Biomas da Bahia
Os biomas da Bahia (Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga) refletem a diversidade ecológica do estado, com características distintas de clima, vegetação e fauna adaptadas às diferentes regiões do território baiano.

Introdução
O estado da Bahia, situado na região Nordeste do Brasil, é um território marcado por uma notável diversidade ambiental. Essa pluralidade ecológica é evidenciada pela presença de três importantes biomas: a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga. Cada um desses biomas possui características próprias quanto à vegetação, ao clima, à fauna e à dinâmica socioeconômica das populações que os habitam. A coexistência desses biomas em um mesmo estado evidencia a complexidade ambiental da Bahia e impõe desafios importantes no que diz respeito à preservação da biodiversidade, ao uso sustentável dos recursos naturais e à convivência entre os modos de vida tradicionais e as exigências do desenvolvimento econômico.
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Mapa da localização geográfica dos biomas da Bahia. Fonte: IBGE |
1. Mata Atlântica
Na Bahia, esse bioma ocupa a porção leste do estado, principalmente no litoral e em áreas próximas ao Recôncavo Baiano.
A vegetação da Mata Atlântica na Bahia é caracterizada por florestas densas e úmidas, com árvores de grande porte, folhas largas e presença de epífitas como bromélias e orquídeas. O clima predominante é o tropical úmido, com elevadas taxas de precipitação e temperaturas médias altas, o que favorece a exuberância da vegetação e a existência de uma fauna rica e variada. Espécies ameaçadas de extinção, como o mico-leão-da-cara-dourada e a onça-pintada, ainda encontram refúgio nos remanescentes florestais desse bioma.
Do ponto de vista socioeconômico, a região da Mata Atlântica baiana concentra algumas das mais importantes cidades do estado, como Salvador, Ilhéus e Itabuna. Essas áreas são também palco de atividades econômicas como o cultivo do cacau, a silvicultura e o turismo ecológico. No entanto, os conflitos entre a preservação ambiental e a expansão das fronteiras agrícolas, bem como a especulação imobiliária nas áreas litorâneas, constituem ameaças constantes à integridade desse bioma.
Devemos também destacar a importância ecológica dos ecossistemas dos mangues, localizados sobretudo nas zonas costeiras e estuarinas. Esses ambientes são caracterizados por uma vegetação adaptada às condições salinas e à variação do nível das marés, formada por espécies como o mangue-vermelho, o mangue-branco e o mangue-preto. Os manguezais desempenham um papel essencial na proteção do litoral contra a erosão, na retenção de sedimentos e na manutenção da qualidade da água. Além disso, funcionam como berçários naturais para diversas espécies de peixes, crustáceos e moluscos, muitos dos quais têm importância econômica para as comunidades pesqueiras locais. A presença dos manguezais também está associada à conservação da biodiversidade e à regulação dos ciclos biogeoquímicos costeiros, o que os torna ecossistemas estratégicos tanto do ponto de vista ambiental quanto social.
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O bioma Mata Atlântica está localizado principalmente na região leste da Bahia, ao longo do litoral e em áreas próximas ao Recôncavo Baiano. |
2. Cerrado
O Cerrado, muitas vezes chamado de "savana brasileira", é o segundo maior bioma do Brasil e está presente na porção oeste da Bahia, especialmente nas regiões do Planalto Central e da divisa com estados como Goiás, Tocantins e Minas Gerais. Trata-se de um bioma com vegetação típica de campos abertos, arbustos retorcidos e árvores de casca-grossa e raízes profundas, adaptadas à escassez de água e aos frequentes incêndios naturais. A presença de gramíneas é significativa, conferindo ao Cerrado uma fisionomia semelhante à das savanas africanas.
Na Bahia, o Cerrado é mais encontrado em áreas como o oeste baiano, que inclui municípios como Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e Correntina. Essas regiões têm se destacado pelo crescimento do agronegócio, com a produção de grãos em larga escala, sobretudo soja, milho e algodão. O clima predominante é o tropical sazonal, com uma estação seca bem definida e outra chuvosa, o que favorece a produção agrícola, especialmente com o uso de técnicas de irrigação e correção do solo.
