As ideias filosóficas de Maquiavel

As ideias de Nicolau Maquiavel são fundamentais para entender a forma de governo na Europa do século XVI.

Nicolau Maquiavel: um dos principais pensadores do século XVI.
Nicolau Maquiavel: um dos principais pensadores do século XVI.

 

Quem foi Maquiavel

 

Nicolau Maquiavel foi um filósofo, político e estadista da Renascença italiana, nascido em 3 de maio de 1469, em Florença, Itália. Ele é mais conhecido por seu tratado político, "O Príncipe", que escreveu por volta de 1513. O livro é um guia para governantes sobre como obter e manter o poder.

 

Os pensamentos de Maquiavel refletem os tempos tumultuados da Itália renascentista, marcados por agitação política e a luta pelo poder entre as cidades-estados. Sua obra permanece relevante hoje, oferecendo uma visão crua e sem adornos sobre os mecanismos do poder político e os desafios da governança.

 

Principais ideias filosóficas e políticas de Maquiavel:

 


1. Realismo na Política

 

Maquiavel é considerado o fundador do realismo político moderno. Ele argumenta que a política deve ser entendida em seus próprios termos, em vez de através da lente da moralidade ou religião. Segundo Maquiavel, um governante deve se concentrar em como as coisas são na realidade, em vez de como deveriam ser idealmente.



2. O Príncipe e o Poder

 

"O Príncipe" é um guia para os governantes sobre como adquirir e manter o poder político. Maquiavel sugere que é melhor para um príncipe ser temido do que amado, se ele não puder ser ambos, embora deva evitar ser odiado. Este conselho reflete sua crença de que os fins muitas vezes justificam os meios na política.



3. Virtù e Fortuna

 

Dois conceitos centrais no pensamento de Maquiavel são virtù e fortuna. Virtù é a habilidade de um governante de moldar seu próprio destino através da força, astúcia e pragmatismo. Fortuna, por outro lado, representa os elementos imprevisíveis da vida. Um governante bem-sucedido é aquele que pode navegar efetivamente entre virtù e fortuna.



4. O Papel do Militar

 

Maquiavel dá grande ênfase ao militar. Ele acredita que um príncipe deve ter um forte foco militar e ser bem versado na arte da guerra. Um forte poder militar é essencial não apenas para a defesa, mas também para ganhar respeito e manter o poder.



5. Republicanismo

 

Em sua obra posterior, "Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio", Maquiavel mostra preferência pela forma republicana de governo. Ele admira a República Romana por sua capacidade de equilibrar os interesses de diferentes grupos sociais, sua estabilidade institucional e seu poderio militar.



6. Implicações Éticas

 

As ideias de Maquiavel muitas vezes foram criticadas por sua aparente falta de moralidade ou imoralidade. Ele sugere que os governantes podem precisar se envolver em ações antiéticas, como engano e brutalidade, para manter a estabilidade e o poder. Essa abordagem pragmática levou a debates sobre as implicações éticas de seu trabalho.



7. A corrupção de homens e instituições

 

A perspectiva de Maquiavel sobre a corrupção, tanto nos indivíduos como nas instituições, é marcada por uma visão pragmática e um tanto cínica da natureza humana. Ele acreditava que as pessoas são inerentemente egoístas e propensas à corrupção, e que esta tendência se estende às instituições políticas e governamentais. Nas suas obras, particularmente "O Príncipe" e "Discursos sobre Tito Lívio", ele sugere que, embora a corrupção não possa ser totalmente eliminada, pode ser gerida através de uma liderança forte e pragmática e de instituições bem estruturadas como a República Romana. A sua abordagem é utilitarista, enfatizando a gestão da corrupção para maior estabilidade e benefício do Estado, em vez da sua completa erradicação.

 

Ilustração representando um ato de corrupção

A corrupção, tema tão presente atualmente, foi analisada por Nicolau Maquiavel.

 

 


Conclusão

 

As ideias de Maquiavel tiveram um impacto profundo no pensamento político. Sua abordagem realista da política foi inovadora, e suas obras foram tanto celebradas quanto vilipendiadas ao longo dos séculos. Elas continuam sendo estudadas por suas percepções sobre dinâmicas de poder e a arte de governar.

 

 

 


 

 

Publicado em 22/01/2024

Por Jefferson Evandro M. Ramos (historiador pela USP e professor de História)