Agnosticismo

O Agnosticismo é a posição que afirma a impossibilidade de se conhecer a existência ou inexistência de Deus ou deuses.

Agnosticismo: nem negação nem crença na existência de Deus ou deuses.
Agnosticismo: nem negação nem crença na existência de Deus ou deuses.

 

O que é Agnosticismo (significado)


Agnosticismo é uma posição filosófica que afirma a incerteza ou a impossibilidade de se conhecer certas questões metafísicas, particularmente aquelas relacionadas à existência de uma divindade ou divindades (Deus ou deuses). O termo foi cunhado por Thomas Huxley no século XIX e origina-se da palavra grega agnostos, que significa "desconhecido" ou "incognoscível." O agnosticismo não afirma nem nega a existência de Deus, mas mantém que o conhecimento humano é limitado nesse aspecto e que a certeza absoluta sobre o divino é inalcançável.



O que é ser agnóstico e suas características:



• Humildade intelectual: os agnósticos abraçam a ideia de que a compreensão humana tem seus limites. Eles reconhecem que certas questões, como a existência de Deus, podem estar além do alcance da compreensão humana.


• Mente aberta: ser agnóstico significa manter uma mente aberta sobre a existência de Deus ou outras entidades sobrenaturais. Os agnósticos não se comprometem com a crença ou descrença, mas permanecem abertos à possibilidade de que novas evidências ou argumentos possam fornecer mais clareza.


• Ceticismo e investigação: os agnósticos são frequentemente caracterizados por sua abordagem cética em relação a afirmações religiosas e metafísicas. Eles priorizam evidências e raciocínios lógicos, exigindo provas robustas antes de aceitar qualquer afirmação sobre o divino.




O que os agnósticos dizem sobre Deus?


Os agnósticos geralmente expressam que a existência de Deus é desconhecida e possivelmente incognoscível (o que é impossível conhecer). Eles argumentam que há evidências insuficientes para fazer um julgamento definitivo sobre a existência de Deus. Para muitos agnósticos, a questão de Deus não é central em sua visão de mundo, pois podem se concentrar mais em experiências humanas e no conhecimento empírico.


Vale dizer que alguns agnósticos podem inclinar-se para o teísmo ou ateísmo, mas evitam fazer afirmações absolutas, enfatizando em vez disso as limitações do conhecimento humano e a necessidade de questionamento e exploração contínuos.



Agnosticismo na Filosofia

 

O agnosticismo, como uma posição filosófica, tem raízes que podem ser rastreadas até os tempos antigos, embora não tenha sido formalmente nomeado até o século XIX. Filósofos gregos antigos, como Protágoras, sugeriram tendências agnósticas. Protágoras afirmou famosamente: "Sobre os deuses, não tenho meios de saber se eles existem ou não, ou de que tipo eles podem ser", mostrando uma forma precoce de ceticismo agnóstico. Sua abordagem reflete a ideia de que o conhecimento humano é limitado e que algumas questões, particularmente sobre o divino, podem estar além de nossa compreensão.


Na era do Iluminismo, o agnosticismo começou a tomar uma forma mais estruturada, influenciado significativamente pelos trabalhos de David Hume e Immanuel Kant. Hume, em seu ceticismo empírico, argumentou que a compreensão humana é fundamentalmente limitada a experiências sensoriais, lançando assim dúvidas sobre a capacidade de conhecer qualquer coisa além do mundo físico, incluindo a existência de divindades. Kant aprofundou essa ideia ao distinguir entre o mundo noumenon (coisas em si) e o mundo fenomenal (coisas como as experimentamos), argumentando que os humanos não podem ter conhecimento do reino noumenon, que inclui entidades metafísicas como Deus.


O termo "agnosticismo" foi cunhado por Thomas Huxley no século XIX, que o definiu como uma posição de incerteza sobre a existência de Deus ou deuses, com base nos limites do conhecimento humano. O agnosticismo de Huxley foi influenciado pelos métodos científicos e empíricos de sua época, enfatizando a dependência de evidências e o ceticismo em relação a alegações que vão além da verificação empírica. Sua perspectiva foi um contraponto tanto ao teísmo quanto ao ateísmo, defendendo a humildade intelectual e o reconhecimento do desconhecido. Essa posição continuou a influenciar o discurso filosófico e científico contemporâneo, encorajando uma abordagem crítica e questionadora em relação às alegações sobre o sobrenatural.

 

Thomas Huxley

Thomas Huxley (1825-1895): biólogo e filósofo britânico, foi o criador do termo "agnóstico". Ele criou esse termo para definir pessoas que pensavam como ele sobre Deus ou deuses.

 



Quais são as principais diferenças entre agnósticos e ateus?



Crença vs. Conhecimento: a principal distinção está na abordagem à crença e ao conhecimento. Ateus afirmam a falta de crença em Deus ou deuses, muitas vezes com base na ausência de evidências. Agnósticos, por outro lado, focam no aspecto epistemológico, afirmando que a existência de Deus é desconhecida ou incognoscível.


Certeza: ateus geralmente têm uma postura mais definitiva, afirmando que não há Deus. Agnósticos mantêm que a certeza sobre a existência de Deus está além de nosso alcance, portanto, não afirmam nem negam isso conclusivamente.


Fundamento Filosófico: o agnosticismo está enraizado no ceticismo e na filosofia do conhecimento, enfatizando os limites da compreensão humana. O ateísmo é mais diretamente uma posição sobre a crença, muitas vezes derivada de evidências empíricas ou da falta delas em relação a afirmações religiosas.


Variabilidade: dentro do agnosticismo, existem variações como o teísmo agnóstico (acreditar em Deus, mas reconhecer que a crença não se baseia no conhecimento) e o ateísmo agnóstico (não acreditar em Deus, mantendo que a existência de Deus é incognoscível). O ateísmo é geralmente mais uniforme em sua rejeição direta ao teísmo.

 

 

Outros exemplos de filósofos que se declararam agnósticos:

 

Thomas Huxley (1825-1895): biólogo e filósofo inglês que cunhou o termo "agnosticismo" e defendeu o ceticismo científico.


Bertrand Russell (1872-1970): filósofo, lógico e crítico social britânico, conhecido por seu trabalho na filosofia analítica e sua defesa do ateísmo e agnosticismo.


Robert G. Ingersoll (1833-1899): advogado, orador, filosofo e líder político norte-americano, conhecido por seus discursos promovendo o agnosticismo e o secularismo.


George H. Smith (1949-2022): autor e filósofo norte-americano conhecido por seus escritos sobre ateísmo e agnosticismo.


Herbert Spencer
(1820-1903): filósofo inglês que aplicou a teoria da evolução ao estudo da sociedade e da ética, promovendo o agnosticismo em suas obras.


Karl Popper (1902-1994): professor universitário, sociólogo e filósofo da ciência britânico. Ele expressou, em alguns de seus textos, suas dúvidas sobre a possibilidade de conhecimento certo sobre a existência de Deus. Ele argumentou que a questão da existência de Deus não pode ser resolvida cientificamente.



Retrato pintado do filósofo Herbert Spencer

Herbert Spencer: sociólogo e filósofo britânico do século XIX também era agnóstico.

 

 

 


 

Publicado em 27/05/2024


Por Jefferson Evandro M. Ramos (graduado em História pela USP)