Arte da Mesopotâmia

A arte mesopotâmica possuía um caráter funcional e simbólico, representando a religiosidade, o poder dos governantes e a hierarquia social por meio de pinturas, esculturas e relevos detalhados.

 

Introdução

As manifestações artísticas da Mesopotâmia refletem a complexidade cultural e a estrutura hierárquica das sociedades que habitaram a região entre os rios Tigre e Eufrates. A arte mesopotâmica, desenvolvida por sumérios, acádios, babilônios e assírios, possuía um caráter eminentemente funcional, estando associada tanto à religiosidade quanto ao poder político. Entre suas principais expressões artísticas, destacam-se as pinturas, esculturas e relevos, que desempenhavam um papel fundamental na comunicação visual e simbólica desses povos.

TIPOS DE ARTE NA MESOPOTÂMIA E SUAS CARACTERÍSTICAS:

1. Pinturas mesopotâmicas

As pinturas da Mesopotâmia eram, em sua maioria, utilizadas para a decoração de templos e palácios. A técnica predominante envolvia a aplicação de pigmentos minerais sobre superfícies de argila, tijolos e paredes de edificações. A paleta de cores era relativamente limitada, sendo comuns os tons de vermelho, amarelo, branco e preto.


Os temas representados frequentemente retratavam cenas religiosas, desfiles militares e rituais cerimoniais, muitas vezes com uma disposição hierárquica das figuras, em que o tamanho dos personagens indicava sua importância social.


Outra característica marcante era o uso de figuras estilizadas e a ausência de profundidade, criando uma estética bidimensional.

 

Estandarte de Ur: é uma pintura suméria datada de cerca de 2600 a.C., composta por mosaicos de lápis-lazúli, conchas e calcário vermelho sobre madeira. Ele apresenta dois painéis principais: o "Painel da Guerra", que retrata a vitória militar suméria, com soldados capturando prisioneiros e apresentando-os ao rei, e o "Painel da Paz", que mostra um banquete real, músicos e trabalhadores, simbolizando a prosperidade após a guerra. A obra destaca a hierarquia social e a organização política da Suméria, sendo um dos mais importantes exemplos da arte narrativa mesopotâmica.

2. Esculturas mesopotâmicas

 

As esculturas mesopotâmicas também desempenhavam um papel essencial na expressão cultural da região. Produzidas em materiais como calcário, diorito e alabastro, essas obras variavam desde pequenas estatuetas votivas até colossais representações de divindades e governantes. Uma das características distintivas da escultura mesopotâmica era a rigidez formal e a ênfase na frontalidade, transmitindo uma sensação de solenidade e poder.


As estátuas frequentemente possuíam olhos expressivos e mãos postas em gesto de oração, refletindo a religiosidade do povo. Além disso, algumas esculturas eram utilizadas como símbolos protetores, como os lamassus assírios, figuras híbridas com corpo de touro ou leão, asas de águia e cabeça humana.

 

Escultura de bronze da cabeça de um rei acadiano (por volta de 2.220 a.C.)

3. Relevos mesopotâmicos

 

Os relevos mesopotâmicos destacam-se como uma das formas mais expressivas da arte da região. Esculpidos em pedra ou moldados em tijolos esmaltados, esses painéis decoravam templos, palácios e portões de cidades. Sua principal função era a exaltação do poder real e a narração de eventos importantes, como batalhas e cerimônias religiosas.

Os relevos assírios, em particular, eram notáveis pelo dinamismo das cenas, apresentando guerreiros em combate, caçadas reais e desfiles triunfais. Neles, a sobreposição de figuras e a atenção aos detalhes anatômicos conferiam uma sensação de movimento e realismo. Além disso, o uso de inscrições cuneiformes nos relevos reforçava a mensagem visual, combinando arte e escrita para legitimar o domínio dos reis.

 

Relevo assírio retratando a vitória do rei Assurbanípal sobre os elamitas na Batalha de Ulai (653 a.C.).

 

 

Funções da arte na Mesopotâmia

 

As pinturas, esculturas e relevos da Mesopotâmia não eram apenas expressões estéticas, mas também ferramentas políticas e religiosas que serviam para reforçar a ordem social, glorificar os governantes e perpetuar a cultura de uma das mais antigas civilizações da humanidade.

 

 

 

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Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História na USP)

Publicado em 17/02/2025