Jürgen Habermas
Habermas é um filósofo e sociólogo alemão da Escola de Frankfurt.

Quem é Habermas
Jürgen Habermas é um filósofo e sociólogo alemão de grande destaque, conhecido por suas contribuições à teoria crítica e ao pragmatismo contemporâneo. Habermas se tornou um dos mais influentes pensadores do pós-guerra, dedicando sua vida ao estudo da democracia e desenvolvendo teorias sobre a razão comunicativa. É considerado um dos principais nomes da Escola de Frankfurt, no campo da filosofia.
Biografia resumida
Jürgen Habermas nasceu em 18 de junho de 1929, em Düsseldorf, Alemanha, e foi criado na província da Renânia do Norte-Vestfália por pais conservadores e educados de classe média.
Aos 15 anos, durante os últimos meses da Segunda Guerra Mundial, foi convocado para guarnecer as defesas da frente ocidental. A cobertura noticiosa do Holocausto e das atrocidades nazistas o afetou profundamente.
Após a guerra, Habermas completou o ensino secundário e frequentou as Universidades de Bonn, Göttingen e Zurique. Ele recebeu um Ph.D. em Filosofia pela Universidade de Bonn em 1954 com uma dissertação sobre Friedrich Schelling.
Em 1961, Habermas tornou-se um "privatdozent" (professor e conferencista não assalariado) em Marburg, e em 1962 foi nomeado professor extraordinário (professor sem cátedra) na Universidade de Heidelberg.
Em 1964, fortemente apoiado por Theodor Adorno, Habermas regressou a Frankfurt para assumir a cátedra de Horkheimer em Filosofia e Sociologia na Universidade de Frankfurt.
Habermas tem sido um intelectual público de destaque, participando de disputas sobre diversas questões sociais e políticas. Recebeu numerosos doutorados honorários e prêmios, incluindo o Prêmio Adorno da cidade de Frankfurt e o Prêmio Kyoto. Em 2005, ele recebeu o Prêmio Memorial Internacional Holberg.
A título pessoal, Habermas casou-se com Ute Wesselhöft em 1955. Eles tiveram uma filha, Rebekka Habermas (1959–2023), que foi historiadora da história social e cultural alemã e professora de história moderna na Universidade de Göttingen.
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Jürgen Habermas: um dos principais representantes da filosofia alemã. |
Principais ideias filosóficas e sociológicas:
• Teoria da Ação Comunicativa: o trabalho de Habermas concentra-se no conceito de racionalidade comunicativa, que é a base para uma forma crítica de análise social. Ele acredita que através da comunicação, os indivíduos podem alcançar o entendimento mútuo e coordenar ações para chegar a um consenso.
• Esfera Pública: Habermas introduziu a ideia de esfera pública como uma arena onde os cidadãos podem discutir e debater questões de interesse comum, livres da intervenção estatal e do poder econômico, o que é crucial para uma democracia funcional.
• Ética do Discurso: desenvolveu uma estrutura de raciocínio moral baseada no ideal de comunicação aberta, igualitária e não distorcida, onde as normas são justificadas através do processo de argumentação entre participantes livres e iguais.
• Evolução Social: a teoria da evolução social de Habermas sugere que as sociedades se desenvolvem através de estágios onde o potencial de racionalidade e emancipação se desenvolve, embora não de uma forma determinista ou linear.
• Comunidade Ideal de Comunicação: este conceito serve como um padrão normativo para criticar e orientar as práticas de comunicação reais, visando a inclusão, a igualdade e a sinceridade no discurso.
• Modernização e Racionalização: ele defende a modernidade contra as críticas pós-estruturalistas, defendendo a humanização e a democratização da sociedade através da institucionalização do potencial para o discurso racional.
• Filosofia Jurídica e Política: contribuiu para a compreensão do papel do direito e da democracia na sociedade, propondo um modelo deliberativo de democracia em dois níveis e enfatizando a importância dos direitos e do Estado de direito.
• Pós-secularismo: ele se envolve com a coexistência de visões de mundo seculares e religiosas nas sociedades contemporâneas, sugerindo que a modernidade não erradicou completamente a fé religiosa e que as raízes da justiça social podem ser encontradas nas tradições religiosas.
Principais obras de Habermas:
"A Transformação Estrutural da Esfera Pública" (1962)
Nesta obra, Habermas explora o desenvolvimento da esfera pública desde o século XVIII, argumentando que a ascensão dos meios de comunicação de massa e da cultura de consumo levou a uma "re-feudalização" da esfera pública, onde interesses privados manipulam a opinião pública, prejudicando o processo democrático.
"Teoria e Práxis" (1971)
Essa obra explora a relação entre teoria e prática, buscando estabelecer conexões entre conhecimento e interesses. Habermas também analisa o impacto das sociedades modernas, que surgiram do desenvolvimento de uma "civilização técnica", na relação entre teoria e prática.
"Teoria da Ação Comunicativa" (1981)
Este livro, dividido em dois volumes, é fundamental para o pensamento maduro de Habermas. Ele detalha sua teoria da racionalidade comunicativa, onde o entendimento é alcançado por meio da linguagem e o consenso é construído através do diálogo. A obra revisa e sistematiza suas ideias anteriores sobre racionalidade, significado e verdade.
"Ética do Discurso" (1982)
A ética do discurso de Habermas propõe que as normas só podem ser justificadas se todos os afetados puderem consentir com elas em um discurso racional. Essa ideia é central para suas teorias mais amplas sobre democracia e lei, sugerindo que reivindicações éticas e normativas estão sujeitas ao mesmo discurso racional que outras formas de comunicação.
"Direito e democracia: Entre Fatos e Normas" (1992)
Neste trabalho, Habermas expande sua teoria do discurso, aplicando-a aos domínios legal e político. Ele defende um modelo de democracia onde as leis são legitimadas pela participação dos cidadãos no discurso público, enfatizando a interação entre normas legais e ação social.
Publicado em 09/02/2024
Por Equipe Sua Pesquisa (revisado pelo professor Jefferson E. M. Ramos)