Kierkegaard
Søren Kierkegaard foi um filósofo dinamarquês, fundador do existencialismo.
Quem foi Søren Kierkegaard?
Søren Aabye Kierkegaard, foi um filósofo, teólogo, poeta, crítico social e autor religioso, amplamente considerado o primeiro filósofo existencialista. Surgindo da Era de Ouro Dinamarquesa, um período de realizações criativas e intelectuais neste país, Kierkegaard não foi apenas um produto de seu tempo, mas também um crítico profundo de sua cultura e um influenciador de gerações futuras.
Biografia resumida
Søren Aabye Kierkegaard (nome completo) nasceu em 5 de maio de 1813, em Copenhague, Dinamarca.
A vida de Kierkegaard, marcada por uma profunda angústia existencial e uma busca por significado, foi profundamente influenciada por sua educação cristã e pelo temperamento melancólico de seu pai. Seu pai, Michael Pedersen Kierkegaard, era um homem profundamente religioso, sobrecarregado por um sentimento de culpa e pecado, o que afetou profundamente a visão filosófica e teológica de Kierkegaard.
Ele frequentou a Universidade de Copenhague, em 1830, inicialmente focando em teologia, mas rapidamente expandiu seus interesses para a filosofia e a literatura. Seu trabalho inicial foi profundamente influenciado pelo filósofo alemão Hegel, mas ele mais tarde se tornou um dos críticos mais fervorosos de deste filósofo.
A vida pessoal de Kierkegaard, particularmente seu noivado desfeito com Regine Olsen, afetou profundamente suas escritas. Esse relacionamento e seu término tornaram-se uma fonte de considerável angústia pessoal e um teste para sua compreensão das complexidades da existência humana e dos relacionamentos.
Ele continuou a escrever prolificamente até sua morte prematura em 11 de novembro de 1855, aos 42 anos. Seus últimos anos foram marcados por um feroz ataque literário à igreja estabelecida, que ele acreditava ter se tornado complacente e ter traído a mensagem cristã.
Søren Kierkegaard: importante filósofo existencialista do século XIX. |
Principais Pensamentos Filosóficos:
• Subjetividade e Verdade: ele afirmou que a verdade é subjetiva e é encontrada na relação interna do indivíduo com a existência. Ele distinguiu entre verdades objetivas, que são fatuais, e verdades subjetivas, que são fundamentadas na experiência pessoal e no comprometimento.
• O Conceito de 'Salto de Fé': Kierkegaard introduziu a ideia do "salto de fé", um conceito central para seu entendimento da crença religiosa. Ele argumentou que certas verdades, particularmente as religiosas, estão além do alcance da razão e requerem um salto de fé pessoal. Este salto não é irracional, mas transcende a razão.
• As etapas no caminho da vida: ele identificou várias etapas ou esferas de existência pelas quais um indivíduo pode passar: a estética, a ética e a religiosa. A fase estética é caracterizada pela busca do prazer e é marcada pelo hedonismo e falta de comprometimento. A fase ética é uma de responsabilidade moral e dever social. A fase religiosa, que ele viu como a mais alta, envolve um relacionamento pessoal e subjetivo com Deus, caracterizado pela fé.
• O conceito de ansiedade: Kierkegaard explorou profundamente o conceito de ansiedade ou 'angústia', que ele via como uma parte fundamental da condição humana. Ele acreditava que a ansiedade resulta da realização da própria liberdade e responsabilidade, levando a um sentido de pavor existencial.
• Crítica ao Hegelianismo e ao Cristianismo Institucional: Ele foi um crítico da filosofia de Hegel, que ele via como excessivamente abstrata e desvinculada da experiência humana individual. Da mesma forma, ele criticou a igreja estabelecida, argumentando que ela se tornara uma mera instituição social desprovida de espírito e paixão.
Por que ele é considerado um Existencialista?
Kierkegaard é frequentemente chamado de "pai do existencialismo" por sua ênfase na existência individual, liberdade e escolha. O existencialismo, como um movimento filosófico, foca nesses elementos como centrais para a experiência humana. A insistência de Kierkegaard na primazia da experiência pessoal e subjetividade, sua exploração da ansiedade e desespero, e sua visão da existência como uma série de escolhas que definem o ser de alguém, todos contribuem para seu status como precursor dos pensadores existencialistas posteriores, como Jean-Paul Sartre e Albert Camus.
Como Kierkegaard definia Deus?
A concepção de Deus de Kierkegaard era profundamente pessoal e subjetiva. Ele rejeitava os argumentos filosóficos tradicionais para a existência de Deus, argumentando que a fé não é uma questão de assentimento intelectual, mas um comprometimento apaixonado. Para Kierkegaard, Deus não é um princípio abstrato, mas uma realidade viva com a qual se tem um relacionamento pessoal. Este relacionamento transcende a compreensão racional e entra no reino do paradoxal e do misterioso.
Principais obras:
- "Ou... Ou: Um Fragmento de Vida" (1843)
- "Temor e Tremor" (1843)
- "Repetição" (1843)
- "Conceito de Angústia" (1844)
- "O Desespero Humano" (também conhecido como "A Doença para a Morte") (1849)
- "As Obras do Amor" (1847)
- "Filosofemas Estéticos" (1843)
- "Diário de um Sedutor" (parte de "Ou... Ou") (1843)
- "Estágios no Caminho da Vida" (1845)
- "Postscriptum Definitivo e Não Científico às Migalhas Filosóficas" (1846)
Publicado em 15/01/2024
Temas relacionados
Bibliografia Indicada
Referência do artigo:
STEWART, Jon. Soren Kierkegaard: Subjetividade, ironia e a crise da modernidade. Tradução de Humberto Araújo Quaglio de Souza. 1. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2017.
Vídeo indicado no YouTube:
KIERKEGAARD: ANGÚSTIA E ESPERANÇA | OSWALDO GIACOIA JÚNIOR - Canal Casa do Saber