Rá - o deus egípcio do Sol

Rá foi o deus do sol e uma das principais divindades da religião do Egito Antigo, considerado o criador do mundo e responsável por dar vida e luz a todas as criaturas.

Rá: o deus Sol na religião do Egito Antigo
Rá: o deus Sol na religião do Egito Antigo


Quem foi Rá na religião do Egito Antigo


Rá era a principal divindade solar do Antigo Egito, frequentemente considerado o rei dos deuses. Ele estava principalmente associado ao Sol, personificando o poder vivificante e sustentador da luz solar. Os egípcios acreditavam que Rá era o criador de tudo, não apenas dos humanos, mas também de outros deuses. Como resultado, ele se tornou uma figura central na cosmologia e religião egípcias. Os egípcios veneravam Rá como a fonte da vida, acreditando que sua jornada pelo céu todos os dias espelhava o ciclo de nascimento, vida, morte e renascimento.



História do deus Rá (origem)  


As origens de Rá estão profundamente entrelaçadas com o conceito de criação. No mito da criação heliopolitana, Rá é considerado o deus original que emergiu das águas de Nun, o oceano primordial do caos, no início dos tempos. Ele foi autogerado e se pôs sobre um monte de terra que surgiu das águas. A partir dele vieram os primeiros deuses, que foram essenciais na formação do cosmos.


Os primeiros registros do culto a Rá datam do Antigo Reino (c. 2686–2181 a.C.), quando seu culto era particularmente forte na cidade de Heliópolis (conhecida como Iunu em egípcio), onde ele era considerado o criador e a divindade suprema.


A proeminência de Rá continuou ao longo da longa história do Egito, e, com o tempo, sua identidade foi mesclada com outros deuses importantes. Por exemplo, durante o Médio Reino (c. 2055–1650 a.C.), Rá foi associado a Amon, uma grande divindade em Tebas, formando o deus combinado Amon-Ra, representando tanto os aspectos ocultos quanto visíveis da divindade. Da mesma forma, Rá também foi sincretizado com Atum, outro deus criador, resultando na figura composta de Ra-Atum, enfatizando seu papel na criação e no ciclo de dia e noite.



Como Rá era representado?


Rá era mais comumente representado como um homem com cabeça de falcão, coroado por um disco solar circundado por uma cobra (simbolizando a deusa protetora Uadjet). Essa imagem capturava sua conexão com o Sol e o céu, enfatizando sua autoridade real e divina. Em muitas representações, o disco solar emite raios de luz, simbolizando o poder de Rá para sustentar a vida.


Em algumas representações artísticas, Rá também aparecia em diferentes formas dependendo da hora do dia. Pela manhã, ele podia ser retratado como um jovem, representando o Sol nascente e novos começos. Ao meio-dia, Rá era frequentemente representado em sua forma mais poderosa, simbolizando o Sol no auge de sua força. No começo da noite, ele podia ser mostrado como um homem idoso ou um escaravelho (um símbolo de regeneração), representando o Sol poente e a passagem para o submundo.


A imagem mais icônica de Rá é sua jornada diária pelo céu em uma barca solar, onde ele era acompanhado por outros deuses. À noite, ele passava pelo submundo, enfrentando forças do caos, como a serpente Apófis, antes de renascer com o amanhecer.

 

Estátua do deus Rá representado com corpo de homem e cabeça de falcão

Estátua do deus Rá representado com corpo de homem e cabeça de falcão.




Funções e poderes de Rá na mitologia e religião do Egito Antigo


• O papel de Rá na religião do antigo Egito era multifacetado, abrangendo criação, realeza e a manutenção da ordem cósmica (Ma'at). Como deus do Sol, Rá era o doador da vida, responsável pela fertilidade da terra, pelo crescimento das colheitas e pela prosperidade do povo. Sua jornada diária pelo céu era vista como vital para a continuação da vida e da ordem no universo.


• Rá também era o rei dos deuses, frequentemente associado aos faraós do Egito. Os reis egípcios eram considerados os "filhos de Rá" e governavam como seus representantes na Terra. Essa conexão reforçava a natureza divina do poder do faraó, que se acreditava derivar diretamente de Rá. Essa relação é evidente nos títulos de muitos faraós, que incorporavam o nome de Rá em seus nomes reais, significando seu mandato divino para governar.


• Outra das funções-chave de Rá era manter o equilíbrio cósmico. A jornada de Rá pelo céu e pelo submundo espelhava a batalha diária entre ordem (Ma'at) e caos. A cada noite, Rá enfrentava a serpente Apófis, a personificação do caos e do mal, que tentava impedir Rá de renascer. Ao derrotar Apófis todas as noites, Rá garantia a continuidade do universo e o triunfo da luz sobre as trevas.


• O poder de Rá também se estendia ao pós-vida. Segundo as crenças egípcias, os faraós falecidos se uniam a Rá em sua barca solar no além, ajudando-o em sua batalha noturna contra o caos e garantindo sua própria imortalidade. Os egípcios comuns também aspiravam a seguir a jornada de Rá, na esperança de renascer ao seu lado no ciclo eterno de vida e morte.



Pintura representando o deus Rá com o símbolo solar sobre sua cabeça
Rá com o símbolo solar sobre sua cabeça. Ao seu lado está Imentet (deusa das necrópoles, cemitérios e submundo).



Importância de Rá na religião egípcia


Rá, como deus do Sol e da criação, era uma figura central na religião do antigo Egito. Sua jornada pelo céu, sua capacidade de criar vida e sua proteção da ordem cósmica fizeram dele uma divindade de imenso poder e reverência. Venerado como criador e rei, Rá moldou a maneira como os antigos egípcios compreendiam o universo, sua sociedade e seu lugar dentro da ordem divina. Por meio de sua batalha constante com o caos e seu renascimento diário, Rá simbolizava o ciclo eterno de vida e morte, garantindo o equilíbrio e a continuidade do mundo. Sua influência permaneceu forte por milhares de anos, consolidando seu lugar como um dos deuses mais duradouros da história humana.

 

 

 


 

Publicado em 20/09/2024

Por Jefferson Evandro M. Ramos (graduado em História pela USP)