Deuses, deusas e orixás da Mitologia Africana
As divindades da mitologia africana são figuras poderosas e diversas que representam elementos naturais, valores culturais e forças espirituais, refletindo a rica diversidade e as tradições dos povos africanos.
Introdução
A África, com suas vastas paisagens e culturas diversas, é lar de algumas das mitologias mais ricas do mundo. A mitologia africana é marcada por uma ampla variedade de deuses e deusas, cada um incorporando os valores, histórias e crenças únicos dos diversos povos africanos. Essas divindades desempenham papéis significativos em suas respectivas culturas, influenciando aspectos da vida como criação, fertilidade, guerra e o além.
EXEMPLOS DE DEUSES, DEUSAS E ORIXÁS AFRICANOS:
1. Olorum (Iorubá)
Olorum, ou Olodumaré, é o deus supremo do povo iorubá da Nigéria. Ele é considerado o criador do universo e o pai de todos os outros deuses, conhecidos como orixás. Olorum é frequentemente descrito como uma divindade distante e abstrata que raramente interfere diretamente nos assuntos humanos. No entanto, ele é onisciente e onipotente, incorporando os conceitos de eternidade e infinito. Na crença iorubá, Olorum governa o cosmos e é a fonte suprema de toda vida e energia.
2. Nyame (Akan)
Nyame é a divindade suprema do povo Akan de Gana e da Costa do Marfim. Ele é o deus do céu e o criador de todas as coisas. Nyame é frequentemente retratado como uma divindade onisciente que controla a chuva, o sol e os elementos naturais. Como um deus benevolente, Nyame está associado à sabedoria e à justiça. Ele é considerado compassivo e frequentemente invocado em tempos de necessidade. Junto com sua esposa, Asase Yaa, a deusa da terra, Nyame é central para a compreensão do universo e da vida pelos Akan.
3. Anansi (Akan)
Anansi, também da mitologia Akan, é uma das divindades africanas mais conhecidas. Ao contrário do deus supremo Nyame, Anansi é um deus trapaceiro e herói cultural. Muitas vezes representado como uma aranha, ele é associado a contação de histórias, sabedoria e astúcia. Anansi usa sua inteligência e esperteza para enganar seus inimigos e ensinar lições morais. Ele é celebrado em inúmeras histórias populares, onde aparece tanto como uma figura travessa quanto como um professor sábio, frequentemente desafiando o status quo e encorajando seus seguidores a pensar criativamente.
4. Ogum (Iorubá)
Ogum é uma divindade proeminente na mitologia iorubá, conhecido como o deus do ferro, da guerra e do trabalho. Ele é reverenciado como um poderoso guerreiro e mestre da metalurgia, simbolizando força, coragem e resiliência. Ogum é frequentemente retratado empunhando um facão ou martelo, significando sua conexão com ferramentas e armamentos. Ele é invocado por ferreiros, caçadores e guerreiros para proteção e orientação. Ogum também está associado à justiça e é considerado aquele que pune os malfeitores e defende os justos.
5. Mbaba Mwana Waresa (Zulu)
Mbaba Mwana Waresa é a deusa da fertilidade, da chuva e da agricultura na mitologia do povo Zulu da África do Sul. Ela é conhecida como uma deusa nutritiva e amorosa que traz chuva para nutrir a terra e ajudar as colheitas a crescer. Mbaba Mwana Waresa também é uma deusa da beleza e do amor, e muitas vezes é descrita em contos como uma divindade sábia e justa que recompensa a bondade e a humildade. Seu culto está intimamente ligado aos ciclos naturais e práticas agrícolas dos zulus.
6. Exu (Iorubá)
Exu, ou Elegba, é uma divindade complexa e dinâmica na mitologia iorubá. Ele é trapaceiro e o mensageiro entre os deuses e os humanos, conhecido por sua natureza imprevisível e travessa. Exu governa a comunicação, a linguagem e a adivinhação, muitas vezes criando desordem para provocar mudanças ou transmitir mensagens importantes. Ele é retratado de várias formas, às vezes como um jovem e outras como uma figura idosa, representando sua habilidade de transitar entre os mundos. Exu desempenha um papel crítico no panteão iorubá, fazendo a ponte entre o mundo divino e o terreno (dos mortais).
