7 Exemplos de Filósofos Empiristas
Os filósofos empiristas defendem que todo conhecimento humano tem origem na experiência sensível, rejeitando a existência de ideias inatas.

Introdução
O Empirismo é uma corrente filosófica que sustenta que o conhecimento humano deriva prioritariamente da experiência sensível. Em oposição ao racionalismo, que privilegia a razão como fonte de saber, o empirismo defende que todas as ideias e conceitos provêm da observação, da percepção e da vivência concreta do mundo. Os filósofos empiristas argumentam que a mente humana, ao nascer, é uma espécie de "tábula rasa", sendo preenchida gradualmente por meio das impressões que os sentidos captam. Essa perspectiva teve ampla repercussão nos campos da epistemologia, da ciência moderna e da política, influenciando diretamente o método científico e as concepções modernas sobre a natureza do conhecimento.
EXEMPLOS DE FILÓSOFOS EMPIRISTAS:
1. John Locke (1632–1704)
John Locke nasceu em Wrington, Inglaterra, em 29 de agosto de 1632, e faleceu em 28 de outubro de 1704. Considerado o pai do empirismo moderno, foi um dos principais filósofos do século XVII e teve grande influência na política liberal e na epistemologia. Em sua obra mais importante, "Ensaio sobre o Entendimento Humano", Locke argumenta que a mente humana é como uma folha em branco, sendo preenchida pelas experiências sensoriais e pela reflexão. Ele distingue dois tipos de experiência: a sensação (relacionada ao mundo externo) e a reflexão (relacionada ao mundo interno da mente). Locke também teve grande influência no pensamento político moderno, sobretudo com "Segundo Tratado sobre o Governo", onde defende a liberdade individual e os direitos naturais à vida, à liberdade e à propriedade.
2. George Berkeley (1685–1753)
George Berkeley nasceu em 12 de março de 1685, na Irlanda, e faleceu em 14 de janeiro de 1753. Foi um bispo anglicano e filósofo idealista que levou o empirismo a uma conclusão radical. Para Berkeley, a existência das coisas depende de serem percebidas, sintetizada em sua máxima "ser é ser percebido" (esse est percipi). Em sua obra "Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano", ele critica a noção de matéria como algo independente da percepção e sustenta que os objetos existem apenas enquanto percebidos por uma mente. Sua filosofia empírica não nega o papel da experiência, mas a interpreta sob uma ótica imaterialista, na qual a realidade é composta por ideias e espíritos, sendo Deus a mente suprema que garante a continuidade do mundo.
3. David Hume (1711–1776)
David Hume nasceu em Edimburgo, Escócia, em 7 de maio de 1711, e faleceu em 25 de agosto de 1776. É amplamente reconhecido como o mais radical dos empiristas britânicos. Em sua obra "Investigação sobre o Entendimento Humano", Hume desenvolve uma crítica profunda à ideia de causalidade, afirmando que nossas crenças em relações de causa e efeito não derivam da razão, mas do hábito e da experiência reiterada. Ele distingue entre impressões (dados imediatos da experiência) e ideias (cópias atenuadas dessas impressões). Hume também é conhecido por seu ceticismo, argumentando que não podemos ter certeza sobre a existência do "eu" como substância permanente, pois só temos acesso a uma sucessão de percepções. Sua filosofia influenciou profundamente a tradição cética e teve impacto direto na crítica da razão feita por Kant.
4. Francis Bacon (1561–1626)
Francis Bacon nasceu em 22 de janeiro de 1561, em Londres, e faleceu em 9 de abril de 1626. Considerado um dos precursores do empirismo e da ciência moderna, Bacon propôs um novo método de investigação baseado na indução, em oposição à dedução aristotélica predominante na escolástica. Em sua obra "Novum Organum", ele defende que o conhecimento deve partir da observação sistemática dos fenômenos naturais, acumulando dados e estabelecendo leis gerais a partir da experiência. Bacon também alertou sobre os "ídolos da mente", ou seja, preconceitos que distorcem nossa compreensão do mundo, propondo um método de investigação purificado desses erros. Sua filosofia teve papel fundamental no desenvolvimento do método científico.
5. Thomas Hobbes (1588–1679)
Thomas Hobbes nasceu em 5 de abril de 1588, na Inglaterra, e faleceu em 4 de dezembro de 1679. Embora mais conhecido por sua filosofia política, Hobbes também contribuiu significativamente para o empirismo. Para ele, todo conhecimento deriva das sensações e da experiência corporal. Em sua obra "Leviatã", Hobbes afirma que o ser humano é movido por paixões e desejos, sendo a experiência sensorial o fundamento do pensamento. A razão, para Hobbes, é uma capacidade de calcular consequências com base nos dados fornecidos pelos sentidos. Sua abordagem materialista influenciou o pensamento empírico, ao defender que os fenômenos mentais e sociais podiam ser explicados por causas físicas e naturais. No campo político, ele defendia a necessidade de um poder soberano absoluto para garantir a ordem e a paz.
6. Isaac Newton (1643–1727)
Embora mais conhecido como cientista, Newton também desenvolveu reflexões de natureza filosófica e epistemológica que o aproximam do empirismo. Em sua obra "Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica", ele defendeu o uso da observação e da experimentação como fundamentos para o conhecimento científico. Newton rejeitava hipóteses não verificadas por dados empíricos, expressando isso em sua máxima "hypotheses non fingo" (não invento hipóteses). Sua concepção de ciência influenciou profundamente os empiristas britânicos, sobretudo Locke e Hume, consolidando a importância da experiência sensível como critério de verdade.
7. Étienne Bonnot de Condillac (1714–1780)
Étienne Bonnot de Condillac nasceu em 30 de setembro de 1714, em Grenoble, França, e faleceu em 3 de agosto de 1780. Foi um abade, economista e filósofo que desenvolveu uma versão original do empirismo, inspirada nos pensadores britânicos, sobretudo Locke, mas com ênfase ainda maior na centralidade das sensações como origem de todo conhecimento. Em sua principal obra filosófica, "Tratado das Sensações", Condillac apresenta uma metáfora famosa: a estátua animada. Ele convida o leitor a imaginar uma estátua que ganha progressivamente os cinco sentidos e, a partir disso, adquire ideias, linguagem e pensamento racional. Com isso, defende que todas as faculdades mentais se originam da experiência sensível. Diferenciando-se de Locke, Condillac não admite a existência de ideias inatas nem de qualquer capacidade intelectual que não tenha nascido das sensações.
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Étienne Bonnot de Condillac: exemplo de filósofo empirista do século XVIII. |
Por Jefferson Evandro Machado Ramos (graduado em História pela USP)
Publicado em 19/04/2025
Bibliografia e vídeos indicados:
GALLO, Sílvio. Filosofia: experiência do pensamento. São Paulo: Scipione, 2023.
Vídeo indicado no YouTube:
OS EMPIRISMOS DE JOHN LOCKE, FRANCIS BACON, E DAVID HUME - Canal Parabólica