Materialismo Filosófico
O materialismo filosófico é uma corrente de pensamento que considera a matéria como a substância fundamental e primordial do universo.
Definição
O materialismo, em filosofia, é a visão de que todos os fatos, incluindo aqueles sobre a mente humana, a vontade e o curso da história humana, são causalmente dependentes de processos físicos, ou mesmo redutíveis a eles. É uma forma de monismo filosófico que sustenta que a matéria é a substância fundamental da natureza e que todas as coisas, incluindo os estados mentais e a consciência, são resultados de interações materiais. Portando, os filósofos materialistas negam a existência de entidades ou realidades metafísicas.
Principais características do Materialismo Filosófico:
• Monismo: materialismo pertence à classe da ontologia monista, ou seja, postula que existe apenas um tipo de substância no universo, que é física ou material.
• Processos físicos: o materialismo afirma que todos os fenômenos, incluindo a consciência e a mente, são o resultado de processos físicos, como a neuroquímica do cérebro humano e do sistema nervoso.
• Negação de entidades imateriais: o materialismo nega a existência de entidades imateriais como almas, espíritos ou deuses sobrenaturais.
• Materialismo mecânico: esta é a teoria de que o mundo consiste inteiramente em objetos materiais duros e massivos, que interagem da mesma forma que as pedras: por impacto e possivelmente também por atração gravitacional.
• Materialismo fisicalista: estende o conceito de coisa material para incluir todas as partículas elementares e outras coisas que são postuladas na teoria física fundamental – talvez até campos contínuos e pontos do espaço-tempo.
Exemplos de filósofos materialistas
Pierre Gassendi: um dos primeiros filósofos modernos, o trabalho de Gassendi (padre, astrônomo e filósofo francês do século XVII) abriu caminho para o materialismo filosófico, principalmente por sua abordagem do mundo natural e da mente humana.
Ludwig Feuerbach: conhecido por seu livro “A Essência do Cristianismo”, Feuerbach propôs que Deus é a projeção externa da natureza interna de um ser humano.
Karl Marx: o materialismo histórico de Marx é um aspecto fundamental da sua teoria da história, que postula que todas as formas de organização social surgem da atividade econômica.
John Searle: defensor do naturalismo biológico, o filósofo analítico norte-americano Searle argumentou que a consciência é um nível biológico de atividade cerebral.
Daniel Dennett: Dennett, um cientista cognitivo e filósofo, é conhecido por sua defesa do fisicalismo, argumentando que os fenômenos mentais podem ser totalmente explicados pelos fenômenos físicos.
Georg Lukács: conhecido por seu trabalho "História e Consciência de Classe", no qual ele aplicou os princípios do materialismo histórico à teoria literária e à análise da cultura.
Antonio Gramsci: conhecido por sua teoria da hegemonia cultural, que sugere que a classe dominante mantém seu poder não apenas por meio da coerção, mas também pela construção de consenso cultural. Ele aplicou os princípios do materialismo histórico à análise das superestruturas culturais e ideológicas.
Antonio Gramsci (1891-1937): filósofo, historiador e político marxista italiano, seguiu o caminho do materialismo filosófico em suas análises e reflexões sociais, políticas, econômicas e filosóficas. |
Quais as principais críticas ao materialismo filosófico?
Crítica biológica de William Jaworski: o filósofo Jaworski argumentou que o materialismo é falso porque falha em explicar a organização ou estrutura dos fenômenos biológicos. Ele afirmou que as nossas melhores descrições e explicações empíricas dos fenômenos biológicos apelam à organização ou estrutura biológica, e há boas razões para pensar que estes apelos não podem ser eliminados, reduzidos ou parafraseados em favor de descrições e explicações enquadradas em termos exclusivamente físicos.
Argumento de Thomas Nagel sobre mente e consciência: o filósofo norte-americano Nagel criticou o materialismo por sua incapacidade de explicar completamente a consciência e a experiência subjetiva. Ele argumentou que o materialismo não pode fornecer uma explicação satisfatória da mente, particularmente dos fenômenos mentais como consciência, razão e valor.
Crítica ao reducionismo de Mary Midgley: filósofa britânica, Midgley criticou o materialismo pela sua abordagem reducionista. Ela argumentou que o materialismo não consegue explicar toda a gama da experiência e do comportamento humanos, e simplifica excessivamente fenômenos complexos, reduzindo tudo às suas propriedades materiais.
Crítica de Aristóteles sobre forma e finalidade: Aristóteles (filósofo da Grécia Antiga) criticou os materialistas de seu tempo por ignorarem a forma e a finalidade na natureza. Ele argumentou que uma explicação dos elementos materiais é uma parte necessária da explicação no estudo do mundo natural, mas não é suficiente para a explicação.
Georg Lukacs (1885-1971): filósofo e historiador húngaro, foi importante representante do materialismo filosófico do século XX. |
Publicado em 12/05/2024
Por Jefferson Evandro M. Ramos (graduado em História pela USP)
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Bibliografia Indicada
Fonte de referência do artigo:
- THALHEIMER, August. Introdução ao Materialismo Dialético: Fundamentos da Teoria Marxista. Tradução de Luiz Monteiro. Edição da Livraria Cultura Brasileira, coleção Cultura Política e Economia, impresso na Empresa Gráfica da Revista dos Tribunaes, São Paulo, 1934