta ao século XVIII, em um contexto marcado pelo Iluminismo e pela valorização da razão como instrumento de progresso. Nesse período, o pensamento filosófico buscava superar tanto as certezas dogmáticas das tradições religiosas quanto o ceticismo radical que questionava qualquer possibilidade de conhecimento. Immanuel Kant, um dos maiores expoentes do Criticismo, desenvolveu sua filosofia como uma resposta às limitações das visões racionalistas e empiristas predominantes na época.


Principais características e fundamentos do Criticismo:

 

• Ênfase na análise crítica da razão, examinando suas capacidades e limites.

• Investigação dos limites do conhecimento humano, definindo o que pode ou não ser conhecido.

• Busca por critérios universais que fundamentem o saber, evitando subjetivismos.

• Rejeição ao dogmatismo, que aceita verdades sem questionamento.

• Oposição ao ceticismo extremo, que nega a possibilidade de conhecimento.

• Fundamentação na distinção entre fenômenos (o que pode ser conhecido) e númenos (a realidade em si, inacessível ao conhecimento humano).

• Concepção de que a mente humana possui estruturas a priori que organizam a experiência sensível.

 

Retrato pintado do filósofo Immanuel Kant

Immanuel Kant (1724-1804) fundamental para o criticismo ao estabelecer que o conhecimento humano é limitado pelas estruturas da mente, propondo a crítica como método para investigar os limites e possibilidades do entendimento.




Principais filósofos representantes:

 

Immanuel Kant é a figura central do Criticismo, mas não a única. Outros pensadores influenciados por essa corrente incluem Johann Gottlieb Fichte, Friedrich Schelling e Friedrich Hegel, que, mesmo divergindo em suas interpretações, ampliaram o legado crítico ao integrar elementos do idealismo alemão.




Contribuição de Kant para o Criticismo


Kant é amplamente reconhecido como o fundador do Criticismo por suas obras fundamentais, como "Crítica da Razão Pura" e "Crítica da Razão Prática".

A contribuição de Kant para o Criticismo é inigualável. Ele introduziu a ideia de que o conhecimento humano é possível apenas por meio da interação entre sensibilidade (dados da experiência) e entendimento (categorias racionais). Sua filosofia critica as limitações tanto do empirismo, que confia apenas nos sentidos, quanto do racionalismo, que supervaloriza a razão. Kant propôs que as condições para o conhecimento são transcendentes e universais, estabelecendo um novo paradigma na filosofia.

 

Os impactos do Criticismo na filosofia moderna e contemporânea

 

Os impactos do Criticismo na filosofia moderna e contemporânea são profundos e significativos. Ele influenciou não apenas a epistemologia, mas também a ética, a estética e a metafísica. Movimentos filosóficos como o idealismo alemão, o existencialismo e até mesmo correntes pós-modernas refletem, direta ou indiretamente, os questionamentos levantados pelo Criticismo. Além disso, o enfoque na análise crítica da razão continua a inspirar debates sobre os fundamentos do conhecimento, reafirmando a relevância do Criticismo para o pensamento filosófico atual.

 

 

 


 

Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)

Publicado em 02/01/2025