As Cruzadas Medievais

As Cruzadas foram ações de caráter religioso e econômico na Idade Média.

Cavaleiros na Idade Média partindo em direção a uma Cruzada
Cavaleiros na Idade Média partindo em direção a uma Cruzada


O que foram as Cruzadas

 

As cruzadas foram tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a liberdade de acesso dos cristãos à Jerusalém. A guerra pela Terra Santa, que durou do século XI ao XIII, foi iniciada logo após o domínio dos turcos seljúcidas sobre esta região considerada sagrada para os cristãos.

 

Principais causas

 

Após o domínio da região, os turcos passaram a impedir ferozmente a peregrinação dos europeus, através da captura e do assassinato de muitos peregrinos que visitavam o local unicamente pela fé.

 

A elevada população de algumas cidades europeias também é apontada, por muitos historiadores, como uma das causas das Cruzadas. Neste contexto, as expedições era uma forma de aliviar a pressão demográfica sobre estas cidades, pois estimularia a migração de grande quantidade de pessoas.

 

Havia também motivações econômicas entre muitos participantes das Cruzadas. O principal objetivo desses cruzados era a obtenção de riquezas através dos saques de cidades localizadas no Oriente.

 

As Cruzadas também foram impulsionadas por considerações políticas. O Império Bizantino procurou recuperar territórios perdidos para as forças muçulmanas, enquanto líderes europeus viam as Cruzadas como oportunidades para expandir sua influência e territórios.

 

As Cruzadas ofereciam uma solução para conflitos internos dentro da Europa, fornecendo um local para cavaleiros e nobres canalizarem sua agressão e ambição fora de suas terras natais.

 

 

Objetivos:

 

Reconquistar a “Terra Santa” (Jerusalém) que estava em posse dos turcos. Esse pode ser considerado o principal objetivo das Cruzadas.

 

Expandir o cristianismo em direção ao Oriente.

 

Expulsar os muçulmanos da Península Ibérica. Esse movimento cruzado ficou conhecido como Reconquista.

 

Os nobres que participaram das Cruzadas tinham a intenção de conquistar novas terras.

 

Combate às heresias de movimentos cristãos não integrantes da Igreja Católica. Nesse caso, podemos citar a Cruzada Albigense (1209-1244).

 

Reunificar o Catolicismo, aumentando assim o poder da Igreja.

 

Diminuir a pressão demográfica (aumento populacional) em algumas regiões da Europa.

 

A participação de reis europeus em algumas Cruzadas mostrou também que havia na nobreza a vontade de aumento de reputação, através de um ato considerado de coragem e fé.

 

Havia também nas cruzadas um importante objetivo comercial, principalmente por parte de Veneza, interessada na retomada do comércio no Mediterrâneo. Nesse sentido, a burguesia veneziana financiou a Quarta Cruzada (também conhecida como Cruzada Comercial) e foi favorecida com a conquista de Constantinopla.

 

Não podemos deixar de lado também o objetivo, de alguns cruzados, de praticar o saque, de cidades conquistadas, para obtenção de objetos de valor.

 

Imagem da Quarta Cruzada e conquista de Constantinopla

Quarta Cruzada (1202-1204): principal objetivo foi a retomada do comércio com o Oriente.

 

 

Convocação, organização e confrontos militares

 

Em 1095, Urbano II, em oposição a este impedimento, convocou um grande número de fiéis para lutarem pela causa. Muitos camponeses foram a combate pela promessa de que receberiam reconhecimento espiritual e recompensas da Igreja; contudo, esta primeira batalha fracassou e muitos perderam suas vidas em combate.   

 

Após a Primeira Cruzada, foi criada a Ordem dos Cavaleiros Templários que tiveram importante participação militar nos combates das Cruzadas que se seguiram.

 

Após a derrota na 1.ª Cruzada, outro exército ocidental, comandado pelos franceses, invadiu o oriente para lutar pela mesma causa. Seus soldados usavam, como emblema, o sinal da cruz costurado sobre seus uniformes de batalha. Liderados por Godofredo de Bulhão, estes guerreiros massacraram os turcos durante o combate e tomaram Jerusalém, permitindo novamente livre para acesso aos peregrinos. 

