Herbert Marcuse

Herbert Marcuse foi um filósofo alemão da Escola de Frankfurt, conhecido por sua crítica ao capitalismo e por obras que influenciaram movimentos sociais do século XX.

Herbert Marcuse: um dos principais nomes da filosofia contemporânea.
Herbert Marcuse: um dos principais nomes da filosofia contemporânea.

 

Quem foi Herbert Marcuse?


Herbert Marcuse foi um proeminente filósofo, sociólogo e teórico político germano-americano associado à Escola de Frankfurt de Teoria Crítica. Seus trabalhos analisaram criticamente as sociedades capitalistas modernas, a racionalidade tecnológica e a repressão cultural. O pensamento de Marcuse buscou revelar as possibilidades de liberação em um mundo altamente industrializado e administrativamente controlado, tornando-o uma figura central nos debates intelectuais do século XX e uma influência chave no movimento da Nova Esquerda dos anos 1960.


Breve biografia


Herbert Marcuse nasceu em 19 de julho de 1898, em Berlim, Alemanha, em uma família judaica de classe média. Ele serviu no Exército Alemão durante a Primeira Guerra Mundial e mais tarde participou dos movimentos socialistas revolucionários na Alemanha. Marcuse estudou filosofia na Universidade de Freiburg, onde obteve seu doutorado sob a orientação de Martin Heidegger, embora eventualmente tenha se distanciado das afiliações políticas de Heidegger.


Em 1933, com a ascensão do nazismo, Marcuse fugiu da Alemanha, juntando-se ao Instituto de Pesquisa Social, comumente conhecido como Escola de Frankfurt. Ele se mudou para os Estados Unidos em 1934, onde se tornou cidadão naturalizado e trabalhou em diversas capacidades acadêmicas e governamentais. Sua carreira acadêmica incluiu cargos na Universidade Columbia, Universidade Harvard, Universidade Brandeis e na Universidade da Califórnia, em San Diego.


O legado intelectual de Marcuse é marcado por seus esforços para sintetizar a teoria marxista, a psicanálise freudiana e a filosofia existencialista. Ele faleceu em 29 de julho de 1979, deixando um corpo de trabalho que continua a inspirar pensamento crítico e ativismo social.

 

Foto do filósofo Herbert Marcuse

Herbert Marcuse: um dos principais filósofos da Escola de Frankfurt.

 



Principais ideias filosóficas de Marcuse:


• Sociedade unidimensional: em sua obra seminal "O Homem Unidimensional", Marcuse argumentou que as sociedades industriais avançadas criam uma cultura de conformismo, suprimindo o dissenso e o pensamento crítico. Essa "unidimensionalidade" limita a liberdade individual ao integrar os indivíduos à ordem existente por meio do consumismo e da racionalidade tecnológica.


• Racionalidade tecnológica
: Marcuse criticou as formas pelas quais os avanços tecnológicos são utilizados para perpetuar sistemas de dominação em vez de libertar os indivíduos. Ele acreditava que a racionalidade tecnológica frequentemente serve para reforçar hierarquias existentes e sistemas exploratórios.


• Dessublimação repressiva: este conceito refere-se à maneira como as sociedades modernas canalizam desejos potencialmente subversivos para o consumismo e prazeres superficiais, neutralizando o potencial de mudança revolucionária. Ao satisfazer desejos de maneiras controladas, o sistema mantém a estabilidade.


• A grande recusa: propôs a ideia de uma "Grande Recusa", uma rejeição radical dos valores, práticas e instituições das sociedades opressivas. Ele via isso como uma forma de resistência que poderia abrir caminhos para a verdadeira liberação.


• Arte como veículo de libertação: enfatizou o potencial transformador da arte. Ele argumentava que a arte autêntica pode desafiar ideologias dominantes e fornecer vislumbres de possibilidades alternativas para a existência humana, servindo como um espaço para reflexão crítica e imaginação.



Principais obras de Marcuse:


- "Eros e civilização" (1955): nesta obra, Marcuse combina a psicanálise freudiana e a teoria marxista para explorar a possibilidade de uma sociedade não repressiva. Ele argumenta que a repressão dos instintos humanos não é uma condição necessária para a civilização e imagina uma sociedade onde as necessidades e os desejos humanos possam ser realizados sem dominação.


- "O Homem unidimensional" (1964): este livro examina criticamente os mecanismos através dos quais as sociedades industriais avançadas suprimem o pensamento crítico e impõem o conformismo. Marcuse destaca a interação entre a cultura de consumo, os avanços tecnológicos e as estruturas políticas na criação de uma existência "unidimensional" que mina a liberdade genuína e a individualidade.


- "Razão e revolução" (1941): esta obra traça o desenvolvimento da teoria crítica de Hegel a Marx, enfatizando o potencial revolucionário da razão. Marcuse defende o método dialético como uma ferramenta para entender e transformar a sociedade, situando a filosofia de Hegel como precursora do pensamento marxista.


- "Contrarrevolução e revolta" (1972): neste livro, Marcuse reflete sobre os fracassos dos movimentos revolucionários dos anos 1960 e as maneiras pelas quais as sociedades capitalistas se adaptam para neutralizar o dissenso. Ele enfatiza a necessidade de resistência contínua e da criação de novas formas de engajamento político e cultural para combater a dominação sistêmica.

 

- "Um ensaio sobre libertação" (1969): aborda os caminhos para uma sociedade emancipada e livre do domínio capitalista. Marcuse propõe a superação da sociedade de consumo por meio de uma transformação radical dos valores, com ênfase na busca por novos modos de existência, liberdade e realização humana.

 

 

Qual a relação de Herbert Marcuse e a Teoria Crítica?

 

Herbert Marcuse, como membro da Escola de Frankfurt, desempenhou um papel central na Teoria Crítica ao expandir suas análises das estruturas de dominação nas sociedades capitalistas. Incorporando elementos da psicanálise freudiana, ele destacou como a repressão dos desejos humanos e o conformismo cultural servem à manutenção do capitalismo avançado. Marcuse criticou o "pensamento unidimensional" promovido por essas sociedades, que restringe a resistência e a transformação social. Além disso, ele inovou ao sugerir que mudanças poderiam vir de grupos marginalizados, como jovens e minorias, rompendo com a ênfase exclusiva no proletariado do marxismo clássico. Sua obra aprofundou a Teoria Crítica ao explorar novas formas de opressão e emancipação.

 

 



Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)

Publicado em 11/01/2025