A biodiversidade do Cerrado é bastante rica, com presença de espécies como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira e o tatu-canastra. No entanto, grande parte dessa diversidade está ameaçada pela conversão de áreas naturais em lavouras e pastagens. O desmatamento acelerado, o uso intensivo de agrotóxicos e a fragmentação dos habitats representam riscos sérios à conservação do bioma, que é considerado um dos hotspots mundiais de biodiversidade ameaçada.
Apesar das pressões, o Cerrado possui um papel fundamental na regulação hídrica, por ser o berço de importantes bacias hidrográficas brasileiras, como as dos rios São Francisco, Tocantins e Paraguaçu. Isso reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à preservação de suas nascentes e à promoção de práticas agrícolas sustentáveis.
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O bioma Cerrado está localizado na porção oeste da Bahia, abrangendo principalmente as regiões do Planalto Central e áreas próximas à divisa com Goiás, Tocantins e Minas Gerais. |
Caatinga
A Caatinga é o bioma mais representativo da Bahia em termos de extensão territorial, ocupando a maior parte do interior do estado, especialmente nas regiões semiáridas do sertão e do norte baiano. Exclusiva do Brasil, a Caatinga possui características singulares que a distinguem dos demais biomas do país. Sua vegetação é composta por arbustos espinhosos, árvores de pequeno porte e plantas adaptadas à escassez de água, como os cactos e as bromélias terrestres. Durante o período seco, é comum que a vegetação perca suas folhas, adquirindo uma aparência esbranquiçada, o que deu origem ao nome “Caatinga”, termo de origem tupi que significa “mata branca”.
O clima da Caatinga é o semiárido, com chuvas escassas e mal distribuídas ao longo do ano, temperaturas elevadas e alta evaporação. Essas condições impõem desafios significativos à população local, que desenvolveu formas tradicionais de convivência com a seca, como a construção de cisternas, a criação de animais resistentes à estiagem e a agricultura de subsistência. A fauna da Caatinga inclui espécies como a asa-branca, o tatu-peba e o mocó, além de uma rica diversidade de répteis e insetos adaptados ao ambiente seco.
Apesar de sua importância ecológica e cultural, a Caatinga é frequentemente negligenciada nas políticas ambientais nacionais. O desmatamento para a produção de carvão vegetal, a desertificação de áreas degradadas e a exploração inadequada dos recursos naturais têm causado impactos severos no equilíbrio ecológico do bioma. Vale ressaltar também que a Caatinga abriga comunidades tradicionais, como os sertanejos, os vaqueiros e os povos indígenas, cuja cultura e saberes locais são profundamente ligados ao ambiente natural.
A preservação da Caatinga é um desafio estratégico para a Bahia, não apenas pela necessidade de conservar sua biodiversidade, mas também por ser um bioma essencial à segurança hídrica e alimentar da região semiárida. Projetos de manejo sustentável, reflorestamento com espécies nativas e fortalecimento da agricultura familiar podem contribuir significativamente para a recuperação e valorização desse ecossistema.
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O bioma Caatinga está localizado predominantemente na região semiárida do interior da Bahia, abrangendo áreas do norte, nordeste e sudoeste do estado. |
Você sabia?
A presença simultânea da Mata Atlântica, do Cerrado e da Caatinga no território baiano é um reflexo da grande diversidade ecológica e climática do estado. Cada bioma desempenha funções ambientais fundamentais, como a regulação do clima, a manutenção dos ciclos hídricos e a oferta de recursos naturais. Contudo, todos enfrentam desafios relacionados ao avanço das atividades humanas, à degradação dos ecossistemas e à carência de políticas públicas eficazes de conservação.
Artigo revisado por Marcia Rodrigues - Professora de Geografia - Graduada pela Universidade de Guarulhos (2005)
Publicado em 07/04/2025
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Bibliografia e vídeos indicados:
CHIANCA, Rosaly Maria Braga. Geografia da Bahia. São Paulo: Ática, 2000.
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