 

Outros confrontos deste tipo ocorreram, porém, somente a sexta edição (1228-1229) ocorreu de forma pacífica. As demais serviram somente para prejudicar o relacionamento religioso entre ocidente e oriente. A relação dos dois continentes ficava cada vez mais desgastada devido à violência e a ambição desenfreada que havia tomado conta dos cruzados, e, sobre isso, o clero católico nada podia fazer para controlar a situação. 

 

Conclusão

 

Embora não tenham sido bem-sucedidas, ao ponto de até crianças terem feito parte e morrido por este tipo de luta, estes combates atraíram grandes reis como Ricardo I, também chamado de Ricardo Coração de Leão, e Luís IX. 


Relação das principais Cruzadas Medievais:

 

- Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096) - não oficial (não foi convocada pelo papa).

- Primeira Cruzada (1096 a 1099)

- Cruzada de 1101

- Segunda Cruzada (1147 a 1149)

- Terceira Cruzada (1189 a 1192)

- Quarta Cruzada (1202 a 1204)

- Cruzada Albigense (1209 a 1244)

- Cruzada das Crianças (1212)

- Quinta Cruzada (1217 a 1221)

- Sexta Cruzada (1228 a 1229)

- Sétima Cruzada (1248 a 1250)

- Cruzada dos Pastores (1251 a 1320)

- Oitava Cruzada (1270)

- Nona Cruzada (1271 a 1272)

- Cruzadas do Norte (1193 a 1316)

 

Pintura medieval mostrando uma guerra entre Cristãos e Muçulmanos na Segunda Cruzada

Pintura medieval mostrando uma guerra entre Cristãos (esquerda) e Muçulmanos (direita) na Segunda Cruzada.



As principais consequências das Cruzadas foram:

 

- As Cruzadas proporcionaram também o renascimento do comércio na Europa. Muitos cavaleiros, ao retornarem do Oriente, saqueavam cidades e montavam pequenas feiras nas rotas comerciais. Houve, portanto, um importante reaquecimento da economia no Ocidente. As moedas e metais preciosos circularam em maior quantidade na Europa.

 

- Os guerreiros cruzados inseriram, na Europa, novos conhecimentos, originários do Oriente, através da influente sabedoria dos sarracenos.

 

- Não podemos deixar de lembrar que as Cruzadas aumentaram as tensões e hostilidades entre cristãos e muçulmanos na Idade Média. Mesmo após o fim das Cruzadas, este clima tenso entre os integrantes destas duas religiões continuou. 

 

- Já no aspecto cultural, as Cruzadas favoreceram o desenvolvimento de um tipo de literatura voltado para as guerras e grandes feitos heroicos. Muitos contos de cavalaria tiveram como tema principal estes conflitos.

 

- Houve também o aumento de taxas e impostos, cobrados por reis europeus e Igreja, para aumentar a arrecadação e assim financiar as Cruzadas.

 

Curiosidades:

 

- A expressão "Cruzada" não era conhecida nem mesmo foi usada durante o período dos conflitos. Na Europa, eram usados termos como, por exemplo, "Guerra Santa" e Peregrinação para fazerem referência ao movimento de tentativa de tomar a "terra santa" dos muçulmanos.

 

- Para incentivar a participação dos cristãos, a Igreja prometia aos fiéis à salvação e o perdão de todos os pecados para aqueles que participassem das Cruzadas.

 

Primeira Cruzada (cruzados cercam Jerusalém em 1099)

Primeira Cruzada (cruzados cercam Jerusalém em 1099) - iluminura medieval.

 

 

VOCABULÁRIO DO TEXTO:

 

- Palestina: região do Oriente Médio localizada geograficamente entre a costa oriental do Mediterrâneo e as fronteiras da Arábia Saudita e Iraque.


- Peregrinos: pessoas que fazem longas viagens por regiões consideradas sagradas. Também são chamados de romeiros.


- Turcos seljúcidas: povo turco nômade que seguiam o Islamismo.


- Albigense: eram também conhecidos como cátaros. Faziam parte de uma seita cristã, condenada pela Igreja Católica, pois não considerava o Antigo Testamento como sendo sagrado e de manifestação divina. A maior parte dos albigenses moravam na região de Albi, na França.


- Guerra Santa: termo usado para designar conflitos que possuíam caráter religioso como, por exemplo, entre cristão e muçulmanos na época das Cruzadas.

 

 

Pintura mostrando guerreiros vindos em barcos e tentando invadir um castelo

Conquista da cidade de Constantinopla pelos cruzados em 1204. A pintura é do século XV.

 

 




Por Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).