Karl Popper

Karl Popper foi um filósofo da ciência austríaco do século XX.

Karl Popper: um dos principais pensadores do século XX.
Karl Popper: um dos principais pensadores do século XX.

 

Quem foi Karl Popper?

 

Karl Popper é reconhecido como uma figura proeminente na filosofia do século XX, especialmente nas áreas de filosofia da ciência e filosofia política. Sua jornada intelectual, marcada por uma busca incansável pelo conhecimento e um compromisso profundo com o racionalismo e o pensamento crítico, deixou uma marca importantíssima na forma como compreendemos a ciência, o conhecimento e a sociedade.

 

Karl Raimund Popper (nome completo) nasceu em 28 de julho de 1902, em Viena, Áustria. Faleceu em 17 de setembro de 1994, aos 92 anos, na cidade de Londres (Reino Unido).



Sua formação intelectual e filosófica

 

Popper foi criado em um ambiente repleto de curiosidade intelectual e riqueza cultural. Seus pais, de origem judaica, eram altamente educados e incutiram nele um amor pelo aprendizado e pela indagação crítica. A exposição precoce de Popper às obras de Marx e Freud, juntamente com sua testemunha dos tumultos sociopolíticos na Áustria pós-Primeira Guerra Mundial, desempenhou um papel crucial na formação de sua visão filosófica.


Apesar de inicialmente flertar com o marxismo, Popper tornou-se desiludido com sua natureza determinista e dogmática, especialmente à luz do surgimento do fascismo e da falha das forças democráticas na Áustria. Essa desilusão, aliada à sua exposição às teorias científicas de Albert Einstein, catalisou a crítica de Popper ao historicismo, ao determinismo e aos fundamentos metodológicos do que ele chamou de 'pseudo-ciências'.




Principais ideias filosóficas:


Contrariamente à visão indutivista predominante, que sustentava que as teorias científicas são verificadas por meio do acúmulo de evidências empíricas, Popper argumentou que as teorias nunca podem ser verificadas conclusivamente, mas apenas falseadas. Isso o levou a defender uma abordagem crítica e conjectural à ciência, onde as teorias são rigorosamente testadas e permanecem provisórias até uma possível falseação.


Em "A Lógica da Descoberta Científica", Popper estabeleceu as bases para sua metodologia de falseação, desafiando a abordagem indutiva tradicional e enfatizando a importância de conjecturas ousadas e tentativas rigorosas de refutá-las. Suas ideias influenciaram significativamente a filosofia da ciência, mudando o foco da verificação para o teste crítico de teorias.


A filosofia política de Popper, articulada em obras como "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos" e "A Miséria do Historicismo", reflete seu profundo compromisso com a democracia liberal e sua forte oposição ao totalitarismo. Ele criticou a abordagem historicista das ciências sociais, que ele via como sustentando ideologias autoritárias ao postular leis previsíveis de desenvolvimento histórico. Em vez disso, Popper defendeu uma sociedade aberta, caracterizada pela liberdade individual, racionalismo crítico e uma abordagem gradualista à engenharia social.

 

Foto do filósofo Karl Popper, homem idoso de cabelos brancos

Karl Popper: importante representante da Filosofia da Ciência no século XX.

 

 

Principais obras:

 

- A Lógica da Pesquisa Científica (1934)


- A Sociedade Aberta e Seus Inimigos (1945)


- A Miséria do Historicismo
(1944)


- Conjecturas e Refutações (1963)


- Objetivo do Conhecimento: Uma Abordagem Evolucionária (1972)

- O Universo Aberto: Um Argumento a Favor do Indeterminismo (1982)

 

 

O que é a Teoria da Falseabilidade de Popper?

 

A teoria da falsificabilidade de Karl Popper propõe que, para uma teoria ser considerada científica, ela deve ser capaz de ser provada falsa. Esse critério distingue teorias científicas de não científicas ao enfatizar a importância de testes empíricos e a possibilidade de as teorias serem negadas por evidências. Popper argumentou contra o princípio da verificação, que sugere que as teorias são validadas por meio do acúmulo de evidências positivas, propondo, em vez disso, que o conhecimento científico avança por meio de um ciclo de conjecturas e refutações. As teorias que sobrevivem às tentativas de falsificação são aceitas provisoriamente, mas nunca são vistas como comprovadas conclusivamente, destacando a natureza provisória do conhecimento científico.


A filosofia de Popper se estende além do domínio da ciência para influenciar vários campos, defendendo uma metodologia baseada em escrutínio crítico e abertura para revisão. Sua admiração pela teoria da relatividade de Einstein exemplifica sua preferência por teorias claramente falsificáveis, em oposição àquelas que podem ser ajustadas para se encaixar em qualquer observação. Essa abordagem, enraizada no falibilismo, reconhece a qualidade provisória e revisável do conhecimento humano, promovendo uma cultura intelectual que valoriza o debate, testes empíricos e o questionamento contínuo de teorias estabelecidas. A ênfase de Popper na falsificabilidade e na avaliação crítica das teorias teve um impacto duradouro na filosofia da ciência e na metodologia da investigação científica.



Legado e influência


A influência de Popper se estende além da filosofia para as ciências naturais e sociais, onde suas ideias sobre a natureza da investigação científica e a importância do teste crítico se tornaram fundamentais. Sua crítica ao totalitarismo e defesa de uma sociedade aberta também tiveram um impacto profundo no pensamento político e nas políticas públicas.


Apesar de enfrentar críticas, notavelmente de Thomas Kuhn (filósofo da ciência norte-americano), que desafiou a visão de Popper do progresso científico como um acúmulo linear de conhecimento, o trabalho de Popper permanece um pilar da filosofia da ciência contemporânea. Sua defesa do racionalismo crítico e seu individualismo metodológico continuam a inspirar debates em filosofia, ciência e política.


O legado intelectual de Karl Popper é um testemunho do poder da indagação crítica e da busca incansável pelo conhecimento. Seu trabalho não apenas transformou a filosofia da ciência, mas também ofereceu uma defesa robusta dos valores de liberdade, tolerância e discurso aberto que sustentam as democracias liberais. A filosofia de Popper, com sua ênfase na natureza provisória do conhecimento e na importância do teste crítico, continua a ressoar em um mundo marcado por rápidos progressos científicos e desafios sociais e políticos profundos.

 

 



Publicado em 16/02/2024