Guilherme de Ockham

Guilherme de Ockham foi um filósofo medieval do século XIV.

Guilherme de Ockham: um dos grandes nomes da filosofia medieval.
Guilherme de Ockham: um dos grandes nomes da filosofia medieval.


Quem foi

Guilherme de Ockham (seu nome em inglês era William of Ockham) foi um teólogo católico, apologista e filósofo escolástico da Alta Idade Média. Ockham é mais conhecido por seu princípio de nominalismo metafísico e o princípio metodológico conhecido como "Navalha de Ockham". Sua vida foi incomumente movimentada para um filósofo, marcada por suas significativas contribuições em diversos domínios da filosofia medieval, incluindo lógica, física, teoria do conhecimento, ética, filosofia política e teologia.

 

Biografia resumida

 

Ockham nasceu por volta de 1287 (não há registro da data exata) na vila de Ockham, em Surrey, a sudoeste de Londres.

 

A educação inicial de Ockham foi profundamente enraizada na lógica, uma base que sustentaria toda a sua carreira acadêmica. Ele estudou na Universidade de Oxford, onde se envolveu profundamente com as obras de Aristóteles e outros filósofos clássicos, mas deixou a universidade sem obter seu mestrado em teologia devido à oposição de membros da faculdade.

 

Seu trabalho acadêmico não foi sem controvérsias. Em 1324, Ockham foi convocado a Avignon, França, para se defender contra acusações de heresia, marcando o início de seus conflitos com a autoridade papal. Ele passou grande parte de sua vida posterior em Munique, Baviera.

 

Apesar de suas disputas com a Igreja, Ockham permaneceu católico romano, embora algumas de suas visões, como a falibilidade dos concílios da igreja e a crítica à autoridade papal, antecipassem aspectos do pensamento protestante.

 

Guilherme de Ockham morreu em 9 de abril de 1347, com 59 ou 60 anos, na cidade de Munique, então Sacro Império Romano-Germânico.

 

Representação de Guilherme de Ockham em um vritral

Guilherme de Ockham: um dos grandes nomes da filosofia escolástica medieval.



Principais Ideias Filosóficas:



A filosofia de Guilherme de Ockham foi caracterizada por uma abordagem radical que continua a influenciar debates filosóficos contemporâneos. Seu princípio de simplicidade, famosamente conhecido como "Navalha de Ockham", defende a eliminação de entidades desnecessárias em explicações, afirmando que a explicação mais simples é frequentemente a correta.

Em metafísica, ele defendeu o nominalismo, argumentando que essências universais, como humanidade, são meramente conceitos na mente, em vez de entidades existentes independentemente. Essa postura marcou uma significativa partida das filosofias realistas predominantes de sua época.


Em epistemologia, Ockham era um defensor do empirismo realista direto. Ele acreditava que os seres humanos percebem objetos através de "cognição intuitiva" sem a intermediação de ideias inatas, estabelecendo as bases para o conhecimento baseado em evidências empíricas. Suas teorias lógicas, particularmente sua versão da teoria da suposição, visavam apoiar seu compromisso com a linguagem mental e explicar como as palavras carregam significado.


As visões teológicas de Ockham foram igualmente inovadoras. Ele era um fideísta, mantendo que a crença em Deus é uma questão de fé, em vez de conhecimento. Ele argumentou contra as provas da existência de Deus, afirmando que a teologia não é uma ciência.

 

Sua ética era baseada na teoria do comando divino, enfatizando que os princípios morais são fundamentados na vontade de Deus.

 


Principais obras de Ockham:



A produção acadêmica de Ockham foi prolífica, cobrindo uma ampla gama de assuntos. Algumas de suas obras notáveis incluem:



- O Trabalho de Noventa Dias (1332–34): esta obra volumosa foi escrita por Ockham sozinho e reflete seu engajamento com questões políticas, particularmente suas disputas com o papado.


- Carta aos Frades Menores (1334): nesta carta, Ockham se dirige a seus companheiros franciscanos, provavelmente discutindo questões teológicas ou filosóficas pertinentes à ordem religiosa.


- Discurso Breve (1341–42): embora o conteúdo específico deste discurso não seja detalhado, provavelmente contribuiu para os argumentos filosóficos ou teológicos de Ockham.


- Diálogo (c. 1334–46): esta obra, que abrange vários anos, mostra o método de inquérito filosófico de Ockham através de um formato dialógico, permitindo-lhe explorar e debater várias questões filosóficas e teológicas.



Exemplos de frases de Ockham:

 

- "A explicação que requer o menor número de suposições é mais provável de estar correta."


- "Entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade."


- "É inútil fazer com mais o que pode ser feito com menos."

 

 

Legado e importância

 

As contribuições de Ockham para a filosofia, teologia e lógica foram profundas e duradouras. Sua insistência no princípio da simplicidade e sua abordagem nominalista em relação aos universais desafiaram a ortodoxia filosófica de seu tempo, estabelecendo as bases para a investigação filosófica moderna. Suas obras, caracterizadas por uma lógica rigorosa e uma postura crítica em relação às autoridades estabelecidas, continuam a ser estudadas por sua visão sobre questões filosóficas medievais e contemporâneas.

 

 


 

Publicado em 26/03/2024

Por Jefferson Evandro M. Ramos (graduado em História pela USP).