7. Mawu-Lisa (Dahomey)
Mawu-Lisa é uma divindade dual do povo Fon de Benin, representando os aspectos gêmeos masculino-feminino do deus da criação. Mawu, o aspecto feminino, está associado à lua, à noite e à fertilidade, enquanto Lisa, o aspecto masculino, é ligado ao sol, ao dia e à força. Juntos, Mawu-Lisa encarnam o equilíbrio dos opostos, como luz e escuridão, masculino e feminino, e força e compaixão. Eles são reverenciados como os criadores do mundo e de todos os seres vivos, simbolizando a harmonia e a dualidade no universo.
8. Mami Wata (vários povos da África Ocidental e Central)
Mami Wata é uma deusa da água adorada por muitos povos da África Ocidental e Central, incluindo os povos Igbo, Iorubá e Benin. Ela é frequentemente descrita como uma bela mulher com características de peixe, simbolizando sua conexão com os rios e o mar. Mami Wata é associada à cura, fertilidade e riqueza, mas também pode ser caprichosa e imprevisível. Seus seguidores acreditam que ela pode conceder prosperidade e bênçãos ou trazer desastres e infortúnios, dependendo de como é tratada.
9. Gu (Fon)
Gu é o deus da guerra, do ferro e da tecnologia na mitologia do povo Fon do Benin. Ele é o patrono dos ferreiros e guerreiros, representando a força e a coragem necessárias para a batalha e a sobrevivência. Gu é visto como um criador e inovador, incentivando o uso da tecnologia e do conhecimento para o progresso da sociedade. Seu culto é especialmente importante em tempos de conflito, quando seus seguidores buscam sua proteção e orientação.
10. Nkosi (Zulu)
Nkosi é a divindade da caça e da força na mitologia do povo Zulu da África do Sul. Ele é venerado como um deus protetor dos caçadores e é considerado um símbolo de poder, coragem e liderança. Nkosi é frequentemente invocado antes das caçadas e em tempos de guerra, pois acredita-se que ele forneça habilidade, resistência e sabedoria para superar os inimigos e enfrentar desafios. Sua figura é associada ao leão, refletindo sua força e majestade.
Nkosi: divindade protetora dos caçadores e símbolo de poder. |
11. Oxum (Iorubá)
Oxum é uma das principais orixás da mitologia iorubá, reverenciada como a deusa das águas doces, rios, cachoeiras, amor, beleza, fertilidade e prosperidade. Ela é conhecida por sua doçura, compaixão e poder curativo, mas também por sua força e capacidade de enfrentar desafios com astúcia e graça. Oxum é associada à riqueza e à maternidade, sendo considerada uma protetora das mulheres e das crianças, além de uma mediadora de conflitos. No candomblé e na umbanda, religiões afro-brasileiras, Oxum é frequentemente representada adornada com joias douradas e espelhos, simbolizando sua beleza e conexão com as águas doces, fonte de vida e abundância.
Oxum: orixá iorubá associado ao amor, sexualidade, fertilidade, água, destino, adivinhação e beleza. |
Quem são os orixás?
Os orixás são divindades da mitologia e religião africana, especialmente no contexto das tradições iorubás, que se originaram na região que hoje corresponde à Nigéria e Benin. Cada orixá representa forças da natureza e aspectos da vida humana, como o amor, a justiça, a guerra, a fertilidade e a sabedoria, sendo vistos como intermediários entre o mundo espiritual e o mundo dos homens. Eles são adorados em cultos que envolvem cânticos, danças, oferendas e rituais específicos, mantendo uma conexão espiritual profunda com seus devotos.
Nas religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda, os orixás desempenham papel central e são sincretizados com santos do catolicismo, integrando o patrimônio cultural e religioso de diversas comunidades afrodescendentes.
Publicado em 04/09/2024
Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)
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